Natal, mais que boas festas, uma Boa
Notícia
“Como são belos
nos montes os pés daqueles que anunciam boas novas, que proclamam a paz, que
trazem boas notícias, que proclamam salvação, que dizem a Sião: O seu Deus
reina!” (Is 52.7)
Da nossa compreensão do Natal
depende em grande parte a vitalidade do Evangelho para a Igreja e para o mundo.
O que está em jogo para os cristãos quando participamos de festas familiares,
na empresa, na escola, em fim na sociedade à luz das comemorações natalinas? O
que queremos dizer com “Feliz Natal”? O que de fato queremos comunicar quando
fazemos votos de “paz e amor” para você e para os seus? Algumas outras palavras
costumam ganhar evidência nestes tempos: fraternidade, tolerância, respeito,
solidariedade, altruísmo, generosidade, caridade, ternura etc. Mas, quando um
cristão usa estas palavras, ele possui o mesmo entendimento? Quer desejar a
mesma coisa? Para nós cristãos o que está em jogo em cada Natal na verdade é o
plano de amor estabelecido por Deus para resgatar a humanidade indolente,
rebelde, pecadora, inimiga do bem e afeita ao mal. Uma antiga oração do tempo do
Advento / Natal diz algo mais ou menos assim: “Ó admirável intercâmbio de dons entre os céus e a terra, que para
resgatar-nos O Eterno assumiu a nossa natureza mortal e revestiu-nos de sua
glória divinal.” Então, quando desejamos ‘Feliz Natal’ a alguém, seria o
mesmo que dizer: “feliz, bem aventurado,
ditoso e condescendente o amor de Deus que te alcançou em Cristo e que te
reconciliou com Deus, de quem eras inimigo, desde os dias de Adão.” Desejar
‘Feliz Natal’ é o mesmo que dizer: “és de
fato feliz porque Deus não poupou seu próprio Filho para salvar um escravo como
tu, como eu.” E ainda, que fraternidade dese jamos?
Aquela construída e só possível a partir da comunhão com Cristo, da
reconciliação com o Pai. Só podemos amar-nos e viver em harmonia quando a
partir do mistério da Encarnação temos a percepção de encontrar e servir Cristo
na face do nosso próximo, do nosso semelhante. Que tolerância e que respeito?
Certamente não é com o pecado e com a maldade. Tolerância e respeito pelo
diferente sim, pelo legitimamente diferente, cuja sinceridade pela busca da
verdade e da justiça enseja de nossa parte largueza de alma e compreensão
amorosa. O que de fato queremos desejar quando fazemos votos ou manifestamos o
desejo de que o outro e o mundo vivam em solidariedade, altruísmo, generosidade
e etc.? Manifestamos o desejo de que todos aprendam as lições do ‘presépio e da
cruz’, lições como estas das Escrituras: “Se
por estarmos em Cristo, nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor,
alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a
minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma
só atitude. Nada façam por ambição
egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a
si mesmos. Cada um cuide, não somente
dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude
de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o
ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se
semelhante aos homens” (Fp 2.1-7). São estas as preciosas lições do Natal,
pois o Filho de Deus encarnado ensinou-nos a viver com estas exigências
irrenunciáveis: 1. Não nos deixar vencer pela ambição egoísta e pela vaidade. 2.
Interessar-nos pelas causas alheias, o que é bem diferente de ‘nos meter’ na
vida dos outros. 3. Andar pelos caminhos da humildade em relação a todos, jamais
nos fazer crer como melhores ou superiores, mas como servidores. É nosso dever
como cristãos não permitir que a Boa Notícia de João 3.16-18: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele
crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao
mundo, não para condenar o mundo, mas para
que este fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não
crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus”,
se esvazie e perca a sua força no emaranhado de palavras e de sentimentos sem
peso, vazio, sem lastro, sem verdade e sem poder de transformar. O Natal deve
ser uma proclamação. A proclamação do poderoso e insondável amor de Deus para
com os homens, amor de um Deus buscador, como o pastor da parábola que sai
pelos montes e campinas atrás daquela que se perdeu. Este é o espírito do
Natal!
Reverendo Luiz Fernando dos Santos - Pastor da IPCI
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