Missão e Ação Social
“Mas, quando der um banquete, convide os pobres, os aleijados, os mancos
e os cegos. Feliz será você, porque estes não têm como retribuir.” (Lc 14.
13,14)
A Igreja quando recebeu,
ainda no Antigo Testamento, o seu comissionamento missionário, recebeu-o como um
chamado para abençoar de maneira total e integral as nações (Gn 12). O
conhecimento de Deus implicava necessariamente também na proclamação de uma
libertação em termos totalizantes. Não somente a libertação da escravidão dos
ídolos e das falsas religiões, mas também a libertação de toda sorte de
tirania, opressão, escravidão (Ex 3) e também a diminuição das distâncias
sociais e o socorro e a transformação da pobreza indigna e desumanizante. A
responsabilidade social, bem como toda ação e assistência social são
preocupações tais nas Escrituras que encontramos 97 citações para o termo “pobre” (88 no AT e 9 no NT), 63 citações de “pobres”(36 no AT e 27
no NT), 17 para “pobreza” ( 12 no AT
e 5 NT). Também a riqueza de significado e a diversidade de vocábulos atestam
como a Bíblia entende a multiforme variedade da pobreza: em hebraico: ANI:
pobreza causada por aflição e opressão (Is
3.14). EBYON: Necessitado e
dependente, o que passa necessidades básicas: Dt 15. RASH: Os empobrecidos por espoliação, o que ficou
sem nada( 1Sm 2.8; 1Sm 12. 1-5).MACHSOR: Deficiente (Pv 6.10,11; Pv 21.17). DAL: Fraco, frágil (Am 5.11). RAEB: Faminto (Ez 18. 5-7). CHELKAH:
Infeliz (Sl 10.14). Em grego no NT: PTOKOS:
Mendigo, que não tem segurança alguma e é
dependente dos outros (Lc 21. 2-4; Mt 26.11; 1Jo 3.17; Mt 5.3; 2Co 8.9). Desde logo compreendemos
que as Missões exigem este compromisso e esta responsabilidade para com o pobre
e a pobreza, seja ela de que natureza for. Entretanto, o serviço social por si
só, não legitima e nem esgota a índole missionária do povo de Deus. Outras instituições também
fazem assistência social e ação social até mesmo com mais recursos, capacidade
e eficiência que a Igreja. Também estes, segundo a esfera que lhes é própria,
são instrumentos nas mãos de Deus. Todavia, para a Igreja, numa perspectiva
bíblica, não há que se falar em Missões sem falar em ação social. Não existe
missão parcial ou exclusivamente de natureza religiosa. Não existe legitimidade
e nem autoridade em um Evangelho que só se preocupasse com a alma e o porvir. É
certo que o anúncio, ensino e pregação da Palavra de Deus possuem a primazia.
Foi para isto que fomos salvos, “para proclamar as grandezas, as excelências
daquele que nos tirou das trevas” (1. Pe. 2.9). Entretanto, o anúncio deve ser
acompanhado de sinais e gestos concretos que creditam o que falamos e
ensinamos. A ação social, em forma de ministérios ou ONGS cristãos são a
tradução concreta do amor que recebemos, sentimos, vivemos e queremos
comunicar. Os pobres sempre desafiaram os discípulos e a Igreja em sua missão:
“Vá vende os seus bens e dá o dinheiro
aos pobres” (Mt 19.21). “Pois os
pobres vocês sempre os terão consigo.” (Mt 26.11). “manda embora o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos
comprar algo para comer. Ele [Jesus], porém, respondeu: Dêem-lhes vocês algo
para comer” (Mc 6. 36,37). “Se alguém
tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer
dele, como pode permanecer nele o amor de Deus?” (1Jo 3.17). E os
discípulos e a Igreja nunca se furtaram a esta provocação, antes pelo
contrário, respondeu aos anseios de Deus pelos desvalidos, reconheceu o rosto
desfigurado e sofredor de Cristo nos pobres e rejeitados e deu os seguintes
passos, sem os quais a nossa presença também em Itapira carecerá de qualquer
validade ou relevância: 1. Devemos
desenvolver e nutrir empatia e compaixão para com os abatidos: Mt 14. 14. 2: “teve compaixão deles e curou os seus doentes”.
2. Socorrer imediatamente: “eu tive fome, e vocês me deram de come; tive sede, e vocês me deram de
beber; fui estrangeiro e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me
vestiram; estive enfermo e vocês cuidaram de mim; estive preso e vocês me
visitaram.” (Mt 25. 35,36). 3. Estruturar-nos: é o que
aprendemos de Atos 6, na instituição dos diáconos. Devemos pregar com audácia o
Evangelho. Devemos ser criativos e usar de boas estratégias para ganhar o maior
número possível de almas para o senhorio de Jesus Cristo. Mas, jamais podemos
esquecer a recomendação do Concílio de Jerusalém para a equipe missionária de
Paulo: “somente nos pediram que nos lembrássemos dos pobres.” (Gl 2.10).
Reverendo Luiz Fernando
é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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