Família
“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e
mulher os criou”
(Gn 1.27).
Naquele famigerado domingo na votação quanto a
admissibilidade do impedimento da presidente Dilma na Câmara dos deputados em
Brasília, muitíssimos votos foram dedicados às famílias, às esposas, namoradas,
filhos, netos e por aí vai. Seria um motivo de contentamento para todos se
aqueles senhores e aquelas senhoras não fossem eles mesmos em grande maioria,
causadores de grandes atentados e de uma enormidade de males que destroem e
fazem correr grande perigo a instituição familiar. Quantas leis foram elaboradas
por esses servidores públicos que atentam contra a sacralidade da vida humana
ofendendo exatamente o seu santuário e proteção que é a família. Desde a
instituição oficial do divórcio em 1977 e a sua regulamentação em 26 de
dezembro daquele ano sob a tutela do senador Nelson Carneiro até a regulação
das relações homo afetivas, a família sempre sofreu crescentes afrontas e não
poucas derrotas. A família como instituição mais fundamental da sociedade e da
raça humana está em crise e muito dos males da nossa cultura como a violência
endêmica, o tráfico de drogas, as mortes “gratuitas e desnecessárias” dos
nossos jovens, as doenças sexualmente transmissíveis e etc. nunca serão
enfrentadas suficientemente e nunca cederão em seus avanços até que todos
entendamos que a cura deve ser levada à raiz. Leis, projetos sociais, sistemas
pedagógicos e educacionais e mesmo as iniciativas da Igreja não passam de
auxílios. São auxílios indispensáveis é claro, mas nunca o bastante. Precisamos
investir na cura moral de nossas famílias. Claro, sei que este é um campo
minado em nossa cultura filo-transgressiva, todavia escrevo a partir de minha
cosmovisão cristã, a partir de minhas convicções cristãs protestantes e essas
me levam a considerar a família tradicional como um bem imensurável em seu
valor, insubstituível em sua função, imprescindível
em sua natureza e fim e uma fonte de humanização.
Sem famílias sólidas as bases do Estado são frágeis. Sem famílias sadias não há
igrejas saudáveis. Sem famílias que cultivem e transmitam valores não há
sociedade que possua princípios. Precisamos restaurar o apreço, a honra e a
dignidade da família. O mês de maio é um tempo especialmente dedicado à
consideração da família à luz da Bíblia na Igreja Presbiteriana do Brasil. Não
desejamos pensar em nossas famílias à luz de outros conhecimentos válidos, a
priori. Não abrimos mão absolutamente, das contribuições da psicologia, da
sociologia, filosofia, medicina e etc. claro que não. Mas, o nosso desejo é
sempre, e antes de tudo, nos certificar qual seja a ideia original, o plano
original de Deus para a família, para o casamento, para a geração de filhos e a
educação deles. A Bíblia possui registrado em suas páginas o que Deus intentou
para o homem e a mulher desde a origem do mundo. E, antes de qualquer outra
coisa, a Bíblia nos ensina que Deus criou o homem para ser feliz, plenamente
feliz. Eva foi trazida a existência para que Adão fosse integralmente feliz e
ele mesmo fosse causa de contentamento e satisfação para Eva. Antes mesmo da
Queda, do pecado original, crescer, multiplicar e encher a terra já fazia parte
da missão e da função do casamento, da família. Na verdade, a união do homem e
da mulher foi desejada por Deus como o fator multiplicador de felicidade,
bem-estar, gozo e pleno sentido da vida. Um caminho para a completa realização pessoal de ambos. Essa realização e
felicidade transborda dos dois unidos numa só carne e se materializa nos filhos,
bênção do Senhor para os pais. Numa cultura que se gaba de tanta sofisticação,
de tanta informação como a nossa, o que escrevo aqui parece simplista demais,
ridículo demais, obtuso e estreito demais para ser facilmente aceito. Todavia,
passados os eufóricos dias da modernidade (ainda vigente é verdade em muitas
formas) com a exaltação e autonomia da razão sobre a fé (religião talvez seria
melhor vocábulo), a humanidade viu todos os seus grandes projetos de
melhoramento da raça darem em nada. As duas grandes guerras, as ameaças
constantes de um flagelo nuclear, o constante choque cultural entre oriente e
ocidente e todas as tragédias humanitárias só testemunham em desfavor daqueles
que não levam à sério que o bem e a felicidade desejados pela humanidade passam
necessariamente pela família e não pelos acordos diplomáticos e sistemas
políticos somente. Mesmo porquê a maior dádiva que já alcançou a humanidade, o
Senhor Jesus Cristo, foi dado a nós por meio de uma família. Uma pobre, humilde
e até àquela altura, insignificante família, mas uma família. Se para salvar os
homens quis Deus nascer como homem numa família, porque razões nós, poderíamos
planejar nossa existência aqui abrindo mão da família? Oremos e lutemos pela
família!
Rev.
Luiz Fernando é ministro da Igreja Presbiteriana Central de Itapira e
Professor
de Teologia Pastoral e Bioética no Seminário Presbiteriano do Sul e
de
Filosofia na Faculdade Internacional de Teologia Reformada – Fitref.
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