Missionar, na primeira pessoa do Plural
“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma”
(At 4.32).
Em nossa última pastoral falamos sobre as missões como
o resultado da tomada de consciência e compromisso pessoal de cada cristão.
Hoje, desejo falar sobre a natureza cooperativa das Missões. Responder aos
imperativos bíblicos da missão não é tarefa para um só. Na igreja, não somente
o ministro ou algum especialista deve responsabilizar-se com a tarefa. As
missões não podem ser realizadas com “franco-atiradores”, com “lobos
solitários”, com pessoas que não conseguem trabalhar em equipe. As missões
exigem um trabalho de corpo com muitos membros articulados e em harmonia.
Precisamos aprender a trabalhar em compasso de complementariedade,
interdependência, mutualidade e reciprocidade. Precisamos urgentemente otimizar
nossos dons, carismas, ministérios e ofícios tendo em vista ao cumprimento da
Grande Comissão. Todas as forças vivas da igreja devem ser entendidas à luz do
mandato permanente de fazer missões até os confins da terra até que volte o
Senhor. O pastorado local deve ser entendido e vivido sob o comando de cumprir
o “ide”. As Escrituras não nos deixam ignorantes nesse sentido, basta ler com
atenção porque o Espírito Santo concedeu à igreja alguns para pastores e
mestres: “com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do seu
serviço...” (Ef 4.11,12). Ora, qual o serviço que os santos precisam
desempenhar de maneira sempre mais aperfeiçoada? - “Fazer discípulos de todas as nações” (Mt
28.19). Um pastor com mente e coração missionários há de pregar a Palavra de
modo que toda a sua igreja se sinta parte integrante e inextrincável da missão
de Deus no mundo. Levará a sua congregação a orar intercedendo pelos
missionários que estão no Campo e para que a porta da Palavra esteja sempre
aberta. Despertará suas ovelhas para comprometer-se financeiramente
para que haja sustento e recursos para que a obra avance pelos quadrantes do
planeta. Pela pregação e pela demonstração de que se preocupa apaixonadamente
com as missões, conscientizará seus irmãos no oficialato a estabelecer a
administração dos dízimos e ofertas como prioridade missionária local e
além-fronteiras. A chave para o despertamento missionário da Igreja, a
transformação de suas estruturas, de ‘estruturas de acolhida’ para ‘estruturas
de saída’ é a pregação expositiva. O púlpito é o segredo. Mais que os
necessários conselhos e departamentos de missões, é o púlpito que deve
promover, mobilizar, envolver e verdadeiramente equipar e enviar em missões.
Por isso, o título desta pastoral: ‘Missionar,
na primeira pessoa do plural’. Isto só é possível quando juntos escutamos a
Palavra de Deus, lida, exposta e aplicada no ajuntamento solene, no culto
público em nossa índole cooperativa de unidade na diversidade dos dons e
ofícios. É dessa realidade de membros num corpo bem ajustado e consolidado em
que cada parte coopera e efetua em amor a função que lhe cabe (Ef 4. 16), que
nasce a capacidade da Igreja de participar na “Missio Dei”, historicamente
realizada numa gama incontável de modalidades: pregação, ensino, assistência
médica, socorros em desastres naturais e conflitos bélicos, plantação de
igreja, desenvolvimento social comunitário e etc. ‘Nós missionamos’ tem a ver com
a nossa alegre, comprometida e útil participação na vida comunitária da Igreja.
Tem a ver com o exercício generoso e cheio de amor de nossos dons para o
crescimento dos irmãos e no zeloso cumprimento de nossos deveres em nossos
ofícios e ministérios. Missionamos quando nos esforçamos para fazer dos limites
denominacionais instrumentos para o serviço e para a cooperação e não barreiras
desnecessárias que só dificultam o avanço do Evangelho. Missionamos quando
chegamos à maturidade de que se o essencial de uma Confissão de Fé ou corpo de
doutrinas é aquele suficiente para a manutenção da sã doutrina e do
cristianismo bíblico, as doutrinas secundárias não devem impedir-nos de
trabalhar juntos, socorrer-nos em nossas dificuldades e manifestar apoio,
apreço e contentamento nas vitórias alheias. Missionamos quando fazemos de todo
o possível para não rasgar a “túnica inconsútil” de Cristo e também missionamos
quando por amor à verdade não hesitamos em nos separar de quem não ama o Senhor
Jesus com sinceridade e na verdade. Nós missionamos!
é Ministro da Igreja Presbiteriana Central de Itapira – SP.
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