Páscoa: A Manifestação da Maravilhosa Graça
“Desejei ardentemente comer convosco esta Páscoa.” (Lc 22.15).
Estritamente falando a páscoa não é uma festa cristã. É uma ordenação
bíblica para os judeus, um memorial perpétuo para o povo da antiga aliança dos
eventos operados por Deus em sua
libertação do Egito (Ex 12.17.42). Contudo, os cristãos desde muito cedo
passaram a observar esta festa desde uma perspectiva da cruz de Cristo e sua
gloriosa ressurreição. Cristãos de origem judaica, orientais e gregos
grosso modo e os latinos, divergiram desde os inicios da igreja quanto a
maneira de celebrar, a data mais propícia e a sua pertinência e validade
espiritual para os crentes. É fato inegável que existem registros históricos
antiquíssimos como exemplo a peregrinação de Etéria (Egéria) e a conhecida
controvérsia ‘quartodecimiana’: “Na era apostólica (durante a vida ou
imediatamente após a morte dos apóstolos), a Páscoa era sempre celebrada no
meio do mês judaico de Nisan. Por volta da metade do século II dC, a prática na
província romana da Ásia era pelo jejum pré-Páscoa terminar na véspera do décimo-quarto dia de Nisan, o dia em
que o sacrifício da Pessach já teria
sido feito quando o Segundo Templo ainda existia e ‘o dia em que as pessoas se
livravam do fermento’ (os Judeus, os judeus prosélitos e os judeus cristãos).
14 de Nisan em si era regularmente, ainda que de forma confusa, também chamado
de Pessach. Tecnicamente, ele é o
dia da preparação para o festival de sete dias do ‘pão sem fermento’, que
começa em 15 de Nisan, hoje em dia também chamado de Pessach. O costume asiático ficou conhecido como Quartodecimanismo entre os ocidentais
latinos. Melito de Sardes foi talvez o mais notável dos quartodecimanistas. A
prática em outros lugares era continuar o jejum até a véspera do domingo
seguinte, enquanto que a quartodecimana permitia que a festa - sempre em 14 de
Nisan - poderia cair em qualquer dia da semana. Fora da Ásia romana, os
cristãos desejavam associar a Páscoa ao domingo, o dia em que Jesus ressuscitou da morte segundo os Evangelhos, e que já havia muito era considerado dia festivo pela comunidade. De acordo com os escritos de Irineu de Lyon ( 202
dC), a Igreja latina ou ocidental celebrava a Páscoa no domingo já no tempo do
bispo romano Sisto I (115 - 125 dC).” Estes vestígios históricos e toda a confusão em torno da
festa, do termo e dos usos e costumes nos fazem crer que de alguma maneira a
páscoa era celebrada pelos antigos cristãos. Evidentemente que com o passar dos
séculos e com o distanciamento da Igreja das Escrituras e a entrada de muitos
elementos pagãos e estranhos à Revelação Bíblica na liturgia, a Páscoa foi
perdendo cada vez mais o seu sentido e o seu lugar na vida da igreja e dos
cristãos. Lutero preservou a liturgia e a observância desta festa em suas
igrejas. Igualmente Calvino em Genebra, Beza, Bucer e Farel em Basileia e
Louvain. E mesmo o radical Zwinglio não
desprezou esta comemoração. Dando um longo salto na história, a IPB
é uma igreja litúrgica, já confessou isto em seus documentos oficiais e na
última reunião ordinária do Supremo Concílio não só permitiu ainda incentivou a
digna, bíblica e correta celebração da páscoa (e Nata)l, e orientou para que sabiamente os
conselhos e pastores aproveitem a ocasião para anunciar o Evangelho de Cristo
ressuscitado. Todavia, o direito de divergir respeitosamente, permanece
intocado, e há dentro de nossas fileiras aqueles que desconsideram a
oportunidade da celebração e nós os respeitamos enquanto nos mantemos unidos
não só à comunhão com a decisão do Supremo Concílio, mas também em uníssono com
o melhor da longeva Tradição e História bimilenar da Igreja. Posto isto, a
festa da Páscoa deve ser para nós cristãos presbiterianos da “central” de
Itapira uma privilegiadíssima oportunidade para nos aprofundarmos no
conhecimento da Maravilhosa Graça de Deus e suas doutrinas. 1.
A Páscoa evidencia o ato soberano de
Deus em prover salvação aos seus escolhidos e só a estes. Cristo morreu pelos eleitos de Deus
desde antes da fundação do mundo. 2. A morte substitutiva de Cristo
na cruz em nosso favor e em nosso lugar indica a nossa total e completa
incapacidade de fazermos algo por nós devido à depravação total de
nossos corações que jamais aspiram a Deus. 3. Que Deus nos escolheu não com
base em méritos pessoais, mas fundado em sua misericórdia e justiça. Somos
salvos incondicionalmente. 4. A cruz revela que Cristo sabia
por quem estava entregando a vida e para estes seu sacrifício foi
completo, perfeito, suficiente, de modo que nada mais precisam fazer ou emendar
para a sua salvação. 5. Que todos que foram atraídos,
chamados, quando o Filho foi exaltado na cruz, verdadeiramente foram
capacitados a responder e não puderam resistir ao chamado para a
salvação. 6. E por último, a Cruz revela, a ressurreição comprova e o
pentecostes testifica que os salvos são agora guardados e protegidos até
a eternidade e nada nem ninguém poderá desfazer o que no calvário
aconteceu! A Páscoa é a festa da Graça por excelência. Celebremos, pois a Festa. Soli Deo Gloria!
Pastoral Extraída do boletim
Nº 1810 17 de Março de
2013
escrita pelo Rev. Luiz Fernando Dos Santos
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