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domingo, 24 de janeiro de 2016

MENSAGEM PASTORAL

A Loucura do Evangelho
“Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema” (Gl 1.9)

Muito do que se tem pregado e ouvido por aí como Evangelho nada tem de evangelho e nem mesmo chega a ser uma heresia. Explico-me, em sua grande maioria os hereges da igreja antiga eram homens eruditos, piedosos, pastores sinceros e zelosos, dentre esses podemos citar Ario, Êutiques, Nestório e Orígenes. Seus erros vinham mais de um zelo cego pela verdade, uma incapacidade de compreender sem defecções as verdades da fé e no fundo julgavam serem devedores e guardiães da tradição que os precedera. Já o que é ensinado hoje em dia seria estranho e na certa provocaria a ira até mesmo dos hereges da igreja antiga. A mensagem contemporânea é mais a fabricação de mentes engenhosas, desconectados por completo das Escrituras e da Tradição da Igreja. É na verdade uma completa conformação à mentalidade do mundo e uma completa capitulação ao espírito de época. Não sem reverência, não consigo ver muita diferença substancial entre o ‘Rap de ostentação’ e o evangelho da prosperidade. Há claras diferenças de ênfase, não, porém, de substância, uma vez que o que é buscado, desejado, venerado é o dinheiro, o luxo, a riqueza, o conforto e os bens deste mundo. A genuína mensagem do Evangelho é uma loucura, um contra senso para a mentalidade do mundo. Em primeiro lugar porque o desejo de ficar rico não é uma bênção para o ensino do Novo Testamento, mas um perigo para a alma: “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína” (1 Tm 6.9). Em segundo lugar, acúmulo de riquezas e felicidade não são as mesmas coisas: “E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza; porque a vida dequalquer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). Em terceiro, o Novo Testamento exalta a benemerência em detrimento de um espírito que folga em receber: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” (At 20.35). Em quarto lugar, o evangelho tem uma palavra clara sobre a autoestima exacerbada: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30). No quinto lugar há também um ensino sobre a sensualidade, as paixões e os desejos da carne: “Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2.22) e ainda: “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria” (Cl 3.5) e: “Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus” (1 Pe 4.2). O verdadeiro Evangelho é um duro golpe desferido contra o orgulho e a vaidade do homem. Não é uma mensagem de autoajuda e para fazer o homem sentir-se bem e em paz com a sua consciência. Não absolutamente. A mensagem do genuíno Evangelho é uma revolução, uma transformação no padrão de comportamento, nos sentimentos e na escala de valores de uma pessoa. Alguém que recebeu tal mensagem nunca determinará a Deus coisa alguma, mas há de determinar-se à glória dele e para ela viver e morrer. Mas, a quem cabe a responsabilidade da preservação, pregação, ensino e aplicação do Evangelho, do puro Evangelho na Igreja? Sem sombras de dúvidas do Conselho. A este cabe a intransferível responsabilidade de fazer todas as coisas ao seu alcance para que o padrão das sãs palavras e o bom depósito da fé sejam mantidos e transmitidos intactos. Para isso, devem ser muito criteriosos na escolha de ministros (pastores) e na nomeação de professores de escola dominical e demais líderes empenhados em ensinar. Depois, é uma tarefa de responsabilidade pessoal vital do pastor mestre da Igreja. Este deve dedicar-se como Paulo ensina: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4.16) e: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade” (Tt 2.7). E por último, mas não com menor responsabilidade, a membresia da Igreja deve desejar a sã doutrina. Deve vigiar para que modismos e ensinos alienígenas não se introduzam na comunidade e ela mesma não deixar-se impressionar por aquilo que faz sucesso. Sucesso não é critério para o Evangelho, mas sim os frutos. Onde há a pregação do genuíno Evangelho ali há abundância de frutos que exaltam a Deus e não de histórias que promovam líderes ou instituições.

Reverendo Luiz Fernando é Ministro 
da Igreja Presbiteriana em Itapira

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