Ao que está sentado no Trono
“E clamavam com grande
voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao
Cordeiro” (Ap 7.10).
O culto divino, para nós, cristãos evangélicos, é a
fonte e o ápice da vida cristã. Na verdade, o culto que prestamos a Deus é
exatamente o ponto desde o qual nós entendemos a vida e a história.
Todas as coisas são compreendidas por nós dentro do esquema
Criação-Queda-Providência-Redenção. Isto quer dizer que nós cultuamos um Deus
soberano que tem o absoluto controle sobre todas as coisas e todas as causas.
Que da Criação por Ele realizada, à Queda, isto é, a entrada do pecado e da
morte no mundo, por Ele permitida em seus decretos secretos, aos meios pelos
quais ela administra a sua Graça, geral e especial, para o sustento do universo
inteiro, até chegar à Redenção dos eleitos e a criação dos novos céus e nova
terra, tudo está sob o invencível e indefectível governo de Deus. Esta compreensão da história sendo governada
por Deus e da recapitulação de todas as coisas em Cristo não nos isenta de
nossa responsabilidade moral e nem de nossa ativa participação na história.
Antes, pelo contrário, porque participamos da vida em Deus pelo batismo,
participamos também de sua atividade no mundo refletindo o seu caráter santo,
justo e amoroso. Logo, a reta celebração dos louvores de Deus e de seus grandes
feitos nos compromete a viver como quem o tem assentado no trono presidindo e
governando todas as coisas e sob quem estamos a serviço. Cultuá-lo significa proclamar o
seu Reinado no mundo e a reivindicação que Ele faz de todas as coisas para o
seu Reino de justiça, paz, vida e amor. Assim, onde houver violência,
corrupção, injustiça, fome, guerra, morte eaviltamento
da dignidade da pessoa humana em sua imagem como semelhança com Deus, ali mesmo
os súditos do que está sentado no Trono, são enviados em nome do seu Rei, para
combater e transformar estas realidades a partir da visão que recebem das
coisas vistas quando os céus estão abertos no culto solene. Evidentemente que
não estou falando de uma experiência mística, pelo menos não naquele sentido
fantasioso do termo. Os céus são abertos para nós quando as Escrituras são
expostas diante de nós. Temos a visão do Trono e d’Aquele que nele se assenta
quando a Palavra de Deus, única regra de fé e vida, quando a Bíblia, a única
norma não normalizada por outra, é pregada ao nosso entendimento e ao nosso
coração: “para que experimenteis qual
seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2), pois assim
sabemos que: “Lei é santa, e o Mandamento
santo, justo e bom” (Rm 7.12). É exatamente aqui que nos submetemos ao
Reinado de Deus em Cristo. É exatamente assim que conhecemos qual a sua vontade
sobre a criação e o destino último do homem. É assim que descobrimos que
enquanto a história caminha para o seu cumprimento final na consumação e
radical transformação de todas as coisas, desde já somos convocados á iluminar
esses dias, o nosso mundo, a nossa cultura, a nossa sociedade pelo esplendor da
verdade que emana de Cristo, de seu Evangelho, de sua lei Moral, de seus
benefícios alcançados pela vitória da Cruz. Não fosse o culto, o cristianismo não seria
mais que mais uma filosofia ou moralidade dentre tantas outras. Não
fosse o culto, a visão que Ele nos proporciona do que está no Trono, nossa
compreensão da realidade seria de um existencialismo romântico, porém vazio e
sem sentido como tudo o mais que não tem Deus. Não fosse a contemplação das
últimas coisas antecipadas na liturgia de cada culto, a vitória de Cristo e de
seu povo, nossos esforços nesta vida e toda a nossa história seria como a sorte
de Sízifo, personagem da mitologia grega que é condenado a uma tarefa
de grande esforço, mas absolutamente sem sentido no final das contas. Aprenda a dar sentido e coerência para a sua
vida e história, aceite este gracioso convite: “Vinde, cantemos ao Senhor com júbilo...” (Sl 95.1), porque “Reina o Senhor. Regozije-se a terra...”
(Sl 97.1).
Rev. Luiz Fernando Dos
Santos
Ministro da Igreja
Presbiteriana do Brasil em Itapira
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