Pau que nasce torto, Jesus endireita!
“Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas
já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Co 5.17).
Existem muitas teorias filosóficas, psicológicas,
pedagógicas, médicas e psiquiátricas, que tentam apresentar uma explicação
plausível para a degenerescência do caráter humano, inclusive desde a mais
tenra infância. Otimistas como Russeaul, puristas como o antropólogo Strauss,
pessimistas como Sartre, escolas como de Freud, por exemplo, falham ao tentar
de um lado isentar o homem fazendo dele uma vítima simplista de fatores
exteriores e descontrolados ou entregando-o a um determinismo fatalista sem
esperança e sem solução. Não à toa a cultura popular criou o ditado: ‘pau que
nasce torto, morre torto’. Somente as Escrituras oferecem uma explicação cabal
e consistente a respeito do caráter imperfeito e inclinado para o mal do homem,
bem como oferecem uma esperança real e uma cura definitiva. A Bíblia nos ensina
que o caráter do homem foi deteriorado e todas as suas faculdades foram
manchadas pelo pecado, e assim, não há coisa alguma que se forme no homem e que
ele venha a fazer, por mais louvável que seja, que não seja maculado pelo mal.
Esta doutrina nós a conhecemos como Depravação Total. Isto não quer dizer,
evidentemente, que o homem é o mal absoluto e que tudo nele é mal em sim mesmo.
Não. O que essa doutrina assevera é que o homem ficou incapacitado de fazer
sempre o bem e de evitar fazer o mal. A nossa experiência pessoal confirma
exatamente isso. Nem sempre nos entusiasmamos, temos vontade, energia e coragem
para fazer o que é reto, justo, bom e verdadeiro. E muitíssimas vezes, sequer
conseguimos esboçar qualquer reação frente ao mal que fazemos.
Não oferecemos resistências, damos vazão à satisfação dos nossos desejos caídos
e à nossa vontade inclinada à rebeldia. E, isso não tem a ver em essência com o
meio, a educação, a exposição à violência e etc. Claro, que essas coisas,
também porque trazem em si resíduos da corrupção, podem muito bem potencializar
e mesmo trazer à tona o que está estruturado em nossos corações. Mas o fato é,
que nascemos com uma natureza disposta ao pecado. Somos por natureza pecadores.
Não somos pecadores porque pecamos. Pecamos porque somos pecadores. Não podemos
evitar. Na verdade, até que Cristo nos salve, nem queremos evitar. Para que não
fiquemos confusos, a doutrina da Depravação Total abre espaço para outra
verdade inferidas das Escrituras. A Graça Comum ou Geral de Deus que age no
mundo, subjugando mentes e corações, de modo que nunca um homem e nem a reunião
de todos eles pode fazer todo o mal possível, o porque se fosse, nem mesmo
poderíamos existir como raça. Há muito nos teríamos destruído. Conquanto essa
Graça Comum esteja em atuação nesse exato momento, ela não tem o fito de acabar
com o mal e sim restringi-lo. A Graça que extirpa o mal em definitivo e
continua atuante sobre os resíduos persistentes em nossa carne, em nosso
coração e em seus efeitos em nossa mente, é a Graça Especial, aquela que é dada
quando o Evangelho é ouvido e aplicado ás almas pelo Espírito Santo. Quando
isso acontece, uma nova natureza nos é dada e um coração novo nos é implantado
no peito. A partir desse momento, de maneira irreversível e sempre mais
crescente, a despeito dos meios, circunstâncias, educação e etc., nosso coração
já passa a evitar e aborrecer-se do mal. Agora, há em nós uma vida que não
suporta o mal em si e o mal no mundo. Esse novo coração e essa nova mentalidade
não podem mais achar conforto no pecado, deleite e satisfação no mal,
indiferença com a injustiça e deseja do fundo da alma não participar de nenhuma
sorte de mal perpetrado contra si mesmo, o próximo e fundamentalmente contra
Deus. Não importa a gravidade do pecado e do estado podre da vida até então.
Não importa por quais caminhos tortuosos andou até então. Por mais funda que
seja a fossa em se encontrasse até o dia de sua conversão, nada mais conta.
Claro, a culpa e a punição pelo pecado já não mais existem. Todavia, os efeitos
históricos dele continuam e alguns, como os físicos por exemplo, podem nunca
mesmo desaparecer. Mas, uma consciência limpa e livre, um senso de liberdade e
dignidade e a certeza de uma vida nova, marcada por novos e salutares
relacionamentos e um esperança que não decepciona, agora fará parte do seu ser
e do seu agir. Para quem está em Cristo, pau que nasce torto, Ele endireita.
Reverendo
Luiz Fernando
É Ministro da Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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