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sábado, 7 de maio de 2016

MENSAGEM PASTORAL

Família
“Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” 
(Gn 1.27).

Naquele famigerado domingo na votação quanto a admissibilidade do impedimento da presidente Dilma na Câmara dos deputados em Brasília, muitíssimos votos foram dedicados às famílias, às esposas, namoradas, filhos, netos e por aí vai. Seria um motivo de contentamento para todos se aqueles senhores e aquelas senhoras não fossem eles mesmos em grande maioria, causadores de grandes atentados e de uma enormidade de males que destroem e fazem correr grande perigo a instituição familiar. Quantas leis foram elaboradas por esses servidores públicos que atentam contra a sacralidade da vida humana ofendendo exatamente o seu santuário e proteção que é a família. Desde a instituição oficial do divórcio em 1977 e a sua regulamentação em 26 de dezembro daquele ano sob a tutela do senador Nelson Carneiro até a regulação das relações homo afetivas, a família sempre sofreu crescentes afrontas e não poucas derrotas. A família como instituição mais fundamental da sociedade e da raça humana está em crise e muito dos males da nossa cultura como a violência endêmica, o tráfico de drogas, as mortes “gratuitas e desnecessárias” dos nossos jovens, as doenças sexualmente transmissíveis e etc. nunca serão enfrentadas suficientemente e nunca cederão em seus avanços até que todos entendamos que a cura deve ser levada à raiz. Leis, projetos sociais, sistemas pedagógicos e educacionais e mesmo as iniciativas da Igreja não passam de auxílios. São auxílios indispensáveis é claro, mas nunca o bastante. Precisamos investir na cura moral de nossas famílias. Claro, sei que este é um campo minado em nossa cultura filo-transgressiva, todavia escrevo a partir de minha cosmovisão cristã, a partir de minhas convicções cristãs protestantes e essas me levam a considerar a família tradicional como um bem imensurável em seu valor, insubstituível em sua função, imprescindível em sua natureza e fim e uma fonte de humanização. Sem famílias sólidas as bases do Estado são frágeis. Sem famílias sadias não há igrejas saudáveis. Sem famílias que cultivem e transmitam valores não há sociedade que possua princípios. Precisamos restaurar o apreço, a honra e a dignidade da família. O mês de maio é um tempo especialmente dedicado à consideração da família à luz da Bíblia na Igreja Presbiteriana do Brasil. Não desejamos pensar em nossas famílias à luz de outros conhecimentos válidos, a priori. Não abrimos mão absolutamente, das contribuições da psicologia, da sociologia, filosofia, medicina e etc. claro que não. Mas, o nosso desejo é sempre, e antes de tudo, nos certificar qual seja a ideia original, o plano original de Deus para a família, para o casamento, para a geração de filhos e a educação deles. A Bíblia possui registrado em suas páginas o que Deus intentou para o homem e a mulher desde a origem do mundo. E, antes de qualquer outra coisa, a Bíblia nos ensina que Deus criou o homem para ser feliz, plenamente feliz. Eva foi trazida a existência para que Adão fosse integralmente feliz e ele mesmo fosse causa de contentamento e satisfação para Eva. Antes mesmo da Queda, do pecado original, crescer, multiplicar e encher a terra já fazia parte da missão e da função do casamento, da família. Na verdade, a união do homem e da mulher foi desejada por Deus como o fator multiplicador de felicidade, bem-estar, gozo e pleno sentido da vida. Um caminho para a completa  realização pessoal de ambos. Essa realização e felicidade transborda dos dois unidos numa só carne e se materializa nos filhos, bênção do Senhor para os pais. Numa cultura que se gaba de tanta sofisticação, de tanta informação como a nossa, o que escrevo aqui parece simplista demais, ridículo demais, obtuso e estreito demais para ser facilmente aceito. Todavia, passados os eufóricos dias da modernidade (ainda vigente é verdade em muitas formas) com a exaltação e autonomia da razão sobre a fé (religião talvez seria melhor vocábulo), a humanidade viu todos os seus grandes projetos de melhoramento da raça darem em nada. As duas grandes guerras, as ameaças constantes de um flagelo nuclear, o constante choque cultural entre oriente e ocidente e todas as tragédias humanitárias só testemunham em desfavor daqueles que não levam à sério que o bem e a felicidade desejados pela humanidade passam necessariamente pela família e não pelos acordos diplomáticos e sistemas políticos somente. Mesmo porquê a maior dádiva que já alcançou a humanidade, o Senhor Jesus Cristo, foi dado a nós por meio de uma família. Uma pobre, humilde e até àquela altura, insignificante família, mas uma família. Se para salvar os homens quis Deus nascer como homem numa família, porque razões nós, poderíamos planejar nossa existência aqui abrindo mão da família? Oremos e lutemos pela família!

Rev. Luiz Fernando é ministro da Igreja Presbiteriana Central de Itapira e 
Professor de Teologia Pastoral e Bioética no Seminário Presbiteriano do Sul e 
de Filosofia na Faculdade Internacional de Teologia Reformada – Fitref.

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