Uma Igreja para a Cidade
“...o Reino
de Deus e a sua Justiça” (Mt 6.33).
Uma das metas da Igreja Presbiteriana Central de
Itapira é deixar de ser uma igreja na cidade, para se tornar cada vez
mais, uma igreja para a cidade. Isto significa que nossa compreensão da natureza
e missão da igreja, à luz do Evangelho, deve ser mais profunda. Devemos
crescer na compreensão, compromisso e vivência dos valores e realidades do Reino de Deus. De fato,
infelizmente, nossa compreensão e nossa prática concreta esbarram nos limites
da religião de consumo. Mas, o Reino é maior do que a Igreja. Os interesses do
Reino extrapolam, e muito, os limites da religião como sistema de culto,
transmissão de doutrinas, usos e costumes religiosos. É verdade que a missão da
Igreja nasce da adoração, pessoal e corporativa. É verdade que o reto
conhecimento das verdades doutrinais laça o fundamento indispensável que não só
justifica, mas ainda legitima nossa ação. Contudo, os interesses do Reino nos conduzem
para o encontro com o mundo e as suas
mazelas. Jesus Cristo é a própria personificação do Reino enquanto Ele
mesmo é seu Rei. Durante o seu ministério terreno, quando anunciava a chegada
do Reino em nossa história humana, Jesus o fazia com gestos concretos de
libertação, curas, promoção da dignidade da
pessoa, defesa e valoração da vida humana indo sempre ao encontro dos
pobres. psicológicos e psicanalíticos estão representados, tipificados,
e inclusive tradados nas riquíssimas e complexas personagens das Escrituras. Não
somente anunciou-lhes as Boas Novas e deu-lhes lindas lições para vida. Além de
desbaratar as obras do mal, ensinou os seus discípulos a fazerem o mesmo.
Deu-lhes poder espiritual para Isso. Assim, a Igreja desde sempre aprendeu que
o discipulado comporta e exige anúncio e compromisso com a transformação da
realidade. O Evangelho é sal, é luz, é fermento, é semente. Isto é, uma presença
que exerce poder de transformação da realidade que toca. Estas imagens deixam
claro que a mensagem e o estilo de vida dos cristãos devem fazer toda a diferença no contexto em
que está inserido. Não fomos salvos para nós mesmos. Antes, fomos salvos inclusive de nós
mesmos, de nossa vida egoísta e autocentrada em satisfazer os nossos apetites.
Logo, a nossa condição de novas criaturas em Cristo exige que vivamos
inteiramente para a glória de Deus. Glorificamos a Deus quando andamos em boas
obras. Podemos andar em boas obras como cristãos compadecidos
engajando-nos em trabalhos comunitários de maneira voluntária. Fazendo doações para
instituições e campanhas filantrópicas. Agasalhando e vestindo os nus e ou
compartilhando o nosso pão com os famintos. Boas obras são também
comportamentos éticos e o cumprimento de nossos deveres com pontualidade e
honestidade. Mas, como instituição, como ente social organizado, temos a nossa
responsabilidade social, a tradução contemporânea das Boas Obras. Como
atores sociais a Igreja Presbiteriana Central tem o direito de emitir sua
opinião, fazer - se ouvir nos fóruns de discussão e estabelecimento de
políticas públicas. Como segmento social, devemos estar atentos, fiscalizar e
propor ações de políticas sociais que melhorem a vida da coletividade
itapirense e de maneira especial para
alcançar os bolsões de pobreza e miséria de considerável parcela da população.
Contudo, esta participação e esta contribuição de nossa Igreja não são
suficientes. Precisamos organizar ministérios e organizações eficientes e funcionais
para cooperar com o poder público e outras organizações e iniciativas, para que
haja desenvolvimento, justiça social, vida digna e plena que redundará a seu
tempo, em uma sociedade mais harmônica e pacífica. Graças a Deus que alguns passos já estão
sendo dados nesta direção. Um bom exemplo disso é o Instituto Samaritano de Proteção
Social, uma instituição inspirada evangelicamente pela Igreja
Presbiteriana, que está ligada a ela por laços de confessionalidade, mas que
não pertence e nem é a Igreja Presbiteriana. É uma instituição criada para
desenvolver e executar projetos de resgate da dignidade da pessoa e
desenvolvimento do potencial humano. Hoje, quase um ano depois de sua
inauguração, dois são os projetos ainda incipientes, mas já cheios de bons
frutos. O trabalho com os moradores de rua, ou mais tecnicamente falando, com a
população em situação de rua e um projeto com crianças em situação de
vulnerabilidade social no bairro do Tonolli. Há muito para ser feito. Não
chegaremos sozinhos a lugar algum, contamos com bons parceiros e desejamos
ampliar nossa rede de amigos. Nossa
ambição não é o poder, mas o serviço. Por isso, queremos ser uma Igreja
para
Itapira, mais que uma Igreja em Itapira.
Rev. Luiz Fernando - Pastor da IPCI
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