Duas
tarefas e poucos operários
“E lhes disse: "A colheita é grande, mas
os trabalhadores são poucos. Portanto, peçam ao Senhor da colheita que mande
trabalhadores para a sua colheita” (Lc 10.2).
A Igreja de Cristo
está a todo tempo envolvida com duas tarefas em pleno andamento e ainda não
acabadas. Uma tarefa ela recebeu desde os seus inícios apostólicos. A tarefa de
ir até os confins da Terra levando o Evangelho de Jesus Cristo para o
testemunho às nações. É necessário que todos os homens ouçam a pregação e o
chamado ao arrependimento e que recebam em nome de Jesus Cristo o perdão e a
vida eterna. Essa é uma tarefa que já avançamos muito, sobremaneira, nos
últimos dois séculos. O movimento missionário é, pala graça de
Deus, uma verdade nas igrejas mais jovens, aquelas usualmente chamadas do
terceiro mundo ou do centro sul do planeta. As igrejas nascidas das missões na
América Latina, África e Ásia estão respondendo ao chamado missionário e muitas
delas dando de sua pobreza, enviando homens e mulheres ao redor do planeta para
testemunharem do amor de Cristo. Mas, estamos longe de alcançar a meta
proposta por nosso Mestre e Senhor. Ainda existem povos e nações inteiras
alienadas de Cristo e ignorantes de seu Evangelho. Bilhões de homens e mulheres
vivem nas trevas e nada sabem do destino último e terrível de suas almas sob a
ira de Deus. Muitos vivem em toscas e cruéis idolatrias e em miseráveis
condições de vida, exatamente por que ignoram a liberdade e a graça que há em
Cristo Jesus. Aqueles países que um dia contribuíram para a expansão do
evangelho, mormente a Europa e em certa medida, os Estados Unidos, hoje possuem
igrejas débeis, inconsistentes e sociedades materialistas, consumistas e
plurais. O Evangelho pouco ou nada influencia a vida das pessoas
e em muitos países se quer pode ser proclamado publicamente. Mormente nesses países, mas extensiva a toda
a igreja, desde os dias da Reforma protestante, recebemos então a nossa outra
tarefa, a de Reformar constantemente a Igreja. Devido aos pecados de seus
filhos, santos e pecadores ao mesmo tempo, e aos ataques de Satanás e a
corrupção presente e atuante no mundo, a Igreja pode e experimenta
eventualmente, estágios de degenerescência. Esfria em seu amor, perde a
sua paixão por missões e evangelização, deixa-se aprisionar pela máquina e
pelas engrenagens da religião, tornando a relação com Deus e com os irmãos
formal, burocrática e sem vida. Por vezes, a doutrina e a moral são
contaminados pelo espírito de época e muitos elementos mundanos são
incorporados ao ensino e à prática das igrejas, inclusive na adoração. O
meio pelo qual a Igreja pode renovar-se e reformar-se constantemente, além da
oração, é passar constantemente a sua doutrina, a sua ética e a sua liturgia no
crivo purificador das Escrituras e submeter todas as coisas ao julgamento do
Espírito Santo cuja sede e jurisdição é exatamente a Palavra de Deus.
Ambas tarefas, Missões e Reforma, são empreendimentos que necessitam de
trabalhadores, de muitos trabalhadores qualificados, genuinamente vocacionados,
com maturidade e disposição para obedecer e perseverar até que tenham sido
dispensados pelo Senhor. No caso das missões a demanda é por cristãos
conscientes, mobilizados, compassivos e dispostos a obedecer. Não se trata de
um chamado específico ou sobrenatural. Todos os discípulos de Cristo são
testemunhas e por isso mesmo enviados ao mundo para dar a conhecer as
insondáveis riquezas de Cristo. Estão unidos de tal maneira a Cristo que
participam não só de sua vida, mas também de sua missão. Então, não se trata de um chamado
especial, mas de uma obediência intencional. O destino e o local para
aonde devo me dirigir para servir, será dado pelo Senhor da Missão por meio da
Igreja, em oração, consagração e ouvida a Palavra de Deus que age no mundo. Para
a tarefa de Reforma precisamos de homens e mulheres comprometidos com as
Escrituras e que amem a sã doutrina. Homens e mulheres que se sujeitem
em obediência às Escrituras no ensino e no testemunho da verdade, com
disposição férrea para não negociar os essenciais da fé e nem se deixar
capitular pelo pragmatismo, pela moda e novidades doutrinárias e que não
aceitem sacrificar no altar do ‘sucesso’ ministerial a fidelidade a Cristo e a
pureza da Igreja. Para esse fim a Igreja precisará de mestres e pastores que amem a
Cristo e a sua noiva apegados às Escrituras e nada ensinando ou
permitindo fazer que não esteja expressamente nelas ordenadas ou que pela luz
da natureza e prudência cristã, sob a orientação geral das Escrituras, não
possa ser oferecida à vida dos crentes. Nos dois casos, para as Missões e para
a Reforma, a tarefa está inacabada e existem muitas vagas em aberto. Basta você
dizer: ‘Eis-me aqui’.
Reverendo
Luiz Fernando
é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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