ÁLBUM DE FOTOS IPCI
JANTAR DIA DOS NAMORADOS
Vivemos em um mundo marcado pela maldição do pecado. As Sagradas Escrituras nos ensinam isso e a nossa experiência nos comprova todos os dias essa verdade. Claro, há muita coisa boa no mundo, a natureza continua, apesar dos ataques que sofre, exuberante e fonte de vida, saúde e prazer. As artes, a tecnologia e toda sorte de conhecimento tendem a tornar a vida humana mais prazerosa. Contudo, um olhar mais atento pode perceber a ambivalência de todas essas coisas e as inconfundíveis marcas da queda corrompendo, infectando e trazendo a morte exatamente por meio dessas realidades citadas. Quando lemos o livro do Gênesis nos capítulos de 1 a 11, encontramos ali a Queda do homem e a consequente entrada do mal e da morte no mundo, o homicídio de Caim, o dilúvio como punição sobre a maldade presente na humanidade e na criação e mais tarde, a flagrante desobediência e a arrogância presente no coração do homem, mesmo já tendo experimentado a punição. Todavia, a narrativa bíblica revela a disposição do coração de Deus em abençoar toda a criação e a humanidade. Já no Arco Íris, sinal visível colocado nas nuvens por Deus em sua aliança com Noé, o Senhor compromete-se a nunca mais destruir a criação, mas comunica que deseja preservá-la por meio das estações e do mandato cultural renovado com o seu servo. Em Abraão, na eleição do povo de Israel, encontramos um Deus determinado a abençoar. A punição não tem a última palavra no plano de Deus. A Aliança com Abraão e a promessa de fazer chegar a bênção a todas as famílias da terra é a solução dada por Deus para corrigir, restaurar, redimir e salvar o homem e a criação. E como Ele o faz? Por meio de seu povo. Esse povo deve carregar a promessa da bênção e a esperança de sua realização através dapromessa da bênção e a esperança de sua realização através da história. Em Jesus temos a plena realização dessa promessa e agora, por meio da Igreja, o Pai quer fazer chegar a sua bênção a todas as famílias da terra, a todos os povos, raças, línguas e nações. Essa bênção é Jesus Cristo, sua pessoa, seus atos redentores e seu Evangelho. A Igreja deve assumir-se como a portadora da missão de levar a bênção de Deus. Isso ela o fará por meio do engajamento missionário criativo, fiel, abrangente e apaixonado. Nosso planeta precisa da bênção de Deus. Vivemos dias confusos, desesperançados, com sombrias expectativas. A ecologia dá sinais de exaustão, de cansaço, fruto da ganância e da idolatria do dinheiro. E a resposta para esses dias está na bênção de Deus para as nações. O homem abençoado em Cristo há de assumir o seu propósito original de estar aqui na terra, cuidar da criação, zelar pelo jardim. A Igreja e cada cristão deve tornar-se a consciência viva, o testemunho consistente e o engajamento eficiente nas causas que defendam o meio ambiente e que promovam a sustentabilidade. É reconfortante saber que existem micros e macros movimentos nessas áreas. Saber que o ‘Greenpeace’, por exemplo, é uma iniciativa cristã evangélica nos dá grande motivação para o engajamento. A bênção de Deus quer libertar o homem da injustiça, da escravidão, das humilhantes condições sub-humanas. A bênção do Deus em Cristo deseja o fim das guerras, dos campos de refugiados, das torturas nos campos de prisioneiros e cadeias. O fim da marginalização da mulher e a exploração de vulneráveis. Aqui, graças a Deus, há cristãos igualmente envolvidos. A ‘Human Rights Watch’, uma agência mundialmente conhecida pela defesa dos direitos humanos, também possui inspiração original em um grupo de cristãos conscientes. Todavia, de todas as bênçãos com as quais o Pai está decididamente interessado em fazer chegar às nações, nenhuma delas tem mais urgência e necessidade do que o conhecimento de Cristo Jesus como único e suficiente Salvador. Nenhuma bênção é tão desesperadamente necessária do que as nações se colocarem sob o Senhorio de Cristo pela obediência da fé. Essa é a nossa identidade como o povo da bênção: “Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9). Como Igreja em Itapira e para o mundo sejamos o agente pelo qual a cura da terra e do homem alcance a todos pela bênção do Senhor.
