Advento: O Esperado das Nações
“Porque ainda um pouquinho de tempo, E o que
há de vir virá,
e não tardará” (Hb 10.37).
Iniciamos um novo ano cristão, inauguramos um novo ano
litúrgico com a estação do Advento. Este período da liturgia cristã quer
ajudar-nos em nossa preparação para a festa do Natal de Jesus Cristo. Dentro e
fora da igreja não faltam objeções quanto á oportunidade e a legitimidade desta
celebração. Dentro da igreja os que são de uma linha, digamos, “neopuritana”
querem fazer-nos crer que coisa alguma há na Bíblia que nos autorize a nossa
reunião como igreja para a celebração do nascimento de Jesus Cristo segundo a
carne. Há também outra geração de cristãos, se bem intencionados ou não
impossível determinar, que também apenas enxergam a identificação da igreja com
uma prática mundana e secularista para fazer incrementar as vendas neste
período, e por isso mesmo, uma festa diabólica. Nas trincheiras do mundo
pluralista e secularizado há quem questione a legitimidade de os cristãos
poderem celebrar com tanta ênfase esta festa, que para eles, não passa de um
mito ou de uma fábula sem sentido. Nos dois casos estamos conscientes de que há
algo de verdadeiro nessas afirmações. De fato, não há uma clara e nem uma sutil
ordenança bíblica para que celebremos esta festa. Também é verdade que há muito
tempo o mercado pegou carona nesta festa e com sua cultura secularizante
introduziu elementos alienígenas à festa, o Papai Noel é um deles. É verdade
também que Jesus Cristo já não é uma unanimidade em nossos tempos, os dias da
cristandade já vão longe. Todavia, celebrar o Natal nada mais é do fazer um
culto em Ação de Graças pelo fato de que Deus tendo amado o mundo de tal
maneira enviou-nos o seu Filho amado para ser o nosso redentor. Regozijar-nos nestes dias significa expressar
todo o nosso contentamento com esta maravilhosa prova de amor que o Pai nos
deu. E onde entra o Advento nisso tudo? O Advento possui duas funções
importantes para o ministério da Igreja. A primeira e muito fundamental é a
função catequético-doutrinária, isto é, assegurar aos cristãos a solidez dos
fatos bíblicos como históricos previstos e prometidos no Antigo Testamento e
plenamente realizados no Novo, na plenitude dos tempos, com o nascimento de
Jesus em Belém de Judá. A segunda e não menos importante é a Kerigmática ou
evangelística. O Advento é uma oportunidade para contar à história que
fundamenta a nossa fé e dar as razões de nossa esperança. É uma oportunidade
riquíssima para comparar o que cremos e celebramos com o que o mundo
caricatamente faz. Também é um tempo para confrontar esta cultura consumista e
superficial com a generosidade de Deus que optou em compartilhar e doar
generosamente o seu mais precioso bem e os essenciais da vida e seu sentido
último. Nunca o tempo do Advento parece ser tão necessário como em nossos dias.
O mundo anda temeroso, já não é um lugar tão seguro como pensávamos. O terror e
os rumores de guerras, conflitos e animosidades ditam os rumos de economias,
políticas e vidas pessoais ao redor do planeta. O mundo clama por tempos de
paz. A tolerância e o politicamente correto parecem não conseguir estabelecer
harmonia e concórdia entre os homens e as nações. O que o mundo precisa mesmo é
reconhecer, acolher e celebrar o Príncipe da Paz, ouvir e entender o Evangelho
da Paz, desejar e desfrutar a ‘Shalom’ de Deus que só o Messias Jesus pode dar.
Beirute, Damasco, Bruxelas, Paris, Mariana, não importa de onde venham os tempos
de terror e sofrimento, se dá sandice de um grupo de religiosos fanáticos, se
de uma milícia formada por jovens secularizados e niilistas europeus ou se dá
ganância e negligência das grandes corporações financeiras. Seja qual for à
origem da dor o remédio será sempre o mesmo, Jesus nascer em nossos corações e
neles reinar soberanamente para sempre. O Advento é um tempo para isso,
exatamente para isso, para despertar, mobilizar, conscientizar aos homens de
que a paz é possível, de que as armas podem ser transformadas em arado e em
instrumentos de vida e de bênção. Que a paz e a prosperidade das nações não são
uma utopia, mas uma pessoa, Jesus Cristo a quem aguardamos e por quem ansiamos
para esteja muito perto o dia de sua chegada entre nós.
Rev. Luiz Fernando Dos Santos
É
Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira
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