Eu também vos envio!
“Vão pelo mundo todo e preguem o
evangelho...em meu Nome” (Mc 16. 15.17).
O mimetismo é uma condição essencial para o
discipulado cristão. Sem anular a nossa personalidade e sem negar a nossa
diversidade, o discipulado é uma vida de constante imitação. O discípulo
deve copiar, imitar as virtudes do Mestre. Todo discipulado autêntico contém
mais demonstração de como se faz, na prática, do que discursos e teorias.
Existe, é claro, espaço e mesmo a necessidade para a transmissão de
ensinamentos, valores, princípios e quem sabe regras. Mas, é a vida pelo exemplo e a
vivência com a convivência que manifesta a força e a capacidade de discipular.
Sendo assim, os discípulos de Jesus Cristo não podem se dar o luxo de querer
fazer algo que Ele mesmo não tivesse feito ou tivesse ordenado fazer. Também,
não receberam permissão para não fazer o que Ele fez ou deixar de realizar o
que Ele expressamente ordenou. Aqui está o nó górdio para a obediência á Grande
Comissão. A Igreja Cristã precisa reconhecer-se como discípula. Como
aqueles que estão no mundo para continuar fazendo o que Jesus fez pelo exemplo
de sua vida e segundo as lições que Ele nos comissionou e
nos enviou com as mesmas disposições dadas por seu Pai: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21). E
quais são as disposições que o Pai deu ao Filho e que este transferiu à Igreja,
aos seus discípulos? 1. A fecundação de Maria é uma
realidade sobrenatural. A vida da Igreja e sua vitalidade também. Assim como o
concurso humano não teve participação na gravidez de Maria, também a
vida e a missão da Igreja não recebem da iniciativa humana a sua capacidade. É
Deus que por meio de seu Espírito a vivifica e enche de dinamismo. 2. Jesus encarnou-se em um contexto histórico,
cultural e geográfico precisos. A Igreja também precisa encarnar-se em sua
realidade. Jesus cresceu, se desenvolveu, assumiu a cultura e lidou com as
questões e a adversidade de seu contexto, seja em Nazaré, seja na Judeia. A
Igreja precisa assumir a totalidade da realidade que a circunda. De
outra maneira jamais penetrará e interagirá de modo transformador em seu
contexto e a partir dele. 3. Jesus convidou homens e mulheres
para serem seus discípulos. Escolheu alguns para serem apóstolos e os enviou. Precisamos
como Igreja redescobrir o acolhimento, o convite gracioso para que venham os
homens e mulheres com quem nos encontramos. Devemos ter a coragem de
convidá-los para os caminhos do discipulado e para a habilitação da vida para o
serviço desinteressado e voluntário na Igreja e no mundo. 4. Jesus optou pelo
caminho dos pobres, marginalizados e indefesos. Opção, se preferencial, nunca
excludente, posto que mulheres de boa condição financeira, Escribas e Fariseus
também receberam atenção e compaixão de Jesus. Contudo, Ele mesmo afirma ter
vindo para os pobres (Lc 4.18). A Igreja discípula deve optar por
concretizar as boas novas nas vidas apequenadas e destruídas pelo pecado, pela
miséria, pela exclusão e pela violência. 5. Jesus veio para
reconciliar os homens com Deus. A Igreja é uma embaixada. O corpo diplomático
do Reino, e, nós somos Embaixadores: “Portanto,
somos embaixadores de Cristo, como se Deus estivesse fazendo o seu apelo por
nosso intermédio. Por amor a Cristo lhes suplicamos: Reconciliem-se com Deus”
(2 Cor 5:20). 6. Jesus veio para servir e não para ser servido. A Igreja não
pode ser afeita ao poder político ou econômico. Nem mesmo tem o direito de sonhar
com um império ministerial. Assim como o seu Senhor e Mestre ela vive da
recordação do exemplo da última ceia na tradição de João: Uma igreja serva,
lavadora de pés! O serviço humilde não é uma opção, mas uma ordenança (Jo 13). 7.
Jesus veio para revelar o imensurável amor misericordioso do Pai. A igreja deve
comunicar ao mundo este mesmo amor. Sem acepção de pessoas, sem discriminação
ou rótulo, sem preconceitos, sem privilégios excludentes devido a posição
social. Um amor todo inclusivo. Um amor, porém, exigente e santo.
Conquanto não julgue, também não se faz cúmplice do pecado. Mas, um amor que
não conhece barreiras capazes de vencê-lo. Que ao despedirmo-nos do mês
missionário na IPB não deixemos ir embora
a nossa condição de discípulos imitadores de Jesus. Reproduzamos, pois, em
nossas vidas e em nossa Igreja o ser, o sentir, o amar e o fazer do Senhor
Jesus, o missionário do Pai.
Rev. Luiz
Fernando - Pastor Mestre da IPCI
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