Uma Igreja
que respira cuidados (1)
“Os
sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos.” (Mt 9.12).
Fala-se muito hoje em igrejas saudáveis. Abunda a
literatura sobre o tema, não faltam “gurus” e sábios que apresentam projetos,
estratégias e planos mirabolantes para fazer a igreja crescer e desenvolver-se
de maneira rápida, extraordinária e sem mistérios. Não tenho nada contra o
tema, nem contra a literatura e seus autores, quando, evidentemente, sóbrios,
bíblicos, teológicos e cuja preocupação única é preservar e anunciar a glória
de Deus. Gosto muito da postura de Mark
Dever e sua obra, “Nove Marcas de uma
Igreja Saudável”, e admiro as concepções de Christian A. Shwarz e seu livro “O Crescimento Natural da Igreja”, para citar alguns. Todavia,
fala-se em igreja saudável porque o que encontramos via de regra, são igrejas
padecentes, enfermas, que respiram cuidados. Quais seriam os primeiros sintomas
de que uma Igreja está sendo acometida de algum mal que pode leva-la a perda de
suas forças e até mesmo chegar ao óbito? Seguindo de maneira resumida as
intuições de Mark Dever, presumo que sejam estes: 1. Quando a Igreja perde
o apreço pela pregação. Não qualquer pregação, mas pela pregação expositiva, a
Bíblia pela Bíblia. Quando a Igreja se encanta e se interessa por temas da
moda, da cultura contemporânea. Quando o púlpito se torna uma espécie de
noticiário em perspectiva cristã, dando a interpretação bíblica sobre fatos da
política ou de economia. Lógico, as Escrituras nos ensinam e nos estimulam para
que saibamos ler a história e os acontecimentos desde uma perspectiva da
criação – queda – redenção, isto é, sob a soberania de Deus. Mas, a pregação
bíblica é mais do que isso, é, numa
palavra, a promoção da Glória de Deus, é levar a Igreja a vislumbrar esta
gloria e majestade e deseja-la mais que a própria vida! A
pregação não pode ser resumida a um tipo de terapia reduzindo o pecado e o mal
em categorias “psicologizadas”. Tampouco
a pregação deve servir de
entretenimento, seja de interesse cultural e filosófico, seja com gracejos que
lembram muito mais um “Stand up”. 2.
Quando a Igreja perde a noção de quem Deus é. Isto significa que ela possui uma
teologia bíblica distorcida. Quando a Igreja não sabe exatamente e com
segurança o Deus a quem adora: Um Deus
criador, santo, fiel, amoroso e soberano. Este Deus tremendo não se
enquadra, não se submente, não se aprisiona em nossos esquemas religiosos. Não se deixa bajular, não suporta ser
questionado em sua autoridade, não aceita ser afrontado em sua santidade, não
deixa impune quem viola suas leis e mandamentos. Ao mesmo tempo em que é um
Deus todo amoroso que perdoa, ama e restaura os de corações contritos e
humildes que a ele se voltam humilhados sob o peso do pecado e clamam
misericórdia. Adoramos um Deus absolutamente fiel. Fiel a si mesmo, à sua
justiça e santidade. Mas, um Deus fiel e cumpridor de suas promessas, tanto as
promessas de galardão quanto as de julgamento e punição. Nosso Deus é soberano,
faz tudo quanto quer e preside a todos os acontecimentos encaminhando-os todos
para a sua própria glória e para o bem dos que o amam. Deus não pode ser
contrariado e não mudará de ideia sob qualquer ameaça, desprezo ou deserção
humana. Não se deixará comprar por votos e promessas e nem se intimidará com o
desprezo de seus “desafetos.” Permanecerá
o que sempre foi: DEUS! 3. Quando a igreja ignora o
Evangelho e a evangelização. A igreja
precisa sempre, de novo e de novo, ouvir o Evangelho. Não basta aquela
audição dos dias de nossa conversão. Temos a necessidade de sermos
evangelizados sempre e constantemente. O plano redentor, onde, quando e como
ele foi elaborado. Por quem e como ele foi executado e quais os seus efeitos em
nossa alma e tantas quantas são as suas promessas e advertências. Essas coisas
todas devem ser recorrentes para que a evangelização não seja prejudicada. A Evangelização não é uma tarefa para
especialistas. A Igreja que fica esperando que pastores, missionários,
presbíteros e etc. se ocupem da Evangelização nada ou pouco compreendeu do
Evangelho. A evangelização é uma tarefa simples, todo batizado está
comissionado a ela. Os oficiais devem se ocupar com o treinamento e a equipagem
dos santos, enquanto não se descuidam da evangelização. Mas, os membros, todos
os membros, uma vez que vão sendo subsidiados pela pregação, vão falando do
Evangelho nas filas dos bancos, mercados, ônibus, salas de esperas, vizinhos e
etc. Os discípulos como nos ensina os Atos dos Apóstolos, foram “tagarelando” as boas novas,
declarando os feitos do Pai e de Jesus o Filho amado por onde passavam. Tudo
isso, acompanhado de um alegre testemunho. A semana que vem continuamos o assunto.
Rev. Luiz Fernando - Pastor Mestre da IPCI
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