O amor por Jesus e a paixão missionária
“Se alguém não ama o Senhor, seja amaldiçoado. Vem,
Senhor!” (1 Coríntios 16:22).
Volta e meia eu gosto de ler os relatórios
missionários. São muitas as cartas que chegam, assim como e-mails e posts que
narram a vida, as lutas, as dificuldades e os triunfos dos nossos missionários
ao redor do planeta. Também gosto de ler as estatísticas missionárias, muitas
delas tecnicamente perfeitas, como resultados sérios de pesquisas realizadas in loco por missionários, antropólogos e
cientistas de outras áreas aplicadas à estratégia de missões. Surpreendo-me em
não poucos casos quando as necessidades humanitárias, as mazelas e misérias dos
povos e culturas ou qualquer outra coisa aparecem como o grande desafio para
que uma igreja, família ou jovem se decidam por missões ou para que firmem
qualquer tipo de compromisso missionário. Espanta-me o fato de que o apelo é
sempre feito em termos de urgência, porque ‘milhões morrem todos os dias sem
Cristo’, porque ‘muitos estão na miséria e nós aqui nos perdendo em nossa
abundância e em nosso pecaminoso desperdício’. Este apelo não é de todo injustificado
ou errado. A compaixão deve ser um dos elementos que sustentam uma vocação
missionária, não questiono e nem duvido. Eu mesmo já escrevi e ensinei isso em
outras ocasiões. Mas, o verdadeiro desafio e o verdadeiro apelo missionário têm
a ver com a intensidade de nosso amor por Jesus Cristo. É somente quando o Cristo se
torna a pessoa mais apreciada, o bem mais precioso, a posse mais necessária e o
relacionamento mais vital para um cristão, é que ele então será movido a fazer
coisas grandiosas por Ele. Coisas que façam seu nome conhecido, amado,
invocado, servido. Quando o nosso amor está abrasado dentro de nós e queimando o nosso
coração, sentimos a urgência de fazer com que Cristo receba toda a glória
possível do maior número de homens e mulheres a quem pudermos
alcançar. Desejaremos que Cristo seja exaltado em cada cultura, adorado
em cada língua, ouvido dentro de cada civilização. Investiremos o melhor de
nosso tempo, de nossos recursos e de nossas habilidades para que um número cada
vez maior de pessoas seja dado a Cristo como possessão a fim de que Ele exerça
a sua realeza e o seu senhorio. Missões, então, tem a ver com o quanto Cristo
tem de primazia, valor, importância para nós. Missões diz respeito ao quanto de
nossa afeição, de nosso deleite, de nosso prazer e de nossa satisfação estão
depositadas inteiramente em Jesus. É essa vida apaixonada pelo Senhor
que dispõe e cria em nosso coração lugar para a compaixão e a solidariedade
para com as demandas do mundo, dos povos e da pessoa humana em seu sofrimento e
alienação. A compaixão que nasce desse amor nos constrange a fazer pelo próximo,
onde quer que este se encontre, o mesmo que o Senhor fez por nós, isto é,
entregar livremente a nossa vida, assim como Paulo, como uma oferta a Deus.
Quanto menor for o nosso amor por Jesus, menor será o zelo por missões. Quanto
mais frio e acomodado for o nosso amor por Jesus, tanto mais seremos
insensíveis e indiferentes para com as demandas missionarias. Quanto mais
formalizada for a nossa relação com Jesus, menos voluntária e graciosa será o
nosso envolvimento com a pregação do Evangelho em contexto missionário. É a
exaltação de Cristo por um coração apaixonado que torna possível e real a
proclamação da misericórdia na vida dos que sofrem. Como levar os
corações a se apaixonarem por Jesus? Corações que amem a Cristo e se
comprometam efetiva e afetivamente com missões? Pregando a Cristo! Cristo deve
ser pregado de Gênesis ao Apocalipse. Cristo deve ser pregado nas doutrinas da
Graça e deve ser proposto na lei Moral e na ética. Cristo deve ser apresentado
nas orações, exaltado nos hinos e representado nos sacramentos. A Igreja
precisa ser ‘saturada’ de Jesus Cristo até pensar como Paulo: “Porque nada me propus saber entre vós, senão
a Jesus Cristo, e este crucificado” (1 Coríntios 2:2). Também devemos orar
pedindo ao Espírito Santo que nos leve a amar Cristo, a admirá-lo, a desejá-lo
e sobre tudo a obedecê-lo porque: “Quem
guarda os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama” (Jo 14.21).
Encerremos esse mês dedicado às missões decididos a crescer em nosso amor por
Jesus Cristo a tal ponto que o queiramos compartilhar com todos os homens, de
todas as nações a fim de confessá-lo para a salvação.
Reverendo Luiz Fernando
é
Ministro do Evangelho na Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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