Provando os espíritos
“Amados,
não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque
já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo” (1 João 4.1).
Vivemos
numa cultura que gosta de fazer muitas experiências e que tem um desejo
desenfreado por novidades. Há até uma música em que se faz menção sobre a “melhor banda de todos os tempos da última
semana”. Nossa cultura é instável, está em constante transformação, parece
que nada foi feito para durar e toda novidade é efêmera e nunca satisfaz. Isso
em qualquer área da vida, a espiritual inclusive. Alguns líderes defendem que
‘todos os dias’ uma nova atração deve ser apresentada para a experiência dos
crentes. Não por nada a cada semana muitos pastores inventam uma campanha nova,
mais promissora e muito mais poderosa que a anterior. Algumas comunidades,
inclusive, têm até um departamento de criação e marketing, pensado exatamente
em como atrair novos ‘clientes’ e fidelizar os antigos. Desde o “fogo
estranho” de Nadabe e Abiú em Nm 26. 61, até os falsos mestres e profetas
de 1 Tm 4.2; 1Jo 4.1 e Mt 7.15, para ficar apenas nesses exemplos, os
cristãos são tentados a abandonar o ensino Bíblico genuíno e a viver das
sugestões inventivas de homens cujos corações permanecem incircuncisos e
possuem a mente cauterizada, enganando a muitos e eles mesmos sendo enganados.
Mas, as Escrituras não querem que sejamos ingênuos ou andemos temerosos em
nossas experiências e em nosso crescimento em Cristo. Não. A Bíblia ensina que
os cristãos devem crescer em conhecimento e graça (2. Pe. 3.18), mas devemos
fazer isso com critério e prudência: “Julgai
todas as coisas, retende o que é bom” (1Ts 5.21). E quais são os critérios
que devemos levar em conta para o nosso julgamento e como iniciar o processo? A
caridade e a prudência cristãs nos fazem entender que um julgamento precipitado
e destituído de amor não é próprio daquele que. conhece
a Cristo. Devemos começar nosso julgamento destas realidades espirituais
“novidadeiras” nos mantendo neutros até que tudo passe pelo crivo das
Escrituras e se prove com fundamentos bíblicos a sua validade ou não. Até lá, é
bom ficarmos com aquilo que já possuímos (2Tm 3.14; Rm 14.22; Fp 3.16).
Depois disso, os critérios que devemos levar em conta, quando nos são sugeridas
práticas, formas de adoração, culto e “campanhas” que tencionam levar-nos a
novos níveis de experiência religiosa, são: 1. Uma prova vital é
saber como esta nova experiência vai afetar
a minha relação com Deus. Se os nossos sentimentos não são alçados para
além de nós mesmos e se os nossos corações não são elevados às alturas para nos
deslumbrar com a majestade, a glória, a santidade e a beleza de Deus e se não
nos faz desejar a contemplação e não nos leva á submissão. Não importa o que
venhamos a sentir, é pura idolatria. 2. Outro teste imprescindível é como
esta nova experiência ou campanha afeta
a minha relação com Cristo. Se Cristo não gozar de plena primazia, se Ele
não capturar completamente a nossa afeição, se Ele não se tornar o centro
absoluto de nossa rendição, homenagem, glória, honra. Se Ele não é declarado
por nossas palavras e por nossas ações que é o Senhor absoluto e Aquele que
possui direitos igualmente absolutos sobre tudo o que tenho e sou, esta nova
experiência é fraudulenta, é uma forma de apostasia. É apostasia! 3.
Outro teste revelador quando à solidez da experiência religiosa é como ela afeta a minha atitude em relação às
Sagradas Escrituras. Qualquer outra pretensa forma de se conhecer a vontade
de Deus, seu caráter, suas leis e mandamentos, a administração de nossa vida e
etc. que dispensem, relativizem ou rivalizem com a Bíblia é perigoso,
manipulador e falso. Qualquer experiência para ser válida deve provocar em nós
altíssimo apreço pela Palavra de Deus revelada e registrada nas Escrituras.
Deve levar-nos a um diligente e proveitoso estudo das doutrinas, das narrativas
bíblicas, bem como a sua aplicação ao nosso cotidiano. Experiência religiosa
sem apego à Bíblia e sem crescimento em seu conhecimento é superstição e
alienação. 4. Os dois últimos testes são igualmente vitais. Toda
experiência espiritual deve levar-nos a
uma profunda consciência de que somos pecadores, ao ódio ao pecado, á luta
contra os que ainda teimamos em cometer e um desejo intenso pela santidade.
Junto a isso, toda experiência saudável deve levar-nos a um santo e casto amor por todos os cristãos de
qualquer denominação séria e comprometida com a Bíblia, ainda que nem
sempre cheguemos a crer nas mesmas ênfases. Assim, se novas experiências devem
ser desejadas para nosso crescimento em Cristo, nem toda experiência provém do
Espírito Santo e se Ele não é a origem é certo que não poderá fazer-nos bem.
Reverendo Luiz Fernando
Ministro Presbiteriano em Itapira
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