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sábado, 1 de julho de 2017

MENSAGEM PASTORAL

Paixão por Jesus
“Quem ama seu pai ou a sua mãe mais do que a mim não é digno de mim” (Mt 10.37).

A história da Igreja cristã foi em grande parte escrita em meio a dores, violências e com a cor do sangue de seus filhos. Não poucas vezes, outros de seus filhos, tomados de sentimentos nada cristãos ou ignorando a essência mesma do Evangelho, foram culpados das mesmas dores, violências e sangue de seus irmãos ou dos de fora.  Mas, há uma pergunta que deve ser feita. O que fez com que a igreja cristã sobrevivesse aos seus algozes de dentro e de fora e ao mesmo tempo, não sucumbisse às próprias misérias? Claro, que a presença de Jesus Cristo nela por meio de seu Espírito a preservou, puniu, corrigiu e restaurou de muitas maneiras ao longo dos séculos. Contudo, o que no coração e na mente dos cristãos os levou a viver com radicalidade tal o seu chamado, que a própria vida, bens, afetos e laços de sangue fossem em dado momento relativizados (nunca desprezados ou reputados a coisas ruins em si mesmas)? A resposta é uma só: A Paixão por Jesus Cristo. Foi o intenso amor que sentiam pelo mestre Jesus que os fez desejá-lo sempre e cada vez mais, de tal maneira, que estavam dispostos a sacrificar qualquer coisa, ainda que de muito valor, para jamais serem privados de Jesus. O amor a Jesus atraiu milhares de homens, mulheres e crianças para as arenas romanas para serem martirizados. Povos bárbaros e antigas culturas orientais massacraram outros tantos milhares de discípulos de Cristo. E, esse amor era de tal maneira patente e latente nos cristãos que muitos desses cruéis perseguidores foram levados a Cristo enquanto levavam os cristãos à morte. E assim, um a um, Romanos, Godos, Visigodos, Saxões, Germânicos, Escandinávos, Bretões, na medida em que feriam o corpo de Cristo, vivente misticamente em seus discípulos, o amor que fluía deste corpo curava a cegueira e a ignorância dos povos. Dando um salto na história, podemos falar a mesma coisa da Reforma, dos Puritanos, dos Pais Peregrinos, das Missões Modernas com Carey e os que vieram na esteira dele. Em todos os casos a paixão por Jesus Cristo fez com que os discípulos fossem muito mais longe, fossem mais corajosos, realizassem obras tais, que humanamente nem eles e nem nós saberíamos responder como isso teria sido possível. A Igreja contemporânea talvez seja uma grande admiradora de Jesus. Até lhe seja agradecida. Os Cristãos estão, de certa maneira, satisfeitos e confortáveis com Jesus em suas vidas. Entretanto, vivemos dias de muita gritaria nos cultos, muita pirotecnia nas liturgias, e muitas tentativas de tornar a mensagem culturalmente contextualizada nos mais diversos nichos. Ao mesmo tempo, assistimos todos os dias uma onda crescente de ‘desigrejados’, gente que não é capaz de sofrer aborrecimentos e nem está disposta a carregar os fardos uns dos outros. Todo dia encontramos irmãos, que se dizem irmãos, ameaçando deixar a igreja, abandonar o seu ofício ou ministério, só porque sentiu-se diminuído, não valorizado, contrariado em suas opiniões. Quanta gente tentando experimentar de tudo e não encontrando sentido em lugar algum. A pequena e até ingênua lista apresentada aqui é apenas sintomática. A enfermidade é justamente a abundância e amor por si mesmo e pouco ou nenhum amor por Jesus. Pelo menos não um amor apaixonado. Um amor que nos constranja, nos sufoque, nos desinstale de nosso comodismo aburguesado e de nossa visão superficial da vida. A Igreja contemporânea necessita urgentemente aprender de sua história, a começar pela paixão apostólica de um Tiago serrado ao meio, de um Estevão apedrejado, de um Pedro Crucificado de ponta-cabeça ou de Paulo decapitado. Todos discípulos apaixonados. E o que falar dos discípulos a quem Pedro escreveu ou os destinatários da carta aos Hebreus?  Homens e mulheres de quem foram confiscados bens, dinheiro, casas, chefes de família que perderam o posto de trabalho e de repente foram achados à margem da sociedade e tudo por seu amor apaixonado a Jesus Cristo. Quando comparado nosso amor tem sido barato demais, poroso demais, frio demais e covarde demais. Queira o Senhor visitar-nos com seu amor e levar-nos como Igreja e como cristãos a uma vida de radical paixão por Jesus Cristo, que nos amou por primeiro.
Reverendo Luiz Fernando 
é Ministro da Palavra na Igreja Presbiteriana Central de Itapira

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