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sábado, 19 de março de 2016

MENSAGEM PASTORAL

 Com Cristo à Cruz
 “E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém” (Lucas 9.51).

Com o domingo de Ramos damos início às celebrações da Páscoa de Jesus Cristo. É o início da semana das dores, da paixão do Redentor, da semana santa. Muitas são as lições a serem aprendidas nesses dias de grande significância para o cristianismo. Não se trata de repetir gestos, palavras e circunstâncias de maneira teatral quase patética, como se conseguíssemos mesmo reproduzir, ainda que psicologicamente, toda a carga emocional daqueles dias. Há muito mais que isso nas celebrações que envolvem esses dias. Com o domingo de Ramos os Evangelhos nos trazem a narrativa da última semana de vida e de ministério terrenos do Senhor Jesus. Os últimos sermões, a última viagem à cidade de Jerusalém, a última visita ao Templo e ainda a despedida emocionante de seus amigos e discípulos. Na Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, cujo evangelho é sempre o tema do sermão, somos convidados a repensar a nossa caminhada como comunidade de discípulos em missão no mundo. A Igreja do século XXI caminha perigosamente do centro da mensagem do Evangelho para a periferia de uma religião superficial, inconsistente, centrada no homem, que cultua o prazer e as riquezas, desprezando a mensagem do Cruz. Precisamos nos tornar uma Igreja crucificada, isto é, uma igreja que busca os essenciais do Evangelho numa vida de amor generoso, de desapego de cargo, títulos e poder. Uma igreja crucificada é aquela que escolhe  o  serviço  aos pequenos,  pobres  e  injustiçados.  A cruz nos impede de viver autocentrados numa agenda própria fazendo só o que gostamos, quando gostamos e com quem gostamos. Quando olhamos para Jesus entrando em Jerusalém aprendemos que Ele não ignorava o que o esperava lá. Subiu para a cidade santa com a decisão de entregar a sua vida em resgate dos pecadores. Entrou entre o alarido da multidão sem se deixar deslumbrar com os hosanas de um povo em festa, tendo os olhos fixos em fazer a vontade de seu Pai sem se desviar da cruz que o esperava. A igreja no Brasil  caiu no conto dos números e das estatísticas e foi tomada por um espírito de ufanismo e triunfalismo exatamente porque se deixou bajular e encantar por esta cultura perniciosa que torna o Evangelho atrativo, agradável, na moda, mas sem o poder de Deus e as suas inerentes exigências de santidade e justiça. Isso aconteceu porque a Igreja se esqueceu de sua missão quando desviou o seu olhar da cruz, quando passou a ignorar que sua  missão é morrer, é dar a vida, é deixar-se crucificar com Jesus para que outros tenham a vida. A semana da Paixão pode ser uma grande ocasião para retornarmos ao bom caminho do calvário. Teremos a oportunidade de ler as Escrituras, quer dos tipos do Antigo Testamento que apontam para o cordeiro pascal, quer do Novo Testamento que nos revelam o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, tendo Jesus Cristo como a mensagem mesma das Escrituras. Leremos as Escrituras à sombra da cruz vazia, à beira do túmulo vazio, porém, aos pés do Trono ocupado por aquele que esteve morto e ressuscitou para a nossa alegria. Aproveitemos estes dias de celebração, piedade e estudos bíblicos para corrigir a nossa caminhada como igreja. Voltemos todos da periferia da religião e de um culto formalizado e ensimesmado para uma adoração que nos convoque e envie em missão. Façamos juntos o voto de subir com Jesus a Jerusalém e com Ele e n’Ele entregar também a nossa vida em obediência ao Pai e em missão para que o Evangelho da paz transforme a estrutura dos corações, a fim de que a engrenagem deste mundo caído também seja modificada pela presença transformadora do Reino de Deus entre nós. Deixemo-nos como Igreja crucificar com Cristo para com Ele termos vida para doar em abundância a esse mundo de sofrimentos. Rumemos juntos à Jerusalém!

Reverendo Luiz Fernando 
Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira

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