A Igreja
como ensinadora
“E Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e
teve compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a
ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6.34).
Uma das mais importantes tarefas da igreja é ensinar,
educar na fé, na moral, nos bons costumes e nos valores do Reino de Deus. Sem
ensinamento não há anúncio eficaz do evangelho, não há discipulado maduro e
consistente e não há presença transformadora no mundo. Sem a paciente, amorosa,
didática e sacrificial tarefa de ensinar, mesmo o nosso culto, a nossa adoração
comunitária carecerá de racionalidade, de inteligibilidade e lhe faltará á
comunicação de qualquer verdade ou valor. Entre as muitas tarefas de
Jesus durante a sua missão terrena, enquanto caminhava entre os homens, Ele
dava prioridade ao ensino: “E aconteceu
que, acabando Jesus de dar instruções
aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar
e a pregar nas cidades deles” (Mt 11.1) e ainda: “E [Jesus] percorria as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém” (Lc 13.22). E quando
comissionou a sua igreja para a continuação de sua obra na história até o fim
dos tempos Ele disse: “Portanto ide,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo; Ensinando-os a
guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco
todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém” (Mt 28.19,20). Os
primeiros discípulos também se dedicaram ao ensino: “E Paulo e Barnabé ficaram em Antioquia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor”
(At 15.35); “E ficou ali um ano e seis
meses, ensinando entre eles a
palavra de Deus” (At 18.11). Todavia, o ensino deveria ser sempre o mesmo,
sempre fiel às verdades comunicadas, nunca uma interpretação ou um novo ensino:
“Se alguém ensina alguma outra doutrina, e
se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a
doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de
questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins
suspeitas” (1 Tm 6.3,4). Com o passar dos anos a Igreja viu surgir em seu
meio grandes mestres que ensinavam com autoridade, sabedoria, erudição e
piedade: Justino, Irineu, Cirilo de Alexandria, Jerônimo, Ambrósio, Agostinho,
Pedro Lombardo, Boaventura, Tomás de Aquino, Luthero, Calvino, Beza e tantos
outros. Insignes por sua erudição, irrepreensíveis em suas vidas, foram usados
por Deus para iluminar a Igreja em tempos de confusão e de crassa ignorância.
Os períodos de mais densas trevas na história da igreja estão intimamente
ligados à falta de ensino sistemático, consistente e acompanhado de verdadeira
piedade. Vivemos dias interessantes e de grandes oportunidades para a igreja
cristã. Não nos faltam plataformas e oportunidades para oferecer o ensino
conforme a verdade e a piedade. As redes sociais estão aí e precisam ser
ocupadas como ferramentas úteis ao Reino. Há ainda a Escola Bíblica Dominical,
os Cultos de Doutrina, os treinamentos que são oferecidos em todos os níveis,
desde a igreja local, o presbitério até os seminários e nossas escolas e
universidades. Mas, se não faltam professores e bons professores em nosso meio,
graças a Deus, nem sempre temos tido a bênção de ter bons alunos. Há muitos
curiosos e muitos que gostam de discutir posições doutrinárias secundárias,
práticas litúrgicas e outras questões de somenos. Evidentemente que existem
preocupações e questões sérias enfrentadas e debatidas, mas são raras as
pessoas que fazem isso com a devida reverência, humildade e seriedade. Precisamos
restaurar a tarefa educacional da igreja a partir de nossa igreja local.
Precisamos promover a valorização da educação formal na Escola Dominical e no
Púlpito. A formação informal nos pequenos grupos de discipulado e crescimento.
Valorizar os recursos das mídias, como nossa rádio web que pode oferecer cursos
bíblicos, teológicos e outros sem limitação de tempo. Precisamos investir em
recursos de mídia, literatura, capacitação de professores e etc. Mas de maneira
especial precisamos entender duas coisas. Primeira, ensinar é parte integrante
de nossa missão. Sem ela nossa missão não é integral, no sentido de não ser
completa. Segunda, nesse processo, enquanto ensinamos, nunca deixamos de
aprender, nunca poderemos sair dos pés do Mestre Jesus, o único que
possui TODA a autoridade para ensinar. Uma igreja que não ensina é uma igreja
que nunca aprendeu!
Rev. Luiz
Fernando
Ministro da Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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