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Assistam nosso culto pelo nosso canal na internet:
Desde sempre a igreja aprende e ensina algumas
verdades sobre Deus: que Ele é gracioso, amoroso, bondoso, gentil,
misericordioso e longânimo. Sobre Jesus Cristo, o Filho de Deus, a igreja
anuncia que Ele é “manso e humilde de coração”, que acolhe os pecadores, que é
cheio de compaixão e perdoador. Quanto ao Espírito Santo que procede de ambos,
os cristãos testemunham que Ele é sensível, que produz fruto de paz, bondade,
alegria, amor, autodomínio e etc. em quem o recebe. Que é consolador, fidedigno
instrutor, indefectível conselheiro. Esta é a mensagem central do Evangelho,
das boas notícias. Estas verdades vêm acompanhadas do anúncio da necessidade de
arrependimento, salvação pela fé somente em Cristo e das penas eternas. Contudo,
em nossa cultura escravizada pela ditadura do relativismo, nossa mensagem e
nossa convicção soam como pretenciosas e descabidas aos ouvidos de muitos.
Vivemos dias de verdade liquida, isto é, ela acomoda-se confortavelmente em
qualquer recipiente. Ela será o que cada um bem desejar que ela seja. Ou seja,
o que é verdade para uns pode não ser para outros. Não há absolutos morais. Não
há verdade absoluta. Absoluto, só o relativo. É neste contexto movediço
que somos chamados a fincar a bandeira do Evangelho. O conteúdo do que cremos
deve manter-se inegociável. Talvez devêssemos mexer com temor e criatividade
nas expressões, nos métodos e inclusive no ardor, nunca, porém, no conteúdo.
Nossa mensagem não está presa à moda ou a cultura. A mensagem do Antigo Livro é
atualíssima. O discurso de que a Bíblia não tem leis, recomendações e ensinos
para o homem contemporâneo só porque ela tem milênios de história é uma
falácia. Os grandes cientistas, por exemplo, já perceberam a lógica
físio-química do relato da Criação. Ali estão registradas todas as leis
indispensáveis e em ordem para que haja vida. As preocupações ecológicas são encontradas nas
Escrituras. Os arquétipos psicológicos
e psicanalíticos estão representados, tipificados, e inclusive tradados nas
riquíssimas e complexas personagens das Escrituras. Todas as vicissitudes
humanas estão ali contempladas: casamentos felizes e destruídos, filhos que
“deram certo na vida”, outros nem tanto, adultérios, homicídios, fracassos,
recomeços, amizades, guerras, corrupção política e religiosa e etc. A Bíblia é
honesta e transparente, não esconde e nem procura relativizar ou justificar as
falhas de caráter e os pecados de seus heróis: o hesitante Abraão, o velhaco
Jacó, o desobediente Jonas, o adúltero Davi, o estupro de Diná, a traição de um
apóstolo, a negação de outro, o irascível Paulo e etc. Também a Bíblia não tem
medo de listar comportamentos reprovados por Deus: mentira, idolatria, falta de
amor, incesto, homossexualidade, fornicação, hipocrisia religiosa, fofoca,
maledicência, julgamento temerário, desprezo, avareza e tantos outros. No
meio do caos de nossa cultura filo-transgressiva, cristofóbica e que não
suporta e nem aceira que haja distinção entre certo e errado, direita e
esquerda, claro e escuro, macho e fêmea, justiça e iniquidade, santidade e
pecado, somos chamados a dar o nosso testemunho de maneira corajosa, amorosa,
humilde e serviçal. Não cabe a nós o julgamento de quem quer que seja. Não cabe
a nós rotularmos ninguém. Nunca excluímos, não promovemos o linchamento moral
público (ou privado) de quaisquer pessoas. Antes, pelo contrário, o
Evangelho é uma proposta, é uma oferta livre, gratuita, mas com claríssimas e
inequívocas distinções. Não há ajustes, acordos e acomodações. Mas, não deve
haver imposições, violência da liberdade e da consciência. Também discordamos
de muitas coisas em nossa cultura. Discordamos do PL 122, por exemplo, tanto
quanto discordamos da corrupção política. Todavia, para cair num lugar comum,
discordamos mas, defendemos até a morte o seu direito de agir e pensar
diferentemente de nós cristãos. Só não aceitamos a mordaça que querem impor aos
que pregam o Evangelho ou o constrangimento de consciência que querem impingir
sobre os discípulos de Cristo tentando criminalizar a nossa mensagem. Concordo, porém, e reafirmo, que peca e
presta um desserviço ao verdadeiro Evangelho quem tem uma mensagem com base na
acusação, na jocosidade, na falta de respeito e dignidade, na negação do amor,
na exposição gratuita das pessoas que conosco convivem e conosco constroem a
cidadania. De nossa parte convidemos a todos
para que experimentem o poder do Evangelho.
Vivemos numa sociedade que abomina a realidade do
sofrimento. Por todos os meios tenta negar a sua existência. Muitos são os
meios empregados, desde a alienação das drogas lícitas e ilícitas, às técnicas
psicológicas e ás indústrias do cosmético e entretenimento. Também religiões
tradicionais falam do absurdo do sofrimento como uma contradição da existência
humana em face de seu propósito em ser feliz. A cultura contemporânea acusa o
cristianismo de ter glorificado o sofrimento, dizem que não faz bem para a alma
ser confrontada, por meio da cruz, com os lados desagradáveis da vida.
Por isso, infelizmente, no contexto cristão, ou pelo menos, que se faz passar
por cristão não poucas expressões eclesiásticas também anatematizam o
sofrimento e a imagem da cruz. Reputam o sofrimento sempre como uma ação
demoníaca, ou na maioria das vezes, oprimem os fiéis reputando à falta de fé e
de obediência à Deus o sofrimento experimentado. Claro, os demônios tem poder
limitado e limitada liberdade para impingir certos tipos de sofrimentos. A
incredulidade e a desobediência também trazem consigo os sofrimentos que lhes
são próprios. Mas, o fato é que, o sofrimento faz parte da contingência humana.
Todos seremos acometidos pelo “absurdo” do sofrimento, da contradição
unilateral dos elementos desta existência que escapam à nossa vontade ou
controle. Se o sofrimento fosse apenas uma simples questão de falta de fé ou
desobediência, o que teríamos a dizer de Paulo, Estêvão, Pedro e os mártires
todos que regaram o chão da Igreja com o seu sangue? Precisamos redescobrir a
espiritualidade da cruz como linguagem para entender e integrar o sofrimento
como parte essencial na formação de nosso caráter, mas também, como o marca de
genuinidade de nossa fé vivida na contramão dos valores e das medidas deste
mundo. Os cristãos antigos perguntavam menos pela razão do