Mês da Reforma
Protestante
“Mas julguem os senhores mesmos se é justo
aos olhos de Deus obedecer aos homens e não a Deus.”
(At 4. 19).
Dedicamos neste mês de maneira especial
nossa atenção ao Evento do qual somos todos devedores, a Reforma Protestante
cujo marco simbólico é o dia 31 de outubro de 1517. Neste dia, o frade
agostiniano Martinho Luthero teria afixado as suas noventa e cinco teses contra
a venda de indulgências por parte do frade dominicano J. Tetzel. O ato de fixar
teses convidando os acadêmicos e os interessados para debates em matéria de
filosofia, teologia, artes e etc. era uma prática comum daqueles dias. O
inaudito mesmo foi a crítica aberta á uma prática tremendamente lucrativa,
exploratória, grosseiramente supersticiosa e agressivamente contrária às
Escrituras exatamente por parte de um membro da hierarquia da Igreja Católica e
professor de uma das mais renomadas universidade da Alemanha. Evidentemente que as noventa e cinco teses ainda que
denunciassem esta prática criminosa e de lesa divindade, ainda sim era
simpática e conservava um tom de obediência e submissão ao papa. Luthero, nem
de longe, sonhava reformar a Igreja a partir de fora. Nunca quis romper com a Igreja
ou dela sair. O papa e seus dignitários que se fecharam às
contribuições e ao diálogo com os reformadores. Luthero jamais imaginou o
alcance do movimento por ele iniciado. A alcunha de protestante dado ao
movimento surgiu em 19 de abril de 1529 na Dieta de Spira, convocada por Carlos
V que tentou sufocar o movimento. Diante dos protestos dos “Lutheranos” em
reação às iniciativas da Dieta e do Imperador tentando subjugar o movimento ao
papa, sobreveio-lhes o rótulo de protestantes, que desde aqueles dias
ostentamos com humildade envaidecida. 496 anos depois dos primeiros
bafejos dos ventos reformistas valeria a pena perguntar quais frutos colhemos
desde então? humildade envaidecida. 496 anos
depois dos primeiros bafejos dos ventos reformistas valeria a pena perguntar
quais frutos colhemos desde então? 1. Conquistamos a liberdade de
consciência, coisa impensável nos dias da Reforma. Era crime divergir, pensar
diferente, possuir e outra visão das coisas.
Galileu Galilei, J. Huss e Tyndale que o digam. 2. Temos a liberdade de
examinar livremente as Escrituras. O que nunca significou interpretá-la
livremente. Mas também o que nunca nos limitou a interpretá-la atrelada
à Tradição ou a ao Magistério. Nós protestantes não desprezamos a
Tradição, absolutamente. Reconhecemos agradecidos á contribuição dos
pais da Igreja, dos Concílios da Antiguidade e de grandes pensadores. Somos
devedores a Justino, Irineu, Agostinho, João Crisóstomo, Tomás de Aquino e Alberto
Magno, para citar alguns. Acatamos muitas deliberações de Éfeso, Nicéia,
Calcedônia e Constantinopla. Contudo, colocamos a Tradição de maneira
subordinada e dependente das Escrituras, nunca em pé de igualdade com ela.
Também no tocante ao Magistério eclesiástico entendemos que as Escrituras
validam as ações da Igreja e nunca o contrário. 3. A separação entre
Igreja e Estado, a não ingerência da Igreja nos negócios do Estado e também a
liberdade da Igreja em matéria doutrinal e disciplinar em relação ao Estado são
conquistas dos Reformadores. À duras penas aprenderam e abriram caminho
para que ambas as esferas desejadas por Deus servissem em liberdade a Deus e aos homens nas
competências que lhes são próprias. 4. A educação
universalizada e fundamental também foi uma conquista da Reforma. Luthero e
depois Calvino exigiram que Estado providenciasse educação de massa para que
todos pudessem ler a Bíblia por si mesmos e também desenvolverem-se como pessoa
humana. 5. Os fundamentos da democracia moderna também se acham
formuladas nos dias dos reformadores. Os Estados protestantes em sua maioria
trocaram o “Bispo-rei” por presbíteros eleitos pelo povo. Também suprimiram em
muitos contextos a monarquai absoluta por representantes eleitos diretos pelo povo
e com mandato definido. A Suíça e depois a fundação dos Estados Unidos da
América dão provas históricas disso. 6. O grande avanço das artes
liberais e das ciências encontraram plena liberdade e muito incentivo em países
e culturas que abraçaram a Reforma Protestante. O mundo viu surgir uma nova
ética e uma nova civilização desde aquele longínquo dia de 31 de outubro de
1517. Todavia, o movimento reformador sempre teve a clara noção da
insuficiência dos seus feitos e das muitas carências e pendências ainda não supridas.
Por isso mesmo a validade permanente de seu moto: “Igreja Reformada, sempre carece
de Reforma”. Nas próximas pastorais do mês de outubro vamos aprofundar
nossa compreensão sobre a Reforma e a nossa herança religiosa e cultural como
protestantes. Soli Deo Glória!
Reverendo Luiz Fernando
Pastor
Protestante da IPCI
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