Epifania do Senhor
“Anunciem a sua glória entre as nações, seus feitos
maravilhosos entre todos os povos!” (Sl 96.3)
Uma das celebrações cristãs mais antigas do calendário
cristão é a solenidade da Epifania do Senhor. Esta festa ocorre no dia 6 de
janeiro, todavia no Brasil, para melhor proveito e maior participação dos
cristãos, a data foi transferida para o primeiro domingo mais próximo do dia
6. Epifania é uma palavra grega que
significa manifestação. Logo, a celebração trata-se da ‘Manifestação de Jesus Cristo’ às nações
quando os magos do oriente, representantes da diversidade dos povos, nações,
raças, etnias e línguas visitam o Messias-infante na cidade de Belém. Uma
exegese acurada do texto, talvez indique um Jesus perto dos dois anos de idade
e não uma criança recém-nascida. Todavia, este é um detalhe que não muda
exatamente a mensagem do Evangelho. Estes magos vindos do oriente, que não eram
reis e nem apenas três, coisa que a tradição consuetudinária da igreja
estabeleceu, eram homens sábios que à luz daquilo que era considerado ciência à
época, por uma especial condescendência divina, chegam ao conhecimento do nascimento
do Salvador. Essa mesma condescendência guiou-os de maneira sobrenatural por
caminhos diversos, percorrendo desertos, cruzando fronteiras, atravessando
cidades, vilas e aldeias, impulsionados pelo desejo de conhecer e adorar o
Messias. Qual a lição mais importante para a igreja à luz desta
solenidade? A universalidade da missão de Jesus Cristo que veio para salvar o
pecador, quer seja um
Judeu, povo ao qual pertencia por nascimento, raça e promessa, quer dos
gentios, estranhos às Alianças e as promessas. Assim, a igreja que deve
continuar no tempo e na história por comissão e empoderamento, a missão de
Jesus Cristo, deve abrir-se às nações e acolher a todos quantos forem
conduzidos ao encontro com Cristo. Os magos, porém, foram levados a
Cristo por uma graça especialíssima e por um meio extraordinário. Desde a
Ascensão, contudo, o meio determinado para que as nações encontrem Jesus e o
adorem é este: “Portanto, vão e façam
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo” (Mt 28.19); “E este
evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as
nações, e então virá o fim” (Mt 24.14); “E disse-lhes: Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as
pessoas” (Mc 16.16). A festa da Epifania, portanto, é uma celebração
missionária, um desafio para a igreja dos dias de hoje a cumprir a função que
outrora foi dada à estrela, de guiar as nações pelos caminhos do mundo ao
encontro salvífico com Jesus. E, no caminho inverso dos magos que foram
agraciados pela condescendência divina ao perscrutar os mistérios de sua
ciência e encontraram o Salvador, hoje a igreja deve percorrer campos, vilas,
cidades e cruzar barreiras culturais, étnicas, sociais, linguísticas e outras
tantas, no desejo de levar Cristo às nações e as nações à adoração e ao serviço
do Rei Jesus. Aqui também, apesar de toda mística envolvida desde a
interpretação de Orígenes e Crisóstomo, podemos ver que nos dons oferecidos à
Jesus, estão prefigurados os dons e riquezas dos povos que podem e devem ser
utilizados para a pregação do Evangelho e a expansão da Igreja sobre a face da
terra. A Epifania do Senhor na visitação dos magos deve impulsionar a igreja e
desafiar cada cristão o envolvimento afetivo e efetivo com a pregação do
Evangelho até os confins da terra.
Reverendo
Luiz Fernando
é Ministro do Evangelho na Igreja Presbiteriana Central de
Itapira
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