As Marcas da Igreja de Cristo
“...ensinando-os a obedecer a tudo
o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos"
Mt 28.20.
Reconhecer onde está a verdadeira Igreja de Cristo é
uma tarefa necessária e um esforço inescapável que se impõe a cada geração de
novos discípulos. Os falsos mestres e os falsos pastores desde sempre rondam o
rebanho de Cristo. O próprio apóstolo Paulo não escondeu isso dos de sua
geração: “Sei que, depois da minha
partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho”
At 20.29. E, porque falsos mestres ensinam falsas doutrinas e falsos convertidos
são gerados e ascendem ao ministério como falsos pastores, o círculo vicioso só
aumenta. Assim, as feições da Igreja vão se deformando ao longo dos
tempos e a sua identificação fica cada vez mais comprometida. Contudo, muitas
tentativas foram surgindo com o decorrer dos séculos para identificar a
manifestação da verdadeira comunidade dos fiéis misturada ao joio. Num primeiro
momento havia a identificação com a herança apostólica. As Igrejas
reivindicavam para si uma filiação apostólica ou pós- apostólica. É o caso das
antiquíssimas igrejas do oriente e da Igreja de Roma. Estas se reconheciam como
fruto do labor apostólico de Pedro, Paulo, João, Barnabé e etc. Mais tarde com
o crescimento e o surgimento de comunidades grandes e fortes que se originaram
de testemunhos anônimos, esta marca verificou-se insuficiente. Na era
patrística Cipriano de Cartago em meio às muitas dificuldades com os hereges
donatistas e montanistas, cunhou a seguinte expressão para identificar a autêntica
igreja: ‘Onde está o bispo, aí está a Igreja’. Durante certo tempo o problema
pareceu resolvido. Mas, a igreja continuou se expandindo e com ele os seus
desafios. Em meio à diversidade cultural, disciplinar, litúrgica e pastoral, um
denominador comum foi buscado: A unidade em torno de uma Sé
Apostólica, de uma instância autoritativa que satisfizesse inclusive os
requisitos anteriores. Criou-se a doutrina do primado de Pedro, o ministério
petrino e o ministério da
unidade do bispo de Roma, mais tarde chamado de Papa. É certo e seguro que muitas
heresias e muitas delicadas questões doutrinárias, disciplinares, pastorais e
de governança foram dirimidas e encaminhadas com sucesso por uma grande
sucessão de homens que ocuparam a cátedra da Igreja de Roma e com alcance
universal. Contudo, a falibilidade e os erros grassos cometidos por tais
homens, bem como a corrupção inerente a toda instituição humana, por mais bem
organizada que seja, comprometeu também este parâmetro estabelecido para se
reconhecer uma Igreja autêntica, uma legítima comunidade de discípulos de
Cristo. Foi na Idade média, depois de 1.600 anos de desenvolvimento da
história da Igreja que com o advento da Reforma chegou-se à convicção das
marcas mínimas e irrenunciáveis pelas quais uma Igreja pode ser tida, sem
sombra de dúvidas, como uma igreja mais ‘pura’, como no entendimento Reformado
ou ‘verdadeira’ como no entendimento Protestante mais geral. E, estas marcas
não se desgastam com o tempo e o suceder das gerações uma vez que elas são
inerentes à natureza mesma da Igreja. Contudo, elas correm sempre o perigo de
perder a primazia em face da própria miséria e pecaminosidade dos filhos da
Igreja. Daí a importância do lema distintivo da Reforma: ‘Igreja Reformada,
sempre carecendo de Reforma. ’ E quais são estas marcas que distinguem a
verdadeira Igreja? 1. A Reta exposição das Escrituras. Isto é, a pregação pura da
Palavra de Deus sem a mediação da Tradição ou de um Magistério Eclesiástico. A
pregação e o ensino das Escrituras pelas Escrituras, comparando-o com as
Escrituras na dependência do Espírito Santo. É dar à pregação e o ensino das
Escrituras o lugar de destaque, de primazia e fazer dela a instância última em
matéria de fé, moral e doutrina. Lógico, nós protestantes não ignoramos e não
desprezamos as contribuições teológicas, exegéticas, litúrgicas e etc. dos pais
da Igreja e dos grandes doutores. Apenas não as consideramos com igual
importância às Escrituras e sempre subordinamos e passamos pelo crivo da Bíblia
o que eles ensinaram. 2. A Correta celebração dos
sacramentos claramente ordenados pelo Senhor Jesus: O batismo para a remissão
dos pecados e a Ceia do Senhor como memorial e proclamação de sua paixão,
morte, ressurreição enquanto aguardamos a sua volta gloriosa. 3.
A última marca é a celebração ou ministração da disciplina, isto é, a amorosa
vigilância e a compadecida correção fraterna para que o pecado não ocupe lugar
em nossas vidas e assim destruam a comunhão, o amor e o zeloso serviço que
devemos prestar ao mundo. Ore e zele para que em nossa Igreja estas marcas
sejam cada vez mais visíveis. Oremos para que todas as Igrejas evangélicas se
comprometam com estas marcas. No zelo santo
do Senhor,
Rev. Luiz Fernando – Pastor da IPCI
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