O livro de Jó é um dos mais
lindos, impressionantes, intrigantes e ricos de todo o Antigo Testamento, sem
falar também que é uma pérola da literatura. Como todo livro do gênero
sapiencial, o livro de Jó possui uma mensagem de prática aplicação a situações
concretas da vida, ou nos fornece uma chave de interpretação para eventos
aparentemente desconexos de nossa existência. No caso de Jó, além destes dois
fatores, a narrativa nos apresenta uma sólida teologia acerca da soberania de
Deus sobre o mundo (visível e invisível), e todos os demais atributos de Deus,
quer ‘comunicáveis ou incomunicáveis’. Há também, como objeto de nossa reflexão
nesta pastoral, uma lição importante sobre vida espiritual sadia e madura. A
pergunta-afirmação de Satanás possui fundamento. É real e possível gratidão e
fidelidade a Deus embasada apenas em benefícios recebidos, em graças
alcançadas, em favores desfrutados. Satanás questiona quanto o fundamento da
fidelidade de Jó. Afinal de contas, Jó não tem do que reclamar se comparado à
vida de outros homens ele é um felizardo. Rico, sábio, afamado, com uma grande
família, nenhuma peste ou doença tem se aproximado de sua tenda, não possui
inimigos, pelo menos não suficientemente capazes de fazê-lo perder uma noite de sono. Jó é um abençoado. Satanás “desafia”
esta fidelidade quanto a sinceridade de seu coração, como que propondo um teste
para Deus. O Senhor permite uma limitada, porém ampla atuação de Satanás na
vida de Jó: bens, afetos, familiares, casamento, amigos, fama, admiração. Tudo
vai saindo de sua vida de modo inesperado, e catastrófico, Jó perde o controle
de sua história, não, porém, a sua convicção de que Deus continua soberano. Por fim, também a sua integridade
física e psíquica começa a sofrer os ataques do diabo e começa a experimentar
uma espécie de depressão. Jó é tentado a
apostatar, a blasfemar, a crer numa teologia deformada quanto ao caráter santo,
justo e amoroso de Deus. De fato, se
Satanás estivesse certo, já não havia razões plausíveis para que continuasse
fiel, grato e obediente. Incrivelmente no início de sua desventura,
vislumbramos um pouco da índole de Jó: “Nu
saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor o deu e o Senhor tomou;
bendito seja o nome do Senhor.” (Jó 1.21). Infelizmente esta gratidão por
amor de si mesmo, mais do que por amor a Deus também se estende sobre as nossas
relações, confira no Evangelho Lucas 6.32. Muitos cultivam certa relação
pacífica, de entendimento e amizade na mesma medida em que são beneficiados em
algo. Entretanto, quando se vêm frustrados ou contrariados, se enraivecem e se
tornam inimigos letais. Com Deus a conduta em nada se difere. Não suportam os
reveses da vida. Não conseguem administrar perdas e dores. Como crianças
mimadas culpam a Deus por suas falaciosas esperanças não correspondidas, tem
uma deturpada imagem de um ‘deus’ mágico e serviçal. Deus procura adoradores
que o adorem em espírito e verdade e não bajuladores. Isto significa que Deus
que ser adorado, amado, servido, por quem
o busca por aquilo que Ele é, pelas excelências de seu caráter, pela
beleza de sua santidade. Qualquer outra motivação, ainda que seja a gratidão,
nunca será suficiente ou plena de verdade nos relacionarmos com Deus. O
benfeitor deve ser amado mais do que o bem feito. O doador deve ser mais
desejado que o dom. Peçamos a Deus para que Ele nos tire da criancice
espiritual, que ele nos dê de Jó mais que sua paciência, nos conceda também a
pureza de suas intenções e fidelidade no tocante a Deus. Peçamos ao Senhor que
saibamos amá-lo por sua santidade indefectível mais do que pelo seu poder
invencível. Digamos a ele com Calvino: “Ofereço Senhor, meu coração pronto e sinceramente.”
