A Igreja e a Era dos Pais
“E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens
fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”.(2 Timóteo 2.2).
A semana passada iniciamos uma série
de pastorais à luz do Livro a “História da Igreja” de Daniel-Rops da Academia
Francesa de Letras. Hoje vamos falar um pouco da ‘era’ dos Pais da Igreja. Na verdade, excetuando-se a ‘era’ apostólica, as
demais sempre trazem em si mesmas traços de outros tempos. Assim, o martírio,
grandes pastores e grandes teólogos, confessores da fé e etc. estão presentes,
graças a Deus, em quase todos os turnos desta duas vezes milenar história da
Igreja de Cristo em peregrinação rumo ao Reino definitivo. A ‘era’ dos Pais da
Igreja, é a era que marca a penetração e a solidificação do Evangelho nas
estruturas do vasto império romano e no caldeirão cultural do oriente médio.
Este período se inicia no apagar das luzes do século primeiro com Policarpo de
Esmirna e se encerra com a morte de João damasceno em meados do 7º século da
era Cristã, grosso modo. Alguns critérios são necessários para que alguém seja
arrolado como um Pai da Igreja: 1. Antiguidade: como já vimos, são
homens e mulheres que militaram na igreja até o século VII. 2.
Santidade de vida: Permaneceram na Igreja em meio a perseguições,
debates calorosos, insurgência de perniciosas heresias e de muitas outras
adversidades, mas conservaram sua alma em estado de progressiva santificação,
servindo suas vidas de exemplo a serem imitados no seguimento do Cordeiro. 3.
Ortodoxia: permaneceram fiéis na sã doutrina, apegados ao ensinamento
bíblico, combateram e rejeitaram as heresias. Eram amantes e defensores do
Evangelho puro e simples e pela pureza de usos e costumes na vida e disciplina
da Igreja. 4. Obras: seus escritos, seus sermões, sua teologia e organização litúrgica e eclesiástica,
bem como o padrão credal exposto e ensinado em forma de catequeses, são documentos
comprobatório de que foram relevantes para o “tradicionamento”, isto é, a
transmissão da fé, bem como o seu desenvolvimento dogmático, sistemático e a
colocação de marcos regulatórios, que
conservaram a genuinidade da fé cristã frente aos erros e as confusões dos
inimigos do cristianismo. Mormente estes homens (e não poucas mulheres) lidaram
com as mais perniciosas heresias: Docetismo, Modalismo, Patripassionismo,
Arianismo, Gnosticismo, Pelagianismo, Monofisismo e etc. apenas para citar as
mais conhecidas. Estas heresias eram erros e mentiras grosseiras contra o ser e
o caráter de Deus e de seu Filho. Ora propunham que o cristianismo era uma
religião de aparências e sem consistência histórica. Ora negavam a divindade ou
a humanidade de Cristo. Ora negavam a realidade do pecado ou a necessidade da
Graça e do sacrifício de Cristo. Estas heresias trouxeram grandes dissabores e
até sanguinolentas guerras para dentro da igreja. Perseguições, penas capitais,
desterros, famílias dilaceradas, e claro, muitos que apostaram de modo
definitivo pondo a perder também de maneira definitiva a sua alma no inferno.
Em sua grande maioria estes pais da Igreja: Policarpo, Inácio, Irineu, Basílio
de Cesaréia, Gregório de Nissa, Gregório de Nazianzo, João Crisóstomo,
Cipriano, Ambrósio, Agostinho, Hilário de Poiters, Cesário de Arles, Cirilo de
Alexandria, Clemente Romano e tantos outros, eram eminentíssimos pastores à frente de venerandas igrejas: Roma,
Alexandria, Antioquia, Jerusalém, Constantinopla, Milão e toda a África
Proconsular Romana, como Cartago e Hipona. Viviam o dia a dia de seus filhos
espirituais e conheciam as suas lutas. Eram homens de profunda erudição, de
oração e contemplação. Com fantástica capacidade para a reflexão, escrita,
pregação e ensino. Não viviam o divórcio entre Teologia e Púlpito tão
inconvenientemente presente em nossos dias. Eram homens profundos. Apesar de
militarem nas alturas da fé cristã, como homens de igreja que eram, resolviam
as questões mais pertinentes e centrais
para a paz e a harmonia da igreja pelo método conciliar. É assim que assistimos
os monumentais Concílios da Antiguidade: Nicéia: 20.05 a 25.06 de 325; Constantinopla:
maio a junho de 381; Éfeso: 22.06 a 17.07 de 431; Calcedônia: 08.10 a 01.11
de 451; Constantinopla II: 05.05 a 02.06 de 553; Constantinopla III: 07.11
de 680 a 16.09 de 681 e finalmente, no ocaso desta grande era: Nicéia:
24.09 a 23.10 de 787. Que coisas aprendemos desta gloriosa era da Igreja?
Voltemos todos ao amor e ao zelo pela beleza da sã doutrina sempre apegados às
Escrituras. Rejeitemos todo modismo doutrinal, litúrgico e moral quando não em
conformidade com o que a Bíblia ensina ou quando dela podemos inferir com segurança. Amemos a Igreja e sejamos
zelosos por sua pureza na vida, nos costumes na adoração. Oremos para que Deus
envie novamente Gigantes sobre a terra devastada da Igreja que nos guiem pelos
caminhos da verdade e da
paz.
Rev. Luiz Fernando - Pastor Mestre da IPCI
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