A urgência do discipulado – 1ª Parte
“Vão, e façam discípulos de todas as nações.” (Mt 28.19).
O conhecido e respeitado sociólogo cristão Paul Freston afirmou em um dos seminários dos 40 anos da Revista Ultimato, que a Igreja Evangélica brasileira jamais seria a maioria religiosa e confessional no Brasil. Evidentemente que não foi uma afirmação leviana, ele sustentou a sua tese com a clareza, didática e fundamento próprios de um docente. Nesta semana, o subsídio São Paulo da Revista Veja trás uma reportagem de capa interessante sobre a diversidade da religiosidade brasileira constatada no último censo do IBGE. O pluralismo chegou para ficar, é um grande desafio e também uma oportunidade para a missão integral e relevante da Igreja. A revista apresenta alguns dados surpreendentes: 1º - O Islã recebe novos adeptos a cada dia, as mesquitas e as comunidades islâmicas de muitos lugares no Brasil já possuem 85% de membros “nativos” convertidos, de brasileiros que aderiram á nova fé. 2º - Hoje, no Brasil, algo em torno de 4 milhões de nascidos em berços evangélicos se declaram crentes não praticantes e outros tantos se declaram cristãos mas não querem nenhum envolvimento com Igreja ou Comunidade de fé. 3º - A migração entre os neopentecostais - pentecostais e a insustentável infidelidade dos membros a estas expressões cristãs começam a apresentar sinais de saturação manifestados em dois movimentos excludentes entre si: A) Muitos pentecostais e neopentecostais começam a procurar guarida nas Igrejas históricas e mais alinhadas com a Reforma Protestante: Presbiterianas, Metodistas, Batistas etc. O que as atrai é o estudo diligente das Escrituras, a ética, a moral e os valores do Reino difundidos e defendidos por estas instituições. B) O outro fenômeno, surpreendente para dizer o mínimo, é que muitos egressos do ramo neopentecostal passam a freqüentar a umbanda e o candomblé, exatamente pelas muitas semelhanças cúlticas como transes, gritos e grunhidos, possessões, busca de soluções mágicas, usos de objetos sagrados e por aí vai. 4º - Os sem religião e sem Deus também já figuram entre os grupos de destaque nas pesquisas. Mas, será que Deus comissionou a Igreja para esta tarefa tão difícil sem aparelhá-la com os devidos instrumentos? Evidentemente que não. Além dos dons espirituais e a própria presença e ministério do Espírito Santo e as Escrituras, o Senhor indicou também estratégias para que a Igreja desempenhasse com êxito a sua missão e dentre estas estratégias podemos destacar o imprescindível e permanente mandato do discipulado. O grande êxito alcançado pela Igreja Primitiva e Antiga deveu-se ao grande investimento feito no discipulado pessoal e comunitário dos novos convertidos e das novas lideranças. Na Igreja Antiga o Catecumanato, com suas catequeses, escrutíneos e provas num processo formativo nunca inferior a três anos, era o grande divisor de águas entre os membros da Igreja e os pagãos. Depois havia ainda as didascalias, verdadeiros centros de treinamentos para a vida cristã, são famosas as escolas de Alexandria, Constantinopla, Roma, Lião, Antioquia e Cartago. Com o advento dos acontecimentos de 313, 325 e 375 quando a Igreja é oficializada no império Romano e depois estatizada pelo Imperador, as massas agora entram na Igreja sem o devido discipulado, recebem apenas os sacramentos sem nenhuma instrução (são sacramentalizados, mas não cristianizados) e rapidamente a deterioração moral, espiritual e ética corrompem a Igreja a ponto de os cristãos comprometerem a sua mensagem, doutrina e liturgia que progressivamente levaram a deformação da Igreja no século XVI. É bem verdade que Deus nunca deixou a sua Igreja desprovida de grandes líderes que continuaram apostando no discipulado formal e sistemático para preservar exatamente a herança dos santos: Ambrósio, Cipriano, João Crisóstomo, Agostinho, Irineu, Justino, Cirilo de Alexandria etc. A Reforma protestante foi sem dúvida uma volta ao discipulado e a instrução bíblica para a vida. Os catecismos de Lutero, Calvino, Bullinger e outros provam isto. Na semana que vem continuaremos a refletir sobre o lugar, a natureza e a necessidade do discipulado, personalizado e em pequenos grupos para a formação de cristãos autênticos e maduros e o surgimento de uma Igreja relevante e cheia de poder.
Luiz Fernando,
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