O calendário cristão ao
retomar o tempo comum ou ordinário, após o período de cinquenta dias da páscoa,
traz consigo a solenidade da Santíssima Trindade. Na verdade, o ciclo foi
aberto na estação litúrgica do Natal. Deus, o Pai, envia das alturas o Filho
para cumprir o plano da redenção. Na estação da Páscoa, o Filho enviado no amor
e no poder do Pai, cumpre cabalmente a missão recebida. Em Pentecostes, ainda
dentro da estação pascal, o Espírito Santo é enviado sobre aqueles que, eleitos
pelo Pai, foram redimidos pelo Filho e agora selados e preservados pelo
Espírito. Esta doutrina da Trindade, longe de ser uma especulação abstrata, é na
verdade a conclusão inevitável a que a Igreja foi conduzida pela lógica do
“teodrama”. A reta compreensão do Evangelho não pode nunca
prescindir-se de um Deus Trino e Uno. Pois, o Deus do Evangelho (da Bíblia), se
revela e nos redime exatamente como Pai, Filho e Espírito Santo. Celebrar
a Trindade significa que a igreja mesma se identifica e deve buscar assemelhar-se
ao caráter e ás relações existentes entre as beatíssimas pessoas no mistério
revelado da Trindade nas Escrituras. A primeira verdade a que a Igreja
é conduzida diz respeito à unidade. A Trindade é essencialmente Una. Um
mistério que não cabe na lógica limitada humana, mas que é asseverada pela
inerrante revelação bíblica. A unidade da Trindade deve ser refletida na vida
da igreja local. A unidade tem como base estrutural a verdade. Deus não pode
mentir, não pode deixar de ser o que é. Não pode negar-se ou fazer, dizer e
exigir algo que decretou, decidiu ou que contrarie a sua natureza santa. Os
“três Benditos”, não podem contradizer-se, negar-se, ofender-se ou coisa
parecida. Nada fazem por rivalidade, divergência ou competição. Onde um está, o
outro se faz presente. Onde os
“três”, está o essencialmente “Um”. Assim, uma igreja local deve buscar a sua
unidade com base exclusivamente na verdade. Na verdade das Escrituras. Na
Verdade doutrinal. Nunca em arranjos de qualquer natureza de poder político ou
econômico. O Deus Trino é um Deus-Comunhão. Comunhão com base no amor mútuo,
no amor devoto, gratuito, incondicional e de entrega de ambos. Pai, Filho e
Espírito Santo estão unidos e vivem eternamente numa indefectível e
indestrutível relação de amor. E mais, Eles desejam que suas criaturas
participem desde agora e na eternidade, de maneira sempre mais feliz e perfeita
essa realidade da comunhão. Somente a doutrina da Trindade explica de
modo adequado como aqueles que não são Deus, passam a ter parte na comunhão do
Pai, do Filho e do Espírito Santo. Essa mística comunhão deve ser
experimentada na alma, no coração do crente, mas deve ser experimentada também
na vida orgânica e na dinâmica da vida eclesial. Somos chamados, por nossa nova
natureza-identidade, a desejar, produzir, zelar e gozar a comunhão dos
“Santíssimos Três”, na real comunhão dos santos na igreja. Amar o irmão, zelar
por sua reputação, defender a sua honra, alegrar-se com o seu progresso, chorar
em suas dores, alimentar amizade saudável e etc., são atitudes inevitáveis para
aqueles que trazem sobre si a benção da formula batismal. A comunhão na igreja
deve ser um reflexo da Trindade na profissão e na vida de fé de cada crente. A
Trindade é uma “comunidade em missão”. Cada pessoa da trindade, bem como a
perfeitíssima unidade da Deidade, estão em missão o tempo todo, inclusive nesse
exato momento, Deus está agindo no mundo. Age de maneira livre e
soberana, de maneira direta e desimpedida sobre a história e a criação. Age de
maneira ordinária por meio de seus agentes, dentre eles, a Igreja. Assim como a
Trindade, a Igreja deve construir a sua identidade na missão. Ela é
tanto mais Igreja do Deus Trino, quanto mais envolvida estiver com o que o Pai,
o Filho e o Espírito Santo estão fazendo no mundo. A última característica
que gostaria de ressaltar aqui é a santidade da Trindade. “As Três Pessoas” são
corretamente chamadas de santíssimas. Deus é santo, santo, santo, como cantam
os arcanjos, os anjos e os santos por toda a eternidade. Assim, a Igreja e cada
cristão, devem ter em altíssima estima, em grande desejo, e buscar com todas as
forças pelos meios ordinários, a sua santidade comunitária e pessoal. A Igreja,
ícone da Trindade e um crente, que nesse nome foi selado, devem refletir no
mundo a santidade da Trindade hoje adorada.
