Compromisso com o Discipulado
“Da mesma forma, qualquer de vocês que não
renunciar a tudo que possui não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33).
Avaliando a nossa história recente isentos de
qualquer sentimento passional, desde logo percebemos que a maior necessidade da
Igreja Presbiteriana Central de
Itapira, ao comemorar os seus 139
anos, é o compromisso com o discipulado. Precisamos nos converter em uma
comunidade de discípulos. Em uma comunidade multiplicadora de
discípulos. Até aqui temos nos contentado em vivermos como uma
comunidade de “Portas Abertas” que
recebe com certa alegria os interessados e simpatizantes que vem ao nosso
encontro através de inúmeros expedientes: a distribuição de Bíblias (quase
2.000 por ano), a distribuição de folhetos evangelísticos (ao em torno de
5.000), programas diários na Rádio Clube de Itapira, na Rádio Web, a publicação
de artigos e das pastorais nos jornais da cidade e de um o outro esporádico
testemunho pessoal. Logo o interessado ou simpatizante começa a frequentar com
certa regularidade as nossas reuniões quase que no anonimato e passado um
tempo, é ‘constrangido’ a participar das programações das sociedades domésticas
e ministérios. Não demora muito e chega o convite para assistir as aulas na
classe de catecúmenos, e “voilá” de repente surge mais um membro, mais um sócio
do clube, mais um consumidor de religião. Em algum lugar nesse processo
negligenciamos a ordenança de Jesus quanto ao discipulado bíblico,
desobedecemos a Grande Comissão. As festividades que envolvem os 139 anos de
nossa organização eclesiástica ensejam uma possibilidade única em nossa
caminhada eclesial. Junto à Ação de Graças, podemos fazer o voto
comunitário de nos comprometermos decididamente com um itinerário
espiritual sistemático, contínuo e abrangente. Que todos em toda e qualquer etapa de sua
vida cristã submeta-se ao discipulado bíblico, para sermos moldados e treinados
para viver o seguimento de Cristo de maneira madura, responsável, operosa e
multiplicadora. Não se trata de um novo programa, de um novo
ministério para transmitir conceitos e para aquisição de novo conhecimento.
Isto também deve ocorrer. Mas, a finalidade do discipulado é transmitir
um estilo de vida, por meio da convivência, da reprodução de um modelo, da
aplicação das Escrituras à concretude da vida, com inarredável compromisso com
o Reino de Deus e a sua justiça. O discipulado é uma questão de
compreensão do que realmente foi outorgado à missão da Igreja na Grande
Comissão: “Vão e façam discípulos de
todas as nações” (Mt 28.19). Discípulos e não apenas convertidos!
Cabe-nos aqui perguntar com o apóstolo: “Mas
quem é suficiente para essas coisas?” (2 Co 2.16). Um simples discípulo o
é. Qualquer discípulo. Mas, só o discípulo pode reproduzir, gerar, formar,
treinar outro discípulo. Exatamente aqui reside o nosso drama, por falta de
discípulos maduros e capacitados é que contamos com mais adesões do que conversões.
Mais ativistas do que obreiros. Mais marqueteiros do que testemunhas.
Por isso também há tanta gente em nossas igrejas enganadas quanto a sua real
situação diante de Deus. Por isso existem falsos convertidos,
aprovando falsos mestres que ensinam falsas doutrinas gerando mais falsos
convertidos. Nesse processo a missão da Igreja fica comprometida. A
adoração flerta perigosamente com a idolatria, tendo o homem como o aquele que
deve ser agradado. As missões carecem de poder e penetração. O Evangelho fica
desacreditado e a própria Igreja perde a sua identidade de agência do Reino.
Precisamos “converter-nos” em discípulos. Precisamos todos do discipulado.
Precisamos iniciar um novo ciclo, um novo estilo de vida, marcado pelo amor a
Jesus e a seus irmãos. Um estilo de vida comprometido com a reprodução de novos
discípulos, com o despertamento e a habilitação de novos obreiros. Não podemos
perder esta oportunidade de renovarmos como Igreja as promessas batismais e o
pacto celebrado no sangue de Jesus: de sermos o povo peculiar dele para “anunciar as grandezas daquele que nos
arrancou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9). Celebremos com
sabedoria os 139 anos da IPCI. Celebremos como discípulos discipuladores de
Jesus.
Reverendo Luiz
Fernando dos Santos
Pastor da IPCI
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