Para que serve o Diácono?
“Como o Filho do
homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em
resgate por muitos" (Mateus 20.28).
Vimos nas outras duas pastorais que há dois oficiais
na igreja que por disposição divina compartilham o governo e o pastorado da
igreja, o presbítero docente (pastor, um oficial especializado em ensinar e
pregar) e o presbítero regente (um membro nato da igreja eleito por ela para o
governo espiritual). Ambos compartilham e cooperam entre si, a seu modo, num
colegiado, o governo e o cuidado pastoral das ovelhas. Hoje trataremos de um
outro oficial igualmente imprescindível para a vida da comunidade de fé. Este
não participa efetivamente do pastoreio, do ensino e da disciplina da igreja,
mas coopera e possui autoridade para governar o povo de Deus com os
presbíteros. Participa ativamente do governo em forma de
socorro, assistência social, administração da justiça, administração dos bens
temporais da igreja e a manutenção da boa ordem, decoro e decência nas
dependências comuns da comunidade. Não são oficiais de uma categoria
inferior. Não há hierarquia na igreja reformada, em graus, como acontece na
igreja católica romana e na igreja anglicana, por exemplo. São oficiais que
possuem um chamado, uma ordenação e uma autoridade para o exercício de seu
ministério numa outra esfera. Suas prementes preocupações não são as do ensino,
da ministração da doutrina, de corrigir os erros doutrinários e vigiar e zelar
pela ortodoxia da igreja. Também não faz parte de suas ocupações habituais,
confrontar o pecado, admoestar, julgar, corrigir e disciplinar os faltosos, não
de maneira jurisdicional, como acontece no caso dos presbíteros. Dentre as mais
essenciais funções de um diácono, com base no livro de Atos dos Apóstolos
capítulo seis, é a proposição do evangelho em forma de socorro e cuidado dos pobres,
das viúvas, dos órfãos e andarilhos.
A apresentação da face social do Evangelho concretizada no atendimento das
necessidades humanas, materiais, básicas dos irmãos da igreja e também dos que
a ela se reportam com seus queixumes. É o exercício da misericórdia
combinada com o fazimento da justiça, de maneira generosa, transbordante e eficaz.
Cabe aos diáconos organizar a caridade e a justiça na igreja por meio de ações
concretas, planos de ação e condução de ministérios e organizações que captem
recursos, donativos, doações e voluntários para que não haja necessitados,
desassistidos e marginalizados, quer entre nós, quer ao nosso redor, na
sociedade onde estamos inseridos. Outra função preciosa que deve ser assumida
pelos diáconos é a administração dos recursos da igreja. Recursos para a
manutenção do templo, das dependências dedicadas ao ensino e a educação cristã
e o pagamento de funcionários e fornecedores. Os diáconos devem assumir o
controle, conservação, manutenção, reposição e aquisição de mobílias,
equipamentos, ferramentas, utensílios de cozinha, material de escritório e etc.
Essa atribuição é essencial para que os presbíteros, como pastores que são,
dediquem-se efetivamente ao pastorado, orando, ministrando a palavra, visitando
os lares, cuidando das ovelhas e fazendo avançar o Reino por meio do
crescimento sadio da igreja. Também a boa ordem, a paz e a tranquilidade do
recinto para o bom andamento do culto e das outras atividades é uma obrigação
dos diáconos. Para que pastores e ovelhas não tenham sua atenção comprometida
com os essenciais da palavra, no culto e no estudo, os diáconos, segundo o
turno de seus pares, devem atender e garantir que haja um ambiente propício
para a adoração e edificação. Claro, os diáconos, como cristãos que são,
maduros e frutuosos, também devem se ocupar da evangelização pessoal, do
discipulado e os que possuem dons naturais, do ensino na Escola Bíblica
Dominical, pequenos grupos e por aí vai. Visitar os pobres, consolar os
abatidos, encorajar os fracos e estimular os irmãos também são nobres ocupações
a que os diáconos podem e devem dedicar-se. Há mais no oficialato diaconal do
que ficar à porta, distribuir boletins, cuidar dos carros no estacionamento. Na
verdade, essas são funções para as quais a ordenação e a investidura não são
necessárias. Mas, as outras todas acima elencadas, são ações pelas quais o
exercício da autoridade em nome de Cristo, o diácono do Pai, são requeridas
para que os irmãos vivam no amor, pois como ensina o antiquíssimo hino “Ubi
caritas”, ‘onde o amor e a caridade Deus aí está’.
é Ministro da Igreja Presbiteriana Central de Itapira
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