Porque Ele Vive...
“Ele não está aqui, RESSUSCITOU!”
(Mt 28. 6ss).
Há uma canção muito apreciada
por evangélicos e católicos cujo refrão diz algo mais ou menos assim: “porque Ele vive eu posso crer no amanhã,
porque Ele vive temor não há...”, confesso que sempre gostei muito de
pensar no significado profundo dessa frase. Na ressurreição de Jesus Cristo
não só os nossos temores comuns são desfeitos, mas aquilo que causa mais horror
e absurdidade à vida humana também é destruída, isto é a morte. Quando
celebramos a Páscoa de Jesus Cristo dentre outras coisas, celebramos a
esperança de que os horrores, as corrupções, os desmandos, as violências e as
mentiras deste mundo estão com os seus dias contados. Na força da ressurreição cremos
num amanhã melhor com o triunfo da justiça, da equidade, do amor e da vida
sobre a morte, o mal, o pecado e todo o sofrimento que deles decorre. A
Páscoa não nos faz sonhar com uma utopia, com um mundo de conto de fadas, mas
nos dá a certeza desde agora de que as sementes do Reino já estão germinando no
mundo. Que as trevas já estão cedendo o seu lugar para a luz de um novo dia e
que as lágrimas darão o seu lugar para o sorriso, o luto cederá a sua vez para
a festa, a depressão fugirá ante a presença da alegria, a ansiedade
desaparecerá e se perderá num mar de satisfação e de plenitude de vida. A cruz
e o túmulo vazios são o início de um mundo novo que lentamente vai sendo
formado e ganhando vida na história humana. Tudo o que aconteceu na cruz do
calvário e tudo o que Cristo nos conquistou e nos doou em sua ressurreição vão
aos poucos, no tempo de Deus, segundo o seu plano de alcançar muitos de todas
as tribos, raças, línguas, povos, nações, em todos os séculos, até que se
complete o número dos eleitos, tornando-se mensurável,
real. Já podemos em esperança contemplar o mundo novo
que surge do triunfo de Jesus na cruz e na ressurreição e assim mais se alegra
o coração cruz e na ressurreição e assim mais se
alegra o coração porque sabemos que de Páscoa em Páscoa caminhamos para a
Páscoa definitiva nos céus. Em cada Páscoa mais nos aproximamos, mais curto se
faz o caminho, menos longa se torna a nossa peregrinação e mais urgente se faz
a nossa missão. A ressurreição de Jesus nos faz sonhar com a glória, mas não
nos tira os pés do chão, os pés da realidade. Enquanto peregrinamos para a
pátria, por onde passamos e onde estamos presentes, somos convocados a disseminar
no mundo as muitas bênçãos recebidas. Não somos somente portadores da bênção,
senão, que somos mais ainda os seus distribuidores. Não a recebemos somente
para nós, mas a recebemos para uma tarefa muito específica, compartilhar com
mundo e anunciar as grandezas de Deus. A ressurreição e tudo o que ela
significa se traduz pela Comissão dada por Jesus ressurreto aos discípulos em
uma de suas últimas aparições antes da ascensão: “indo por todo o mundo e fazei discípulos” (Mt 28.19). (Fiz questão
de conservar um só verbo no imperativo nessa frase, mais consoante com o
original grego). Isto significa que enquanto vivemos o tempo de nossa
peregrinação, às voltas de viver aqui as nossas obrigações para com todos os
homens, os cuidados com a família e os amigos, o progresso da sociedade, a
manutenção da paz e da ordem, bem como a promoção da justiça e etc., há
uma ordem dada que não pode ser negligenciada: Fazer discípulos! A
ressurreição de Cristo fez de todos os discípulos, de todos nós, missionários
do Reino de Deus. Missionários equipados na igreja para servirmos no mundo, até
que todos os cidadãos do Reino tenham sido chamados pela pregação e pelo
testemunho. Quando esse dia chegar, e ele não demora a vir, tudo o que agora
contemplamos sob o véu dos sacramentos e imaginamos pela força das narrativas
Bíblicas se tornarão a mais pura realidade e os que por essas coisas aqui
suspiraram hão de deliciar-se no cumprimento de cada promessa nascida da cruz e
contemplada na ressurreição. Feliz Páscoa a todos. Feliz espera do dia que é já
e ainda não!
Reverendo Luiz Fernando dos
Santos
Ministro da Igreja Presbiteriana Central
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