Sensação de segurança
“Levanto os meus
olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro?... O Senhor é o seu
protetor; como sombra que o protege, ele está à sua direita... O Senhor o protegerá
de todo o mal, protegerá a sua vida. O Senhor protegerá a sua saída e a sua
chegada, desde agora e para sempre” (Salmos 121.1,3, 7,8).
A nossa sociedade anda violenta como nunca. Mesmo as
pequenas localidades, aquelas que antes habitavam o desejo de muitos quando
tentados a fugir dos grandes centros, já não respiram sossego e nem transmitem
um sentimento de paz e tranquilidade. Estamos todos assustados, sobressaltados,
olhando sobre os ombros, atentos a qualquer movimentação diferente perto de nossas
casas ou de nosso carro quando em deslocamento por vias menos movimentadas. Os
habitantes dos estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro viveram dias de
profunda impotência e grande abatimento com a sensação de insegurança à sua
volta, sentiram-se abandonados e desprotegidos devido ao movimento de
paralisação dos trabalhos das Polícias Militares daquela região. A
sensação de segurança é tão importante quanto a certeza da segurança em si.
Deus quer que seus filhos tenham não só a certeza de que somos guardados por
Ele e que nossas vidas estão em suas mãos, mas quer que nós tenhamos na alma e
no coração a sensação de que nunca estamos abandonados. Esta é a
experiência que Davi, autor do Salmo 121, quis transmitir a nós por inspiração
divina. O contexto do Salmo 121 é o da perda emocional e afetiva de Davi quando
soube da morte de seu mentor e protetor Samuel, juiz, profeta e sacerdote em
Israel. Ao receber a notícia, certamente Davi sentiu profundo abatimento em sua
alma e foi levado a sentir-se abandonado, desorientado e como que engolido pela
dureza da realidade da morte. Todavia, o Espírito Santo, como consolador que é,
não permitiu que o Rei-poeta de Israel ficasse refém da tristeza e sentindo-se
desamparado. O Espírito Santo coloca no coração e nos lábios de Davi um poema que é
um verdadeiro convite à restauração e a confiança em Deus que provoca bem-estar
emocional e a sensação de segurança. Davi é instado a levantar o seu
moral levantando os segurança. Davi é instado a levantar o seu moral levantando os
olhos para as alturas onde Deus está. Davi recebe a ordenança de não fixar em
demasia os olhos nas circunstâncias e nos fatos e a não querer buscar respostas
no mesmo plano dos acontecimentos. Davi é orientado a olhar para além e para
cima da realidade, fixando os seus olhos no Senhor donde provém o auxílio, o
socorro, a ajuda para qualquer situação existencial. Tirar os olhos de nossos
medos e anseios e coloca-los em Deus é o primeiro passo para devolver a
serenidade aos nossos corações, como fez Davi. O Salmo 121 não nos garante a
isenção de dificuldades. Davi tinha um caminho a percorrer, uma peregrinação
para completar. Mais tarde, os judeus usaram esse Salmo na preparação e durante
o transcurso de suas viagens a Jerusalém. Tanto Davi como os milhares de
peregrinos depois dele, para chegar em Jerusalém sabiam dos perigos que os
rondavam dia e noite. Esses perigos eram reais, assaltantes, pestes, animais
selvagens, acidentes. Deus não lhes dava uma rota segura, mas uma companhia
fortalecedora, encorajadora e os amparava nas dificuldades para vencer seus
próprios medos e também livramentos. Mas, nunca lhes oferecera uma viagem
tranquila e sim uma chegada segura. Assim também nós, os leitores do salmo 121
milhares de anos depois, somos convidados a descansar na promessa do Senhor em
fazer-se uma companhia diuturna ao nosso lado, como uma sombra a nos guardar,
proteger, animar, encorajar e consolar durante a peregrinação de cada dia. Como
cristãos estamos numa peregrinação. Entre a maternidade e o cemitério, o berço
e o túmulo, enquanto estamos aqui, não estamos em casa, estamos numa
peregrinação para o nosso lar definitivo, na Jerusalém celeste. Para
lá, para o alto, onde Cristo nos espera, elevamos os nossos olhos pedindo socorro,
auxílio, ajuda, proteção e orientação enquanto caminhamos. Durante o percurso,
assim como Davi, recebemos algumas notícias tristes. Como os peregrinos, somos
acometidos por qualquer coisa capaz de roubar nossa paz e destruir a nossa
alegria e mesmo assim, não somos tomados de desespero, não somos consumidos
pela tristeza e nem nos afundamos em autocomiseração. E por que? Porque o
Senhor caminha conosco e guarda a nossa entrada e a nossa saída, não dorme, não
cochila aquele que nos vigia, temos a todo o tempo a sensação de que estamos
seguros e podemos com confiança tocar a nossa vida. Cristo, em seu calvário, na cruz,
suportou o supremo abandono e desamparo do Pai em nosso favor e em nosso lugar
para que nós, em nossa peregrinação, jamais sentíssemos o peso de tão horrível
sensação. Entregue o seu caminho a Deus e ainda que as forças deste
mundo te abandonem, a sensação e a certeza do amor de Deus jamais te deixarão.
Reverendo Luiz Fernando Dos Santos
Ministro do Evangelho na Igreja Presbiteriana Central de Itapira.
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