LITURGIA DO CULTO
22 DE FEVEREIRO DE 2015.
É crescente o interesse pela meditação na sociedade
ocidental. Não poucos centros de meditação tem se espalhado pelo Brasil. Muitas
empresas, inclusive, pensando no bem estar de seus funcionários e, claro, em
sua produtividade, já oferecem espaços e momentos ao longo do dia para uma
pausa para a meditação. É inegável aqui a influência oriental do budismo e do
hinduísmo e religiões e filosofias afins. Também o cristianismo tem produzido
nos últimos tempos seus mestres da meditação: John Main, Anselm Grum, Thomas
Merthon e etc. No ramo protestante temos muitos movimentos de espiritualidade
que incentivam e cultivam a meditação, como Osmar Ludovico, Dallas Willard,
Ricardo Barbosa e o Renovaré, para citar apenas estes. Mas, ainda existe muita
desconfiança por parte de muitos líderes e de muitos crentes quanto á validade
desta prática para o cristão. Verdadeiramente nem tudo o que está no mercado e
nem tudo que vem sendo oferecido por aí possui qualquer valor ou progresso real
para a alma crente e salva em Cristo. Muito do que anda sendo dito em nome da
meditação ou são exercícios fundados em psicologia e psicanálise ‘Jugniana’ ou
esbarra no misticismo não bíblico. Mas, a meditação sempre ocupou um lugar
central e de importância na experiência cristã, na intimidade e comunhão com
Deus, no amadurecimento do caráter, no crescimento da certeza e da segurança da
salvação e no exercício do autodomínio. Não há nada de mágico ou misterioso na
meditação genuinamente cristã. A meditação é um ato natural do intelecto,
uma busca consciente do espírito humano por coisas espirituais. É o deter-se
sobre um aspecto da relação ou do conhecimento de Deus e deixar-se absorver
mentalmente pela questão. A meditação deve preparar a oração e deve ser
consequência natural e inevitável do estudo. Mas, ela não é nem uma coisa nem
outra. A meditação não tem o escopo primário do diálogo e do relacionamento
como é a oração e não possui o método científico e sistematizado do estudo e da
pesquisa. É algo parecido com o ruminar, com o repetir e visitar várias e
repetidas vezes uma mesma verdade ou questão. É um tempo de absorção
que deve envolver este ato natural da razão, mas que vai aquecendo o coração,
iluminando a mente e a alma até chegar ao maravilhamento que leva à
contemplação. Os pais do deserto e os pais da Igreja atingiram grandes
experiências e chegaram a grandes conclusões, para si mesmos como para aqueles
a quem serviam como pastores e mestres porque cultivavam a prática da
meditação. O labor exegético de Lutero e Calvino são exemplos não só de estudo
diligente, de pesquisa séria e comprometida com a verdade, mas de maneira
especial, fruto bem amadurecido na meditação. Também os mais ilustres puritanos
como John Owen, Richard Sibbes, Baxter e Jeremiah Burroughs eram praticantes e
incentivadores da meditação diária. Quais os benefícios que um crente pode
obter da prática da meditação? Os dois primeiros são mais que óbvios. É o
prolongamento dos efeitos da oração e do estudo. É uma maneira segura de se
manter por mais tempo latente na mente o que foi dialogado com Deus na oração e
o que foi apreendido por meio de diligente estudo. Mas, a meditação
ajuda a centrar a vida nos essenciais da fé. É um poderoso auxílio para dar unidade
ao intelecto e ao coração e para organizar nossos afetos para com Deus e o
próximo. Outro importante benefício é, sem sombra de dúvidas, terapêutico,
pois, a meditação nos
ajuda a enxergar a realidade da vida com mais clareza, unidade, vislumbrando
consequências e nos recordando as promessas do Evangelho para a vida neste
mundo e no outro. A meditação nos arranca do pessimismo paralisante e do
otimismo inconsequente e nos coloca numa posição esperançosamente realista. A
meditação imprime cada vez com mais profundidade e nitidez a segurança da
salvação na alma do cristão auxiliando-nos assim, a enfrentar a cruz com bom
ânimo, a suportar a perseguição com coragem, a vencer as tentações sem
desespero e a esperar pela morte sem temor. A Bíblia oferece exemplos de
grandes meditadores: Moisés na solidão do Horebe, Abraão sob o estrelado céu do
deserto, Davi no ermo com os rebanho de
Jessé e o homem justo do Salmo 1, Jesus e seus muitos retiros para a solidão e
Maria mãe do Salvador, ‘que guardava todas as coisas no seu coração e nelas
meditava’ (Lc 2.19), para ficar com estes. Coloque a meditação entre os seus
exercícios devocionais e cresça na graça e no conhecimento do Senhor.
