Trindade Adorada
“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um” (1 Jo 5. 7).
O calendário cristão ao
retomar o tempo comum ou ordinário, após o período de cinquenta dias da páscoa,
traz consigo a solenidade da Santíssima Trindade. Na verdade, o ciclo foi
aberto na estação litúrgica do Natal. Deus, o Pai, envia das alturas o Filho
para cumprir o plano da redenção. Na estação da Páscoa, o Filho enviado no amor
e no poder do Pai, cumpre cabalmente a missão recebida. Em Pentecostes, ainda
dentro da estação pascal, o Espírito Santo é enviado sobre aqueles que, eleitos
pelo Pai, foram redimidos pelo Filho e agora selados e preservados pelo
Espírito. Esta doutrina da Trindade, longe de ser uma especulação abstrata, é na
verdade a conclusão inevitável a que a Igreja foi conduzida pela lógica do
“teodrama”. A reta compreensão do Evangelho não pode nunca
prescindir-se de um Deus Trino e Uno. Pois, o Deus do Evangelho (da Bíblia), se
revela e nos redime exatamente como Pai, Filho e Espírito Santo. Celebrar
a Trindade significa que a igreja mesma se identifica e deve buscar assemelhar-se
ao caráter e ás relações existentes entre as beatíssimas pessoas no mistério
revelado da Trindade nas Escrituras. A primeira verdade a que a Igreja
é conduzida diz respeito à unidade. A Trindade é essencialmente Una. Um
mistério que não cabe na lógica limitada humana, mas que é asseverada pela
inerrante revelação bíblica. A unidade da Trindade deve ser refletida na vida
da igreja local. A unidade tem como base estrutural a verdade. Deus não pode
mentir, não pode deixar de ser o que é. Não pode negar-se ou fazer, dizer e
exigir algo que decretou, decidiu ou que contrarie a sua natureza santa. Os
“três Benditos”, não podem contradizer-se, negar-se, ofender-se ou coisa
parecida. Nada fazem por rivalidade, divergência ou competição. Onde um está, o
outro se faz presente. Onde os
“três”, está o essencialmente “Um”. Assim, uma igreja local deve buscar a sua
unidade com base exclusivamente na verdade. Na verdade das Escrituras. Na
Verdade doutrinal. Nunca em arranjos de qualquer natureza de poder político ou
econômico. O Deus Trino é um Deus-Comunhão. Comunhão com base no amor mútuo,
no amor devoto, gratuito, incondicional e de entrega de ambos. Pai, Filho e
Espírito Santo estão unidos e vivem eternamente numa indefectível e
indestrutível relação de amor. E mais, Eles desejam que suas criaturas
participem desde agora e na eternidade, de maneira sempre mais feliz e perfeita
essa realidade da comunhão. Somente a doutrina da Trindade explica de
modo adequado como aqueles que não são Deus, passam a ter parte na comunhão do
Pai, do Filho e do Espírito Santo. Essa mística comunhão deve ser
experimentada na alma, no coração do crente, mas deve ser experimentada também
na vida orgânica e na dinâmica da vida eclesial. Somos chamados, por nossa nova
natureza-identidade, a desejar, produzir, zelar e gozar a comunhão dos
“Santíssimos Três”, na real comunhão dos santos na igreja. Amar o irmão, zelar
por sua reputação, defender a sua honra, alegrar-se com o seu progresso, chorar
em suas dores, alimentar amizade saudável e etc., são atitudes inevitáveis para
aqueles que trazem sobre si a benção da formula batismal. A comunhão na igreja
deve ser um reflexo da Trindade na profissão e na vida de fé de cada crente. A
Trindade é uma “comunidade em missão”. Cada pessoa da trindade, bem como a
perfeitíssima unidade da Deidade, estão em missão o tempo todo, inclusive nesse
exato momento, Deus está agindo no mundo. Age de maneira livre e
soberana, de maneira direta e desimpedida sobre a história e a criação. Age de
maneira ordinária por meio de seus agentes, dentre eles, a Igreja. Assim como a
Trindade, a Igreja deve construir a sua identidade na missão. Ela é
tanto mais Igreja do Deus Trino, quanto mais envolvida estiver com o que o Pai,
o Filho e o Espírito Santo estão fazendo no mundo. A última característica
que gostaria de ressaltar aqui é a santidade da Trindade. “As Três Pessoas” são
corretamente chamadas de santíssimas. Deus é santo, santo, santo, como cantam
os arcanjos, os anjos e os santos por toda a eternidade. Assim, a Igreja e cada
cristão, devem ter em altíssima estima, em grande desejo, e buscar com todas as
forças pelos meios ordinários, a sua santidade comunitária e pessoal. A Igreja,
ícone da Trindade e um crente, que nesse nome foi selado, devem refletir no
mundo a santidade da Trindade hoje adorada.
Reverendo Luiz Fernando
é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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