A festa de Pentecostes está
desde sempre na vida da igreja. Nós a herdamos da igreja do Antigo Testamento
quando o povo, sob a tutela de Moisés, celebrava o dom da Lei dada por Deus no
Sinai e manifestava gratidão pela bênção da abundância e provisão dos alimentos
por ocasião das colheitas. O Senhor Jesus Cristo mesmo celebrou anualmente esta
festa, quer com a sua família, quer com os seus discípulos. Cinquenta dias após
a páscoa de sua ressurreição e dez dias após as sua ascensão aos céus, Jesus
Cristo envia sobre os discípulos reunidos em Jerusalém o dom da promessa do
Pai, o Espírito Santo, aplicando assim a obra realizada na cruz na alma dos
crentes e finalizando assim os atos redentivos em benefício dos eleitos. É
sempre bom recordar que os discípulos ainda estavam hesitantes, ainda um tanto
incrédulos, suas mentes estavam confusas num misto de alegria indescritível,
perplexidade e temor. Por isso, enquanto observavam a ordem dada de permanecer
em Jerusalém até que a promessa fosse outorgada, mantinham-se reunidos, com as
portas fechadas e temendo por suas próprias vidas. A igreja estava na
clandestinidade e sem autoridade para tornar pública a sua mensagem e o seu
testemunho. Quando o Espírito repousa sobre os discípulos como línguas
de fogo, os Apóstolos são então, empoderados e autorizados a falar no nome de
Jesus. Pedro, o primeiro entre os seus iguais no colégio apostólico, quebra o
silêncio da Igreja e servindo-se da providência divina que reuniu no dia de
Pentecostes homens vindos de todas as partes, representando as nações, anuncia
o Evangelho que é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Homens
das mais variadas línguas, por ação sobrenatural do Espírito Santo, são
capacitados a ouvir em seu próprio idioma as maravilhas de Deus e suas promessas feitas
aos profetas, como Pedro citando Joel, bem diante de seus olhos. Aqui
nasce a Igreja Cristã. A comunidade de Jesus Cristo não é uma religião tribal,
étnica, cultural ou linguisticamente peculiar. A Igreja é uma comunidade
aberta, enviada, e inserida no mundo. É uma comunidade internacional,
multiétnica, transculturada e contextualizada. Sua mensagem deve ser entregue a
todos, em todos os lugares, em todas as culturas e na forma de compreensão
própria de cada povo, na riqueza e nas debilidades de cada língua. A
Igreja que irrompe de Pentecostes é a comunidade que deve curar o fosso de
separação que ocorreu em Babel quando a confusão das línguas separou os povos,
os corações e propiciou o “estranhamento” entre as nações. A catolicidade da
Igreja não importa em uniformidade e uniformismo. Antes pelo contrário, a
mensagem do Evangelho é ‘supra cultural’, isto é, está acima de qualquer
cultura e a todas transcende. Nunca deveria destruir as riquezas dos povos,
antes enriquecê-las naquilo que é compatível ou moralmente neutro em relação à
vontade de Deus. O Evangelho, a mensagem da igreja, visa corrigir, transformar
e abolir, apenas e tão somente aqueles elementos culturais de um povo ou
sociedade, quando esses são moralmente incoerentes com a Palavra de Deus,
ataquem a dignidade humana e são produtos da depravação e perversidade dos
corações caídos e claras sugestões satânicas. Nunca essas verdades foram tão
necessárias e tão amplamente consideradas politicamente incorretas como essas
supracitadas. Todavia, a verdade não pode ser detida. Desde Pentecostes, a Igreja é uma
Igreja para o mundo e a ele deve dirigir-se fiada exclusivamente na suficiência
do Espírito Santo que desde aquele dia vive na Igreja e a impulsiona a cumprir
sua tarefa de levar aos povos, nações, raças e línguas a mensagem do Evangelho,
fazendo discípulos. Na manhã de Pentecostes, como resultado da pregação
de Pedro, como consequência do ministério inaugural do Espírito Santo, três mil
homens foram convertidos e pediram o batismo cristão. Depois desse evento,
Lucas nos relata em Atos, que dia a dia o Senhor acrescentava à igreja os que
iam sendo salvos. Desde então, perseguições, guerras, epidemias, deserções,
dissenções, catástrofes, rondam a igreja. Contudo, o Espírito que dela não pode
e não quer afastar-se, a preserva e a empodera em triunfo e assim as Palavras
de Jesus se cumprem em sua história bimilenar de presença neste mundo hostil:
“...sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).