Ressuscitando o Natal
“Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho”
(Gálatas 4.4).
Este final de ano tem tudo para ser marcado pela
desesperança. Muitos estão chamando este Natal de o Natal da depressão. Olhando
em volta o que se vê é um país em crise em todas as instâncias. Falta de
credibilidade do governo, clima de cinismo, hipocrisia e grave crise ética no
Congresso, pessimismo no mercado, achatamento salarial, aperto fiscal, inflação
e desemprego. Ufa, o que não faltam são ingredientes para arrastar mesmo o
humor para os níveis mais baixos possíveis. Por isso mesmo não faltam vozes
afirmando que este Natal tem tudo para ser o pior dos últimos anos. Pode ser,
com quadro descrito acima, só que não! Precisamos identificar de que Natal
estamos falando. O Natal da cultura ocidental, consumista, secularista,
mercadológico, com uma mensagem insossa de saúde, paz e harmonia. O Natal dos
comes e bebes, das roupas brancas, do Papai Noel, bom, este natal tem tudo para
estar em crise e é bom que esteja mesmo. Na verdade, torço para que este Natal
desapareça o quanto antes. Que se perca completamente neste mar de melancolia e
depressão e que nunca mais o queiramos celebrar. Mas, o verdadeiro Natal não
está e nunca esteve em crise, desesperança e depressão. O Natal que queremos e devemos
celebrar é sempre portador de santa alegria, pois fez com que os anjos
descessem dos céus e cantassem diante dos pastores encantados nas pradarias de
Belém. É o natal que põe tudo em movimento, faz com que os corpos celestes
sirvam de ‘estrela guia’ para os magos peregrinos que enfrentam e vencem todo e
qualquer obstáculo para testemunharem a vinda d’Aquele que traria paz
invencível aos corações de todos. A esperança do Natal evita o medo e o
desânimo que a tudo e a todos paralisa. O Natal que desejamos que ressuscite
nos corações de homens e mulheres, que ressurja nas famílias, que reapareça na
sociedade e que seja celebrado pela comunidade cristã é o que faz memória
adorante, oração fervorosa e gratidão em profusão pelo imenso dom de amor do
Pai feito na doação de Jesus o Filho amado para ser nosso irmão, Senhor e
Salvador. Ressuscitar o Natal significa contar a história de Cristo, história
cujas raízes se encontram já no Antigo Testamento na aurora da humanidade, lá
em Gênesis 3.15 no anúncio do Messias vencedor do mal. Narrativa que cresce em
intensidade ao longo dos livros históricos e é cantada nos salmos, meditada nos
livros poéticos, ganha cores fortes e contornos inequívocos nos profetas e na
plenitude dos tempos se cumpre no nascimento de Jesus. Ressuscitar o Natal é
anunciar aos homens e mulheres de nosso tempo, cansados, hesitantes,
apavorados, preocupados com a incerteza do futuro e com sentimento de
desamparo, que o príncipe da paz já veio. Que o doador da paz, o autor da
salvação já nasceu e está presente entre nós como dom e que retornará dos céus
para nos levar consigo. Por isso, meu conselho é que você não compre cartões
que desejam Boas Festas, isto não significa coisa alguma, mas aqueles que
trazem mensagens cristãs explícitas. Não se preocupe em dar presentes em papel
colorido, mas em ser presente e presentear os que você ama e quer bem com o
testemunho do Evangelho, com um gesto de amor altruísta e desinteressado.
Comprometa-se em fazer o bem, em distribuir amizade, carinho, amor e sustento
para os pobres, não porque é Natal, mas porque você compreendeu porque houve o
‘primeiro Natal’ e agora entendeu que a primeira lição é que não podemos viver
para nós mesmos. Nossa vida foi-nos doada para que a fizéssemos dela um dom
para os outros. O Natal que não tem depressão, que não é melancólico e que não
se deixa contaminar pela desesperança, é a Celebração de gratidão e louvor ao
Pai que amou o mundo de tal maneira que enviou—nos o seu Filho amado (Jo 3.16).
Os que se preparam para celebrar este Natal de Jesus também podem sofrer todas
as consequências desta conjuntura econômica e política que tantos dissabores
têm causado. Todavia, como não colocam as suas esperanças definitivas nestas
coisas, sabem que a mensagem central do Natal recorda-nos que os que recebem o
Filho e nele esperam já são mais que vencedores e a infelicidade e mal não
podem triunfar.
Reverendo Luiz Fernando
Ministro Presbiteriano em Itapira
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