Domingo Gaudete
“Os discípulos
continuavam cheios de alegria e do Espírito Santo” (Atos 13.52).
O terceiro domingo do Advento é tradicionalmente
conhecido como domingo gaudete, isto é, domingo da alegria. Recebe este nome
devido à proximidade das festas natalinas, quando a igreja cristã se reúne para
agradecer o fato e não a data, do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas, é
também um convite à alegria, porque a cada ano, a cada estação litúrgica, mais
próxima está a volta gloriosa do Salvador Jesus. O Apóstolo Paulo dá-nos o
fundamento para este convite: “Pois ele
diz: Eu o ouvi no tempo favorável e o socorri no dia da salvação. Digo-lhes que agora é o tempo
favorável, agora é o dia da salvação!” (2 Co 6.2) e “Façam isso, compreendendo o tempo em que vivemos. Chegou a hora de
vocês despertarem do sono, porque agora a nossa salvação está mais próxima do
que quando cremos” (Rm 13.11). A
alegria a que somos convidados é uma alegria espiritual, triunfante, celestial.
É a alegria de Abraão: “Abraão, pai
de vocês, regozijou-se porque veria o meu dia; ele o viu e alegrou-se".
(Jo 8.56). Também é a alegria de João Batista no ventre de Isabel: “Logo que a sua saudação chegou aos meus
ouvidos, o bebê que está em meu ventre agitou-se de alegria” (Lucas 1.44).
Alegria cantada pelos coros angélicos: “De
repente, uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo,
louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens
aos quais ele concede o seu favor" (Lc 2.13,14). Os pastores de Belém
também exultaram: “Os pastores voltaram
glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, como lhes
fora dito” (Lc 2.20). Simeão também deu mostras desta felicidade: “Simeão o tomou nos braços e louvou a Deus,
dizendo: Ó Soberano, como prometeste, agora podes despedir em paz o teu servo.
Pois os meus olhos já viram a tua salvação, que preparaste à vista de
todos os povos: luz para revelação aos gentios e para a glória de Israel, teu
povo" (Lc 2.28-32). No mesmo
texto e contexto, Ana é invadida pela alegria do Senhor “Tendo chegado ali naquele exato momento, deu graças a Deus e falava a
respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém” (Lc
2.38). Esta alegria do coração pelo Salvador Jesus e sua obra redentora será
cantada com exultação também na criação restaurada e no Reino definitivo: “Pois o Reino de Deus não é comida nem
bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17); “Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe
glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se
aprontou” (Ap 19.7). Logo, percebemos que a alegria deve ser uma
marca evidente do cristão desde agora. Uma alegria que não se deixa esmorecer
nem contaminar pelas circunstâncias nem sempre propicias desta vida.
Que não é vencida e nem finalmente destruída mesmo quando a morte nos visita
porque ela é, na verdade, o nosso real poder: “Não se entristeçam, porque a alegria do Senhor os fortalecerá"
(Ne 8.10). O terceiro domingo do Advento é então um dia para juntos, como
igreja, praticar a ordenança de Paulo e inscrever esta ordenança em nossos
corações tendo-a sempre diante dos olhos sejam quais forem as circunstâncias de
nossas vidas: “Alegrem-se sempre no
Senhor. Novamente direi: alegrem-se!” (Fp 4.4). Sem esta verdade espiritual
somos engolidos pela tristeza, tragados pela morte, enredados pela ansiedade,
paralisados pelo medo, abatidos pelas frustrações e no final das contas, o
nosso louvor carecerá de vida e beleza, nossa devocional de contentamento e
sinceridade e nosso testemunho vazio, inconsistente e inútil. O
mesmo Senhor que nos chamou para trilhar o caminho da cruz, da porta estreita e
do caminho apertado, não quer que o sigamos em meio a murmuração, a imprecação
e ao azedume que se alastra como praga: “Cuidem que ninguém se exclua da graça de Deus. Que nenhuma raiz de
amargura brote e cause perturbação, contaminando a muitos” (Hb 12.15).
Israel foi advertido e punido por falta desta alegria: “Uma vez que vocês não serviram com júbilo e alegria ao Senhor, ao seu
Deus, na época da prosperidade, então, em meio à fome e à sede, em nudez e
pobreza extrema, vocês servirão aos inimigos que o Senhor enviará contra vocês.
Ele porá um jugo de ferro sobre o seu pescoço, até que os tenham destruído”
(Dt 28.47,48). Aproveite este tempo e este dia em que somos todos convidados à
entrar na alegria do Senhor. Joguemos fora, no vale das dores de Cristo, as
tristezas que pesam em nossa alma. Revistamos da alegria de Cristo, pois um
santo triste é um triste santo. Alegrai-vos!
Reverendo Luiz Fernando
é Ministro da Igreja Presbiteriana Central de
Itapira
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