"As Marcas do nosso tempo"
“Filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e depravada na qual vocês brilham como estrela no universo...” (Fp 2. 15 b).
Vivemos uma “mudança de época” com profundas transformações. O mundo e a sociedade como conhecíamos até bem pouco tempo começa a desaparecer diante de nossos olhos. Um novo mundo começa a surgir cheio de desafios e de oportunidades. Estes novos tempos são desnorteadores numa primeira leitura, perdemos valores, referenciais e critérios. Vivemos sob a égide do relativismo, do laicismo militante contra a Igreja, da irracionalidade da mídia, do amoralismo generalizado. Somos dominados pelas leis do mercado, lucro, bens materiais, hedonismo, sucesso pessoal e individualismo. Ainda poderíamos citar a corrupção endêmica, a violência fora de controle, o narcotráfico, o emocionalismo e o sentimentalismo absurdos e por fim o utilitarismo. Este é o quadro de uma cultura pós-cristã. Estas são as marcas de um tempo que rejeita ou que não suporta o Evangelho uma vez que não aceita princípios sólidos. Que não tolera o Senhor Jesus Cristo, por que não acredita em verdade absoluta. Qualquer ideia que pretenda ser verdadeira está equivocada. Vivemos numa “cultura desconstrutivista”, que se dá o direito de fazer uma nova interpretação da vida, da sociedade, família, estética, prazer, indivíduo, religião, igreja e Deus. A família, por exemplo, não é mais entendida como homem, mulher e filhos. Agora as relações homo-afetiva estáveis também requisitaram o amparo da lei e da sociedade para a constituição da família. A estética degrada o belo, relativiza a bondade e está esvaziada de qualquer verdade. Não há uma verdade a ser comunicada, cada um infere a sua verdade, dá a sua interpretação. A religião foi banida definitivamente para o foro privado. Ostentar religião ou é modismo, ou é sandice, ou é negócio, ou é provocação. Seja como for, não é alguma coisa que deva ser proposta, testemunhada ou vivida abertamente para a sociedade. Deus, bom, para esta cultura não é de bom tom negá-lo, mas sim relegá-lo á insignificância ou a mais absoluta neutralidade. O individualismo dos nossos dias é superlativamente narcisista, os sentimentos e as emoções adquirem importância extraordinária e o prazer individual é a coisa mais importante da existência. Todavia, é exatamente neste quadro que residem as maiores oportunidades para a Igreja do Senhor Jesus Cristo. É na complexidade deste “nosso novo tempo” que somos chamados a dar uma resposta, uma esperança para o homem que anda cada vez mais infeliz, desorientado, fazendo as mais variadas experiências em busca do sentido de sua existência. Assim, a Igreja do Senhor Jesus Cristo precisa aprender a ler os sinais dos tempos, interpretá-los e buscar a direção de Deus para encetar as estratégias que melhor respondem a estas urgências missionárias dos nossos dias. O que temos a oferecer a um homem que busca ser feliz e que nem detecta a raiz da sua própria infelicidade? Algumas pistas: 1. Nossa satisfação em Deus, nossa indizível alegria com a sua santidade, o seu caráter, e as suas justas Leis e mandamentos; 2. Nossa plena segurança com a providência sábia do Senhor, nossa total dependência agradecida pelos seus cuidados paternais; 3. Nossa alegria pela imensa liberdade que sentimos no Evangelho para fazer o bem, para gozar das boas dádivas desta vida, nosso senso de responsabilidade e cuidado mútuos; 4. O sentimento de completude de nossa existência pelo amor que sentimos na família, na igreja, pelo caráter terapêutico de nossas relações sociais saudáveis pautadas pela ética, pelo respeito e pelo amor fraterno. 5. Nosso sentimento de realização pessoal quando nos sentimos úteis para a sociedade e o mundo como testemunhas do Evangelho. Quando as coisas que cremos determinam nossas opções e podemos contemplar que o que fazemos transforma e abençoa a existência de outros que nem sequer conhecemos; 6. Nossa indestrutível esperança seja em ver dias melhores aqui e agora, seja em ver dias de felicidade indefectível na eternidade. Como Igreja, somos vocacionados a sermos o sinal da nova humanidade, redimida e purificada pelo sangue do Cordeiro cujo estilo de vida já revela as marcas do Reino definitivo. A semana que vem vamos ver como adquirimos estes itens que devemos oferecer ao velho homem do novo tempo.
Reverendo Luiz Fernando
Pastor da IPCI
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