Sexo + Espiritualidade = Casamento
feliz!
“Glorificai a Deus no vosso corpo” (1Co
6. 20 b).
Estamos encerrando o mês dedicado à família da Igreja
Presbiteriana do Brasil. Foi um tempo especialmente marcado na Igreja
Presbiteriana Central de Itapira por estudos, palestras, cultos e um tempo de
oração e comunhão. Isso não quer dizer que o tema e a realidade da família
desde agora estarão ausentes de nossas preocupações, claro que não. Mas,
estamos encerrando um tempo forte exatamente para dar atenção às outras
realidades humanas e espirituais que também importam à saúde de nossas
famílias. Desejo abordar nessa pastoral dois temas de suma importância que para
muitos cristãos parecem antagônicos, sexo e espiritualidade. Por um ranço da
Teologia Moral Católica da idade média, sexo e espiritualidade se tornaram
coisas quase impossíveis de andarem juntas. Durante séculos a santidade e todas
as virtudes inerentes a ela só era possível aos monges, às freiras e aos
consagrados em estado de celibato ou virgindade. O casamento era quase um
pecado consentido para a procriação e a perpetuação da raça humana. Essa visão
reducionista e dicotômica da vida foi rompida com o advento da Reforma
Protestante e seu entendimento das Escrituras. Investigando as páginas da
Bíblia não foi difícil encontrar e situar a sexualidade dentro do plano e da
vontade de Deus para o homem e a mulher. O Senhor nos criou em condições
sexuadas e necessariamente complementares. Isso nunca quis dizer,
evidentemente, que um homem ou mulher solteiro seja menos humano por isso. Mas,
as Escrituras revelam que a primeira vez que uma sentença negativa sai da boca
de Deus se dá exatamente quanto ao isolamento criacional de Adão sem uma
companheira que lhe correspondesse “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2.18).
O sexo além de ser um princípio de diferenciação entre os gêneros, é também a melhor
maneira de construir uma personalidade integrada. Masculino e Masculino e feminino se exigem
para a construção de uma personalidade íntegra e integral. É na comunhão dos
diferentes que há a plena completude do Ser. Mas, o sexo entre os casais,
estabelecido e desejado por Deus, foi por Ele também regulado e só autorizado
dentro dos limites do casamento entre um homem e uma mulher. Isso porque o sexo
cumpre dentro do enlace matrimonial também um aspecto de santificação dos
cônjuges. Para nós cristãos o sexo é parte constituinte do nosso culto prestado
a Deus, quando em sacrifício vivo e santo de amor, nos oferecemos sem reservas
ao outro para a sua felicidade. Ao mesmo tempo, ao receber em nós o precioso
dom do outro, somos satisfeitos e fartados em nossas carências e atingimos uma
vida de completude. Sexo para nós não é só uma questão biológica e física,
coisas que não negamos e muito pelo contrário, entendemos ser parte do que
somos e não do que fazemos. Mas, sexo tem a ver com a nossa compreensão de que
tudo o que fazemos nessa vida e nesse corpo, fazemos para o Senhor, logo a vida
sexual abundante de um casal deve expressar mais a sua gratidão e a sua
satisfação com Deus que a tudo provê para a sua felicidade do que qualquer
outra coisa que possa e deva estar ligado à satisfação sexual. A sexualidade
saudável, que comunica graça e felicidade aos cônjuges, que inspira e provoca
prazer e gozo deve ser precedida também de uma outra comunhão de ambos.
Comunhão num só espírito com o Senhor. Individualmente e como casal, a
qualidade da intimidade com Deus influencia na qualidade da comunhão e da
intimidade de ambos. Na intimidade com Deus nossos afetos são purificados,
nossas paixões e desejos humanos são ordenados e santificados, nossas emoções e
nossas intenções são direcionadas para o bem do outro, mais que para a nossa
simples satisfação. No Senhor e por causa d’Ele compreendemos que nenhuma
relação que avilte, degrade ou humilhe a integridade física, moral e psicológica
do outro é abençoadora e fomenta a verdadeira união e felicidade de ambos.
Casal que ora juntos, que lê as Escrituras juntos e adora juntos em comunhão com
os demais irmãos, desenvolve um senso de pertença e uma atração mais rica e
mais proveitosa do que se pode imaginar. Uma vida sexual sadia também
influenciará decisivamente a nossa relação com Deus, em ação de Graças, com os
irmãos e amigos com amabilidade e serenidade e no cumprimento de nossos deveres
com mais disposição. Sexo e espiritualidade, não separe o homem o que Deus
uniu
Rev. Luiz Fernando é Ministro da Igreja
Presbiteriana Central de Itapira,
professor de Teologia Pastoral e Bioética no
Seminário Presbiteriano do Sul,
de Filosofia na Faculdade Internacional de
Teologia Reformada
e de História das Missões Mundiais no Perspectivas Brasil.
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