Depois da Ressurreição, a Missão!
“Vão e façam
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo” (Mt 28.19 NVI).
Jesus Cristo ressuscitou, e agora? O que vai ser? O
que devemos fazer? Os relatos dos evangelhos nos dizem exatamente como as
coisas estavam mesmo após a ressureição de Cristo. O temor, o assombro, o
desânimo, a dureza de coração e sobremaneira a incredulidade faziam parte do
estado geral do humor dos discípulos. O medo era tamanho que estavam escondidos
com as portas bem trancadas por medo de seus patrícios judeus. Alguns queriam
distância de Jerusalém como parece ser o caso dos discípulos a caminho de
Emaús. Outros, como o de Tomé por
exemplo, o paradeiro era ignorado até mesmo pelos demais apóstolos. Os
evangelhos nos conservaram as memórias e os atos redentivos daqueles dias que
se seguiram à ressurreição. Jesus restaura Pedro, corrige e encoraja Tomé, abre
o entendimento e aquece o coração dos discípulos de Emaús, aparece aos onze e
aos que com eles estavam, dá-lhes o dom do seu espírito e autoridade de perdoar
os pecados pela proclamação do Evangelho da Graça. Mais tarde, encontrando-os
na Galiléia, no monte, censura-lhes mais uma vez a dureza de coração e a
incredulidade. Conforta-os com a certeza de que toda a autoridade lhe foi
concedida pelo Pai na terra e nos céus e que com isso a sua presença seria
permanente entre os seus enquanto estivessem fazendo discípulos de todas as
nações. Subindo aos céus, o Senhor Jesus no tempo devido, derramou sobre os
discípulos o Espírito da promessa e enviou-os cheios de poder, autoridade e
audácia a testemunhar e proclamar as Boas Novas do Reino. Desde aqueles dias, esse
movimento não cessou. Sofreu oposições, deserções, dissenções, traições,
martírios, mas nunca deixou de existir. Sempre que a igreja cristã celebra a
Páscoa da Ressurreição inevitavelmente ela se encontra com aquilo que deve
acontecer depois da festa, isto é, a restauração do espírito da ordem dada
sobre o monte de fazer discípulos, de ir pelo mundo a fora, de cidade em
cidade, país em país, de etnia em etnia, até que não haja povo, nação e língua
sobre a face da terra, nas metrópoles, nas aldeias, nas vilas, à beira dos
rios, nos desertos que não tenham ouvido falar do Evangelho de Jesus Cristo
para o perdão dos pecados. Páscoa sem missão é tão incoerente e inútil
quanto a páscoa dos ovos de chocolate e do coelhinho. O Espírito do
Ressuscitado presente na comunidade cristã. O Espírito derramado em pentecostes
é o Espírito do movimento das missões, Espírito que empurra a Igreja ao
encontro do mundo, que direciona os passos da comunidade de fé para os
contextos de alienação, marginalização, dor e desumanidades em geral. Uma
igreja ensimesmada que utilize o melhor de seus recursos humanos, financeiros,
tecnológicos e que invista a maior parte de sua energia, tempo e
espiritualidade com atividades para o interior de si mesma, é uma comunidade
que celebrou a Páscoa, mas não fez Páscoa. Celebrou a ressurreição de Jesus,
mas ela mesma não experimentou coisa alguma dessa ressurreição. O Cristo
redivivo que vive na sua Igreja é o missionário do Pai que nesse exato momento
está em plena ação missionária no mundo. Ele continua buscando os
perdidos, perdoando os pecados, curando vidas, salvando os que creem. Continua
fazendo isso ordinariamente por meio da sua Igreja e extraordinariamente por
meios que só Ele sabe quais. Todavia, em sua ressurreição e na sua ascensão,
Ele quis contar com a cooperação, o trabalho, o compromisso dos seus discípulos
de todas as eras. Para isso Ele nos ‘empoderou’ com o Espírito Santo. Por isso
Ele nos legou os meios de graça afim de que estivéssemos sempre supridos para
cumprir à ordem dada. Ressurreição de Cristo e Missão da Igreja
são verdades inseparáveis, fazem parte integrante do núcleo credal e da
essência do cristianismo. Um cristianismo sem missão é um cristianismo
que ainda não ressuscitou, ainda está morto, como estavam mortos pelo medo, o
desânimo, a dureza de coração e pela incredulidade aqueles primeiros discípulos
de Jesus. Que todos nós estejamos conscientes que depois da Ressurreição o que
nos cabe fazer é enquanto peregrinamos aqui nossa tarefa é fazer discípulos,
batizar, ensinar a todos a viver a vida do Reino pelo Evangelho de Cristo. Que
o Espírito do Ressuscitado nos encoraje e envie em Missão.
Reverendo Luiz Fernando
é Ministro da Igreja
Presbiteriana Central de Itapira
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