Cristo Sim, Igreja
não!?
“Ao
chegar a Cesaréia, subiu até a igreja para saudá-la, e depois desceu para
Antioquia” (Atos 18.22).
Há um movimento crescente no mundo daqueles que se
auto intitulam ‘desigrejados’. Os ‘desigrejados’ mormente são pessoas que
tiveram alguma experiência negativa com e na igreja. Geralmente são pessoas que
iniciaram a vida cristã com muito entusiasmo, cheias de boas intenções e de
boas ideias, mas que por alguns motivos receberam sobre si um balde de água
fria que parece ter apagado o fervor primitivo. Entre os ‘desigrejados’ também
encontramos pessoas que sofreram algum prejuízo moral, emocional ou financeiro
em sua relação com a liderança da comunidade. Liderança, aliás, nem sempre
preparada para o ofício que assumiu. Estas pessoas merecem o nosso respeito, a
nossa atenção, as nossas orações e quem sabe uma investida ou outra para
convencer-lhes de que a igreja é um lugar para os pecadores sim. Alguns destes
pecadores nasceram de novo, foram de fato regenerados e agora vivem o seu
processo de santificação lutando contra o mundo, a carne e o diabo sob a
orientação do Espírito Santo e sob os influxos da Graça de Deus. Estes santos,
infelizmente, ainda pecam. Pecam por pensamentos, palavras, opções erradas,
ações concretas, mas já não sentem prazer em pecar. Sentem vergonha, pedem
perdão, se arrependem, emendam a vida e procuram em amor e por amor aos irmãos
e a Deus reparar o mal feito. Mas, dentro da igreja também encontramos homens e
mulheres não nascidos de novo, não convertidos, mas que aderiram ao cristianismo
nos seus aspectos morais, éticos, celebrativos e etc. Gostam dos aspectos
formais e exteriores da religião, mas continuam com a vida velha. Tem prazer no pecado, não se envergonham, não
sentem dor ou constrangimento por ter ofendido o próximo, são aqueles que nunca
levam o desaforo pra casa. Esta tensão entre os dois grupos é encontrada emqualquer igreja em qualquer lugar
do mundo. E embora pelos frutos e por suas evidências alguns verdadeiros
cristãos e outros não salvos sejam mais reconhecíveis, de maneira geral nunca
sabemos com certeza quem é quem. Não cabe a nós fazermos esta categorização
final, mas a Deus. A ordenança bíblica é que vivamos em paz com todos e a todos
façamos o bem nunca pagando o mal com mal. E, no caso de pecados públicos, no
caso de ofensas abertas a um irmão ou à igreja como corpo, o exercício da
disciplina também é uma demonstração de amor irrecusável ao faltoso, uma vez
que é o seu bem que buscamos logo após a glória de Deus. Contudo, entre os
‘desigrejados’, só encontramos vítimas? Absolutamente não. Há muitos dentre
estes que são arrogantes, presunçosos e desapiedados. A todos julgam a partir
de textos bíblicos descontextualizados, com interpretações convenientes e
desonestas. Geralmente são pessoas que se sentem superiores e melhores que as
demais. Superiores de mais para se associarem aos pecadores redimidos ou aos
simplesmente religiosos. Geralmente são pastores de si mesmos, a ninguém querem
prestar contas e se separam dos outros santos por os julgarem cristãos carnais
que se reúnem em igrejas carnais. Dizem-se fiéis á tudo o que está na Bíblia,
menos ao fato de que não há nas Escrituras fundamento para crentes carnais ou
igrejas carnais. Os crentes carnais de Corinto são chamados de santos por
Paulo. São carnais em sua maneira de compreender a totalidade do Evangelho, mas
são salvos em Cristo de maneira definitiva tanto quanto os que Paulo chama de
espirituais, ou seja, aqueles que possuíam uma compreensão mais iluminada da
fé. Detalhe, os “carnais” e “espirituais” da Igreja de Corinto se reuniam no
mesmo lugar, sob a mesma liderança, adoravam, cantavam juntos e foi justamente
a falta de um julgamento criterioso à luz das Escrituras que os levara à apatia
frente a um caso público de pecado. A falta deste julgamento à luz da Palavra
de Deus é que estava causando desconforto nos crentes e não porque havia
julgamento. Muitos ‘desigrejados’ estão fugindo da disciplina. Desejam ler as Escrituras,
querem ensiná-las, gostam de demonstrar as suas conclusões teológicas pessoais
e questionam a Igreja visível (e não que ela não
possa ou não deva ser questionada quando
errada ou impura), mas nunca questionam a própria vida, nunca examinam o próprio
coração e não se emendam à luz da Palavra que dizem obedecer. A propósito fariam bem se obedecessem a esta porção das
Escrituras: “Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de
alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se
aproxima o Dia” (Hb 10.25).
Rev. Luiz
Fernando Dos Santos
É Ministro da
Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira
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