Pentecostes: A Igreja para o mundo!
“E graças a Deus, que sempre nos
faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a
fragrância do seu conhecimento” (2 Co 2.14)
A festa de Pentecostes está
desde sempre na vida da igreja. Nós a herdamos da igreja do Antigo Testamento
quando o povo, sob a tutela de Moisés, celebrava o dom da Lei dada por Deus no
Sinai e manifestava gratidão pela bênção da abundância e provisão dos alimentos
por ocasião das colheitas. O Senhor Jesus Cristo mesmo celebrou anualmente esta
festa, quer com a sua família, quer com os seus discípulos. Cinquenta dias após
a páscoa de sua ressurreição e dez dias após as sua ascensão aos céus, Jesus
Cristo envia sobre os discípulos reunidos em Jerusalém o dom da promessa do
Pai, o Espírito Santo, aplicando assim a obra realizada na cruz na alma dos
crentes e finalizando assim os atos redentivos em benefício dos eleitos. É
sempre bom recordar que os discípulos ainda estavam hesitantes, ainda um tanto
incrédulos, suas mentes estavam confusas num misto de alegria indescritível,
perplexidade e temor. Por isso, enquanto observavam a ordem dada de permanecer
em Jerusalém até que a promessa fosse outorgada, mantinham-se reunidos, com as
portas fechadas e temendo por suas próprias vidas. A igreja estava na
clandestinidade e sem autoridade para tornar pública a sua mensagem e o seu
testemunho. Quando o Espírito repousa sobre os discípulos como línguas
de fogo, os Apóstolos são então, empoderados e autorizados a falar no nome de
Jesus. Pedro, o primeiro entre os seus iguais no colégio apostólico, quebra o
silêncio da Igreja e servindo-se da providência divina que reuniu no dia de
Pentecostes homens vindos de todas as partes, representando as nações, anuncia
o Evangelho que é poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. Homens
das mais variadas línguas, por ação sobrenatural do Espírito Santo, são
capacitados a ouvir em seu próprio idioma as maravilhas de Deus e suas promessas feitas
aos profetas, como Pedro citando Joel, bem diante de seus olhos. Aqui
nasce a Igreja Cristã. A comunidade de Jesus Cristo não é uma religião tribal,
étnica, cultural ou linguisticamente peculiar. A Igreja é uma comunidade
aberta, enviada, e inserida no mundo. É uma comunidade internacional,
multiétnica, transculturada e contextualizada. Sua mensagem deve ser entregue a
todos, em todos os lugares, em todas as culturas e na forma de compreensão
própria de cada povo, na riqueza e nas debilidades de cada língua. A
Igreja que irrompe de Pentecostes é a comunidade que deve curar o fosso de
separação que ocorreu em Babel quando a confusão das línguas separou os povos,
os corações e propiciou o “estranhamento” entre as nações. A catolicidade da
Igreja não importa em uniformidade e uniformismo. Antes pelo contrário, a
mensagem do Evangelho é ‘supra cultural’, isto é, está acima de qualquer
cultura e a todas transcende. Nunca deveria destruir as riquezas dos povos,
antes enriquecê-las naquilo que é compatível ou moralmente neutro em relação à
vontade de Deus. O Evangelho, a mensagem da igreja, visa corrigir, transformar
e abolir, apenas e tão somente aqueles elementos culturais de um povo ou
sociedade, quando esses são moralmente incoerentes com a Palavra de Deus,
ataquem a dignidade humana e são produtos da depravação e perversidade dos
corações caídos e claras sugestões satânicas. Nunca essas verdades foram tão
necessárias e tão amplamente consideradas politicamente incorretas como essas
supracitadas. Todavia, a verdade não pode ser detida. Desde Pentecostes, a Igreja é uma
Igreja para o mundo e a ele deve dirigir-se fiada exclusivamente na suficiência
do Espírito Santo que desde aquele dia vive na Igreja e a impulsiona a cumprir
sua tarefa de levar aos povos, nações, raças e línguas a mensagem do Evangelho,
fazendo discípulos. Na manhã de Pentecostes, como resultado da pregação
de Pedro, como consequência do ministério inaugural do Espírito Santo, três mil
homens foram convertidos e pediram o batismo cristão. Depois desse evento,
Lucas nos relata em Atos, que dia a dia o Senhor acrescentava à igreja os que
iam sendo salvos. Desde então, perseguições, guerras, epidemias, deserções,
dissenções, catástrofes, rondam a igreja. Contudo, o Espírito que dela não pode
e não quer afastar-se, a preserva e a empodera em triunfo e assim as Palavras
de Jesus se cumprem em sua história bimilenar de presença neste mundo hostil:
“...sobre esta pedra edificarei a minha
igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
Rev. Luiz Fernando
é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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