Uma das grandes tragédias da vida cristã de todos os
tempos e mais infelizmente sentida em nossos dias, é a ignorância que os
cristãos têm sobre sua real posição em Cristo. Por isso muitos deixam de
desfrutar grandes e gloriosas bênçãos que muito os ajudariam a vencer muitas
tentações, a suportar as tribulações e a serem consolados nas aflições. Não é a
toa que não poucos crentes têm naufragado na fé ou vivem confusos e perplexos a
sua condição de Filhos de Deus. Uma verdade imprescindível precisa controlar a
mente dos que creem em Cristo, a verdade de que se encontram agora numa outra
posição e categoria distinta dos demais homens. Isso não faz do cristão um ser
superior ou melhor. Absolutamente não! Mas, a Graça de Cristo nele o fez um
homem diferente, essencialmente diferente. Toda a humanidade pode ser
classificada apenas em duas categorias essenciais e fundamentais. As outras
distinções, embora verdadeiras e úteis para algumas áreas do saber, são
finalmente contingenciais! Estas duas categorias são: os que pertencem a Cristo
e estão radicados nele e os que pertencem ao mundo e estão enraizados nele. O cristão
é uma pessoa separada do mundo. Dele foi separado pela vontade soberana de Deus
em Cristo quando recebeu o Evangelho e a ele respondeu pela obediência em fé.
Foi separado espiritual e moralmente do mundo, foi-lhe implantado na alma um
princípio novo que governa, influencia e controla a sua vontade, as suas
escolhas e que esclarece a sua mente e inteligência na perspectiva da glória e
da vontade de Deus. Lendo-me alguém com certeza dirá: “aí vem esse cristão
colocando-se num compartimento à parte, numa categoria separada”. Respondo:
isso é perfeitamente correto. Não desejo ofendê-lo com minha declaração. Não me
sinto, em absoluto, ofendido com o seu questionamento. Creio e
Muitos cristãos,
infelizmente, reduzem a sua vida cristã à experiência da salvação e do perdão
dos pecados. Claro, este é o maior e mais importante e impressionante evento
que pode ocorrer ao homem desgraçadamente pecador. Todavia, isto não é tudo. É
o essencial, é o mínimo irredutível, é a experiência central da qual outras
tantas decorrem. Mas, a vida cristã tende a ser mais, mais que a salvação, mais
que a própria certeza intelectual e a persuasão moral da salvação. Na verdade a
vida nova em Cristo deve envolver e empenhar também as emoções, os afetos, o
prazer da alma e o deleite do espírito. É uma experiência a que todos os
crentes devem buscar, pedir a Deus em oração e desejar com ânsias de amor. Faz
parte daquele enchimento do Espírito Santo de que fala Paulo em Efésios 5.18.
Não é uma simples recomendação é antes uma ordenança. Quando estamos cheios do
Espírito somos levados a experimentar de maneira real a presença de Cristo
vivendo em nós, reinando absoluto em nosso coração e vencendo em nós o que
resta de nossa pecaminosidade. Quando as nossas emoções estão envolvidas e
santificadas e purificadas pelo enchimento do Espírito Santo somos levados a
enxergar toda a fealdade, a vileza, a odiosidade do pecado. Passamos a nos
entristecer pelo fato de ainda sermos pecadores e por termos deliberadamente
pecado contra o nosso amorável e dulcíssimo Senhor. Até que cheguemos a chorar
e a nos entristecer por nosso pecado é o Espírito Santo que é entristecido em
nós. Pois, a missão principal do Espírito Santo é fazer santas todas as coisas
e glorificar a Cristo. Logo, o pecado polui e contamina toda a realidade e
desonra a Cristo o que faz com que o Espírito que nos regenerou e habita em nós se entristeça.
E não é só. Tendo as nossas afeições tocadas pelo Espírito passamos a considerar a Cristo como o mais precioso
para nós, como a realidade mais espetacular, como o maior e mais esplendoroso
gozo de nossas almas e é o que ensina
Pedro: “Mesmo não o tendo visto, vocês o