A Beleza de
Deus
“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn
1.26).
Michelangelo
definiu a beleza como a purificação do supérfluo, ou seja, a beleza é a
realização do essencial, nos remete à essência do ser, daquilo que é. A beleza
é a base unificadora do ser. Sem a beleza, não existe bondade nem verdade. Algo
para ser bom, além de verdadeiro, tem de ser belo. Algo que seja verdade tem de
ser bom e só pode ser belo. Como diria Dionísio o areopagita no séc. V: “A verdade, o bem e a beleza são três
lâmpadas ardentes de fogo e uma não vive sem a outra.” Vivemos numa
sociedade em crise em relação ao lugar da beleza em nosso mundo. Confunde-se esteticismo com beleza. Por
isso, a nossa sociedade conseguiu divorciar a estética da ética, procurando
assim maquiar a própria existência. Este divórcio entre ética e estética,
entre beleza e verdade, beleza e bondade, se verifica desde a Queda de Adão e
Eva e só fez aumentar o fosso entre as realidades. O pecado é a suprema fealdade. O pecado desestrutura, desorganiza, cria
caos e confusão, nos aprisiona, e avilta a nossa dignidade. A sociedade de
consumo é também a sociedade do supérfluo e do descartável, nada mais resiste á
ditadura da estética, quando passa a moda, o que era belo não é mais. Logo, a
verdade e a bondade também se derretem sob a bandeira do relativismo. É assim
com a noção de direitos e deveres. Os
homens e mulheres em situação de rua são ícones que dão forma a esta realidade
esquizofrênica que separa beleza, verdade e bondade. A “feiura” de seus rostos
sofridos e ameaçadores. O odor quase insuportável de seus corpos submetidos às
múltiplas violências do tempo, das privações, das drogas, do desprezo e das
próprias opções equivocadas na vida. A perturbadora presença deles ameaçando a
nossa paz revela o quanto estamos alienados. Jamais teremos verdadeira paz,
nunca nos encontraremos em real segurança, jamais desfrutaremos de maneira
libertadora e gozosa dos legítimos bens desta vida, enquanto continuarmos gerando
pela superfluidade homens e mulheres que fiquem à margem da sociedade e da
vida, como massa sobrante. Levantar muros, colocar cercas elétricas, construir
condomínios
Reverendo Luiz Fernando dos Santos
Pastor da
IPCI
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