As Evidências do Novo Nascimento (II)
“Fiel é esta palavra, e quero que você afirme categoricamente essas coisas, para que os que creem em Deus se empenhem na prática de boas obras. Tais coisas são excelentes e úteis aos homens” (Tito 3.8).
O ensino Reformado sobre a Graça de Deus e o
Ministério do Espírito Santo, fala de uma Graça Geral que alcança todos os
homens indistintamente, e fala ainda de uma ‘Semente da Verdade’ presente na criação inteira, não obstante a
Queda e a ação de Satanás.
Isto equivale dizer que a própria Graça de Deus derramada de maneira
geral sobre todos os homens, bem como a ação livre e graciosa do Espírito
Santo, atuam para restringir todo o mal que os homens são capazes de fazer.
Mesmo o mais vil pecador, ainda que cometa crimes gravíssimos e horrendos,
ainda sim, não é capaz de fazer todo o mal que potencialmente habita em sua
natureza. Positivamente falando, mesmo que um homem negue a existência de Deus,
não seja religioso, não conheça o Evangelho e etc. ainda sim, é capaz de gestos
bons, nobres, altruístas, solidários. Porém, o mais incoerente e
contraditório desta história, é encontrar cristãos, ou os que se dizem
cristãos, que passam as suas existências ensimesmados, voltados para os
próprios caprichos e para a satisfação dos próprios apetites. Indiferentes à
dor e ao sofrimento presente no mundo, e assim, negando-lhe o bem só fazem
aumentar o sofrimento da humanidade. Há ainda os que se dizem cristãos, mas não
cultivam o fruto do domínio próprio, que é a moderação em todas as coisas. São
aburguesados, consumistas desenfreados, vaidosos, desperdiçam recursos com veleidades
e se fecham para o semelhante. Em tudo são cobiçosos e vivem em cupidez.
Entretanto, há evidências inequívocas do novo nascimento, quando um homem é
alcançado pela Graça Especial de Deus que o regenera transformando a sua
natureza, justificando-o e santificando-o em Cristo, pela ação poderosa e
irresistível do Espírito Santo. Estas evidências são conhecidas como ‘Boas
Obras’. Elas foram preparadas especialmente para os cristãos: “Porque
somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as
quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Ef 2.10). Um
cristão que não ande nestas boas obras estará mentindo a Deus pela profissão de
sua fé e enganando os homens pela impostura de sua vida e servindo de
instrumento ao ministério da iniquidade neste mundo. Onde devemos
praticar estas boas obras e quais são elas? O mundo é o lugar da Igreja e do
cristão enquanto durarem esses dias. A vocação da Igreja e de cada crente é celestial,
escatológica, um dia estaremos para sempre com o Senhor em seu Reino onde a
justiça e a paz se abraçam. Esta ‘esperança-certeza’ de nossa fé não nos
dá o direito à alienação, ao indiferentismo e a uma espiritualidade de
escapismo. Absolutamente. Fomos retirados do mundo pela Graça excelsa
de Deus, purificados de nossa maldade e devolvidos ao mundo como ministros do
amor, da misericórdia e da justiça deste mesmo Deus. Portanto, até que cheguem
os novos céus e a nova terra, temos uma missão no mundo, junto aos outros
homens. Uma missão irrenunciável e intransferível como sal da terra e luz do
mundo no meio da sociedade. Portanto, nossas boas obras podem ser traduzidas
por solidariedade, filantropia, caridade e assistência social, esforço pela
paz. Influenciar politicamente reivindicando ou participando ativamente para
que todos tenham acesso à saúde e ao ensino de qualidade e etc. Participar
ativamente do desenvolvimento da sociedade e da humanidade como um todo faz
parte do rol de nossas boas obras. Evidentemente que tudo começa com a
proclamação do Evangelho e termina na Glória de Deus. Entre uma coisa e outra,
e por causa de uma coisa e outra, temos de nos engajar segundo os dons e
talentos que recebemos de Deus para abençoar os homens e mulheres com quem
dividimos esta existência. Visitar os enfermos e encarcerados. Confortar os que
padecem e choram. Alimentar os famintos e providenciar abrigo e dignidade aos
moradores de rua. Resgatar das drogas os dependentes e devolvê-los à sociedade.
Erradicar o analfabetismo e facultar acesso ao mundo da tecnologia digital. São
todas obras dignas do cristão. São todas obras que evidenciam o Novo Nascimento,
pois atestam que compreendemos o que significa o Evangelho em sua plenitude.
Pois: "O sal é bom, mas se ele
perder o sabor, como restaurá-lo?” (Lc 14.34) e "Vocês são o sal da terra. Mas se o sal perder o seu sabor, como
restaurá-lo? Não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos
homens” (Mateus 5.13).
Rev. Luiz
Fernando - Pastor da IPCI
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