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sábado, 20 de maio de 2017

MENSAGEM PASTORAL

O Campo de Itapira: Aqui é o lugar das Missões
“Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do maligno” (Jo 17.15).

Itapira desde cedo entrou para a vanguarda da história da igreja evangélica brasileira. A cidade, ainda conhecida como Penha do Rio do Peixe, foi uma das primeiras a receber o evangelicalismo de missões no Brasil. Quando a igreja presbiteriana ainda engatinhava em solo pátrio já em 1874 os primeiros missionários chegaram por aqui. George Chamberlain foi o pioneiro nessas paragens. Além de pregar de maneira inaudita o Evangelho de Tradição Protestante aqui em Itapira, batizar os primeiros conversos da família Bologna, esse mesmo missionário foi o precursor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, referência em excelência acadêmica no Brasil. Simultaneamente à presença de Chamberlain e substituindo a esse, estiveram por aqui os Reverendo Edward Lane e George Nash Morton que consolidaram a obra. Entretanto, os primeiros missionários e os primeiros convertidos de Itapira não são exatamente a primeira presença protestante por aqui. O Evangelicalismo de imigração chegou junto com as famílias Sholl, Wismamn e Fray que aqui fixaram residência, sem, porém, receberem a assistência de ministros protestantes, coisa que passou a acontecer com a chegada dos presbiterianos. Passados 143 anos desde os dias de Chamberlain, a presença evangélica em Itapira cresceu muito, para o bem e para o mal. Quase uma centena de denominações estão atuantes hoje em nossa cidade, todavia, nem sempre essa presença significa verdadeira transformação sentida e profunda interação e cooperação para o desenvolvimento e a solução dos problemas comunitários. Muitas comunidades eclesiais só se entendem em termos de exclusivismo religioso, proselitismo e às vezes verdadeira alienação do contexto social, político e econômico de nossa cidade. Apesar de sermos muitos, nossa presença nem sempre é sentida no tecido social. Há muito o que fazer por Itapira, existem muitas áreas em que podemos e devemos cooperar, além de nossa tarefa irrenunciável de pregar o Evangelho e testemunhar a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador. Vivemos uma semana triste a que passou (escrevo essa pastoral em 14.05), lemos pelos jornais que um corpo de um desconhecido (até essa data) foi encontrado afogado no Ribeirão da Penha; dois assassinatos foram cometidos na cidade, um emblemático, bem em frente ao Fórum Municipal; um suicídio; um afogamento de adolescente e por fim, acabo de ler nas redes sociais, um trágico acidente com duas vítimas fatais em uma rodovia de acesso à nossa cidade. Isso sem falar nos inúmeros furtos, assaltos à mão armada, invasão e roubos a residências à luz do dia. Não menos triste é a sensação de que a Política local também cambaleia num jogo de interesses estranhos e difíceis de serem entendidos. Pautas, como a transparência, a fiscalização e prestação de contas, que deveriam ser levantadas e defendidas por todos, sem distinção ou coloração partidária, e justo em dias de ‘Lava Jato’, são ainda objeto de disputas. A igreja é chamada a ser sal e luz, isto é, convocada a colocar em prática uma nova ética comprometida com o bem comum, o fazimento da justiça social, a cooperação e efetiva participação na busca pela paz e o anúncio/denúncia proféticos do Reino que chega para suplantar os ‘anti valores’ desse mundo caído. Quando falamos de missões, quando nossas comunidades realizam as suas conferências sobre o assunto, sempre trazemos à tona as realidades da África, do Oriente Médio, da Ásia, ou do nordeste brasileiro. De fato, são contextos que reclamam a nossa oração, o nosso investimento, o nosso compromisso e o envio de servidores do Reino. Essas realidades, contudo, não invalidam o mandato permanente para as missões também onde estamos inseridos. Na verdade, toda legítima missão começa por onde estamos. Se não fazemos diferença profética e transformadora aqui, o que nos levaria a pensar que o Senhor se disporia a usar de nós em qualquer outro lugar? Os que são enviados, são aqueles mesmos que em sua origem já estavam comprometidos com a obra que Deus está fazendo no mundo, o que muda é um novo local onde continuar servindo em novos contextos e com novas estratégias, no mesmo Reino difundido além-fronteiras. Tomemos a consciência de que enquanto estivermos aqui, Itapira merece e reclama os nossos cuidados, o nosso amor, a nossa cooperação, a nossa destemida ação profética. Nós não somos nem de direita, nem de esquerda e nem em cima do muro. Somos de Jesus Cristo. Somos do Reino e estamos do lado da verdade e da justiça e desejamos fazer parceria com todos quantos, mesmo não crendo conosco, esposam os valores pelos quais vivemos. Missões em Itapira já! 
Reverendo Luiz Fernando 
é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira.

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