Mordomia e Missão
“Inclina o meu coração para os teus
estatutos, e não para a ganância”. Sl 119.36
Vulgarmente a expressão
mordomia é conhecida por se levar a vida na boa, “na flauta”, como dizem por
aí. É uma expressão que denuncia muitas vezes esbanjamento, opulência,
descompromisso. Contudo, para nós cristãos, mordomia é um mandato recebido lá
no paraíso mesmo antes da Queda. Mordomia tem a ver com administração,
gerenciamento, cuidado, desenvolvimento dos dons da criação confiados ao homem
pelo Criador. Deus colocou o homem no jardim que Ele mesmo havia
formado, para que este homem cuidasse com zelo e dedicação. Mas antes disso,
Deus confiou a Adão a tarefa de dar nome aos animais e possivelmente às plantas
e frutos também, embora não tenhamos este relato nas Escrituras. Depois da
Queda nada ficou diminuído da responsabilidade do homem em relação à mordomia.
Talvez a diminuição no prazer e o aumento nas dificuldades e limites impostos
pelos efeitos do pecado. Mas, o mandato permaneceu inalterado. Como imagem e
semelhança de Deus continuamos com o posto de Vice-reis da criação. Ainda
é nosso dever administrar sabiamente os dons a nós confiados. Avareza, ganância,
lucros exorbitantes e fáceis, desperdício, roubo, sonegação de impostos,
recessão dos dízimos e ofertas, propina, suborno e etc. são graves pecados. A
Bíblia reputa o pecado de idolatria a toda avareza e ganância: “Assim, façam morrer tudo o que pertence à
natureza terrena de vocês: imoralidade sexual, impureza, paixão, desejos maus e
a ganância, que é idolatria.”
(Cl 3.5). “Entre vocês não deve haver nem
sequer menção de imoralidade sexual nem de qualquer espécie de impureza nem de cobiça; pois estas coisas não
são próprias Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na
quantidade dos
seus bens".
(Lc 12.15). “Conservem-se livres do amor ao dinheiro e
contentem-se com o que vocês têm, porque Deus mesmo disse: Nunca o deixarei,
nunca o abandonarei". (Hb 13.5). “Tornaram-se
cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação. Estão cheios de inveja, homicídio,
rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros.” (Rm 1.29). “O
avarento põe sua família em
apuros, mas quem repudia o suborno viverá.” (Pv 15.27). “Em seu meio há homens que aceitam suborno para derramar sangue; você empresta visando lucro e a juros e obtém
ganhos injustos, extorquindo o próximo. E você se esqueceu de mim; palavra
do Soberano Senhor.” (Ez 22.12). “Assim,
achei necessário recomendar que os irmãos os visitem antes e concluam os
preparativos para a contribuição que vocês prometeram. Então ela estará pronta
como oferta generosa, e não como algo dado com avareza.” (2 Co 9.5). Com todos estes testemunhos bíblicos,
logo, fica claro que boa mordomia significa não deixar escravizar pelo amor
desmedido ao dinheiro, não usá-lo para financiar as nossas paixões e apetites e
não empregá-lo e investi-lo de maneira que Deus não seja magnificado. Não
se faz missões com um povo parcimonioso ou avaro. Não se faz missões com restos
e migalhas. Não se faz missões com rompantes de generosidade. As
missões só são possíveis com uma administração voltada para a glória de Deus,
com a consciência de que nada é nosso de fato, mas tudo está sob a nossa
administração e que os recursos, conquanto possamos e devamos desfrutar deles,
com deleite e gozo, mesmo aí, não podemos perder de vista a nossa
responsabilidade. Tudo foi confiado a nós para fazermos render em nosso turno
até que volte o Senhor, conforme lemos em Mt 25. 15ss. Esta pastoral é uma
chamada à consciência e a responsabilidade da comunidade presbiteriana da
Igreja Central de Itapira. Precisamos ser mais liberais, mais generosos,
melhores administradores dos bens e dons que estão sob nossa responsabilidade. Somos todos
responsáveis pelo avanço do Reino. Os recursos já foram entregues a nós. Os
meios já estão ao nosso alcance. Deus tem cuidado e providenciado para que eles
cheguem em nossos lares. Só nos falta agora uma boa mordomia. Uma
mordomia eficiente e fiel. Uma mordomia em vista do Reino, porque é
certo e seguro que um dia: "Depois
de muito tempo o senhor daqueles servos voltou
e acertou contas com eles.” (Mt 25.19). "Por isso, o Reino dos céus é como um
rei que desejava acertar contas com seus servos.” (Mt 18.23). “Assim, cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus.” (Rm 14.12).
Reverendo Luiz Fernando - Pastor da IPCI
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