Família, o melhor investimento
“Se
alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família,
negou a fé e é pior que um descrente” (1 Tm 5.8)
O melhor investimento de um homem nesta vida é aquele
feito em seu bem mais valioso, sua família. Como diz o conhecido provérbio,
‘nenhum sucesso compensa o fracasso de uma família’. Infelizmente a nossa cultura
perniciosamente tem canalizado o nosso investimento para tantas outras áreas
que sobra muito pouco para fazer a nossa família render e lucrar. Muitos são os
apelos para que invistamos o nosso tempo na satisfação pessoal. A busca
desmensurada por prazer e bem-estar tem levado muitos indivíduos a viverem as
suas vidas desconectadas dos demais membros de sua família. Não raras vezes os
esposos possuem contas bancárias separadas e usam o que ganham sem informar,
planejar, prestar contas um ao outro. Muitos filhos já não participam do
sustento e da administração da casa quando passam a trabalhar. Os finais de
semana e os feriados invariavelmente são planejados para que a família não
fique mais junta. Em muitas famílias a sensação é a de que o lar é uma espécie
de pensionato cuja convivência é quase tolerada em troca de hospedagem e nem
sempre de pensão completa, apenas uma refeição ou outra e a pernoite. As vidas
parecem correr em paralelo sem nunca se misturar e se entrelaçar. Nesse estado
de coisas os afetos são instáveis e suscetíveis a tentações e convulsões, as
emoções são doentias e estão sempre em ebulição e os relacionamentos carecem de
significado. O celular, os tabletes e a internet em geral tem provocado o
isolacionismo e o distanciamento entre os membros de uma mesma casa. Ainda
hoje, uma boa conversa à mesa e uma roda de papo furado entre os membros de uma
mesma família é a melhor e a mais benfazeja ‘Rede Social’. Que coisas podemos e
devemos fazer para melhorar a economia do lar? (economia aqui
tem a ver com a dinâmica e a administração da vida família). Penso que a coisa
primordial é a reconexão. Precisamos
urgentemente de nos reconectar com os membros de nossa casa e essa reconexão
passa pelos afetos, pela devida importância dada ao outro e o reconhecimento de
que o outro é parte integrante e estrutural da sua vida e da sua personalidade.
Que você vive e existe um pouco também a partir do outro e que não se basta a
si mesmo. Essa reconexão pode exigir que a família tome algumas decisões
desconfortáveis e até difíceis nessa cultura e nesse tempo de individualismo
crônico. Talvez a diminuição de aparelhos de TV pela casa e pontos de tv a cabo
seja um começo necessário. Concentrar a assistência da TV num único local para
que todos possam participar afetivamente dos interesses e do entretenimento do
outro pode levar a família a uma maior interação. Quem sabe decidirem juntos de não levar celular para a
mesa e menos ainda para a cama. Uma outra coisa que muito pode ajudar nesse período
de reconexão e com certeza há de trazer mais maturidade e solidez às relações
familiares é o culto doméstico. Uma coisa que deve acontecer, no início, até
sem muita espontaneidade. Deve-se acordar entre os membros um dia e uma hora
onde todos tenham a disponibilidade e o compromisso para juntos estudar a
Palavra de Deus. Pode ser uma reflexão à luz do sermão dominical ou lição da
Escola Bíblica Dominical ou um capítulo de algum documento de nossa
confessionalidade. Outra ação imprescindível é estabelecer um dia na semana
dedicado à família. Pode ser um dia de passeio, de uma caminhada, de rever
fotos antigas, arrumar a gaveta das lembranças familiares e etc., precisamos
aprender a estimar a companhia uns dos outros. Ir à igreja juntos, frequentar a
mesma comunidade de fé, estarem juntos na adoração pública também é um grande
passo para um investimento com lucros espirituais, morais e psicológicos que só
faz ganhar em qualidade a vida da família. Há tanta coisa a ser dita aqui neste
espaço que mesmo este mês dedicado à família na Igreja Presbiteriana do Brasil,
não seria suficiente. Mas, uma longa viagem se faz dando o primeiro passo
então, ler atentamente esta pastoral e desejar ampliar a discussão para
aprofundar o tema em sua família e buscar juntos no Senhor qual a melhor
estratégia, já estaria de bom tamanho. Levante um diagnóstico espiritual,
afetivo e moral de sua família. Procure descobrir quais as áreas que estão mais
carentes de cuidado e atenção. Sem cobranças, moralismos e juízos temerários, mas
em amor, buscando sempre a direção de Deus, procure tomar com convicção e
confiança no Senhor, decisões que reconecte os membros da sua família entre si
e reconecte todos com o Senhor para que haja paz e vida abundante com lucros
para a eternidade para todos os seus.
Rev.
Luiz Fernando Dos Santos é ministro da Igreja Presbiteriana Central de Itapira
e
Professor de Teologia Pastoral e Bioética no Seminário Presbiteriano do Sul e
de Filosofia na Faculdade Internacional de Teologia Reformada – Fitref.
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