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segunda-feira, 21 de maio de 2012

MENSAGEM PASTORAL


Mandato Cultural e Espiritualidade 
“Eis que faço novas todas as coisas” Ap 21.5. 

Nos dois penúltimos boletins introduzimos o tema da Ecoteologia para a reflexão em nossa comunidade. Hoje, desejo aprofundar o tema e a suas relações com a nossa espiritualidade. Nosso ponto de partida não poderia ser outro que as Escrituras. Deus estabelece desde os primeiros dias da criação uma relação muito profunda entre Ele, o Homem, os demais seres criados e seu propósito. Deus não é só o criador, mas o supremo provedor e cuidador da obra de suas mãos. Foi ele quem estabeleceu as complexas leis da natureza e a maravilhosa teia da vida nos ecossistemas. Foi Ele mesmo quem estabeleceu as leis de sistemas de vidas em Rede, isto é, com todos os membros de um bioma comprometidos com a auto-existência e a sustentabilidade do grupo. Deus também determinou que eles fossem aninhados, ou seja, que muitos e diversificados tipos bióticos (seres vivos) e abióticos (água, ar, sol), coexistissem e que da saúde de um dependesse a saúde de todos, não obstante a diversidade existente em tal contexto, ou seja, o córrego depende da lagoa, que depende do estuário que depende do mar e cada grupo vivente em cada contexto, embora pertençam a espécies diferentes, de uma maneira maravilhosa se interdependem. E sobre esta complexa e magnífica realidade chamada Vida, Deus estabeleceu o homem como o cuidador do jardim, como o seu “gerente-provedor”, que não só deveria proteger o meio ambiente, respeitar suas leis, favorecer o seu desenvolvimento, mas também usá-lo e explorá-lo para o seu próprio bem-estar e para a manutenção de sua vida. Todavia, o pecado não provocou apenas a ruptura e a quebra das boas relações entre Deus e o homem, antes, todo o cosmo foi profundamente afetado. A ganância e a cobiça desenfreada como frutos do pecado de Adão alteraram a perspectiva do homem sobre o “jardim” e uma espécie de insanidade, de irracionalidade tomou conta desta relação. Apenas para ilustrar o avanço de nossa marcha destrutiva sobre o planeta alguns números são sugestivos: Em 1961 precisávamos de 63% da terra para atender as demandas humanas. Em 1975 já precisávamos de 97%. Em 1980 exigíamos 100,6% de Terra. Em 2005 145% e neste ritmo precisaremos de pelo menos trêsplanetas Terras iguais a este em 2030, o que é absolutamente irracional. O lucro desmedido, o consumismo enlouquecido, os descartes irresponsáveis e o uso insano de matérias e energias não renováveis estão pavimentando a estrada pela qual a falência e a insalubridade da Terra estão colocando em perigo a vida humana e a existência dos demais seres vivos sob constante ameaça. Somente uma mudança de paradigma, uma volta radical à espiritualidade do Mandato Cultural das Escrituras Sagradas, pode mudar as estruturas mentais do homem e da sociedade. Empenho ecológico, Educação ambiental, Sustentabilidade não deveriam ser temas restritos a biólogos, físicos, cientistas e ativistas. “Cuidar do Jardim” é uma tarefa indispensável para o homem feito à “imagem e Semelhança” de Deus. Nós cristãos temos sim, inspirados na Bíblia, uma palavra autorizada sobre o cuidado, recuperação e preservação do meio ambiente. Contudo, não podemos permanecer no discurso vazio e apenas na troca de ideias, precisamos de engajamento pessoal e comunitário nesta causa. Precisamos passar por uma reeducação ambiental e por uma alfabetização ecológica. Temos que mudar a nossa mentalidade também nesta área. Ecologia e espiritualidade sempre andaram juntas, temos exemplos no cristianismo vindos de todos os lugares: Pantaleão no oriente, Francisco de Assis no ocidente, T. Chardin, no século XIX, Os Amish nos EUA, Francis Shaffer na Europa e EUA. Enfim, hoje temos a noção de Missão Integral (holística) que compreende a extensão e a profundidade da missão da Igreja na restauração da dignidade humana e expansão do Reino na totalidade da nossa existência. Você pode começar a mudar pequenos hábitos. Separando o lixo reciclável em casa. Reaproveitando e reusando materiais. Evitando as sacolinhas nos supermercados (inclusive as assim chamadas sacolinhas biodegradáveis). Trazer sua garrafinha de água de casa e não utilizar copos descartáveis. O Conselho deveria disponibilizar copos de vidros e ou plásticos duráveis e laváveis. E por aí vai. Se todos assumirmos nosso lugar na ética do cuidado com a Ecologia, terminaremos construindo uma sociedade mais humana e mais terna e mais feliz.
  Reverendo Luiz Fernando
Pastor Mestre da IPCI

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