Avivamento e Evangelização
"Quando comecei a falar, o Espírito
Santo desceu sobre eles como sobre nós no princípio” (Atos 11.15)
Volta e meia escuto alguém
dizer o seguinte: ‘os irmãos fulano e cicrano estão a frequentando a Igreja tal
porque lá é uma igreja mais avivada’. Confesso que custo a acreditar que esta
afirmação corresponda ao que as Escrituras e a história apresentam como sendo
uma igreja avivada, despertada e entusiasmada pela presença e obra do Espírito
Santo. Acredito sim que aquela Igreja possa ser mais espontânea, mais informal,
mais humana até. Creio que a necessidade de sentir algo para provar e sustentar
a própria existência e identidade do grupo leva a expedientes extravagantes e
provocam certa euforia. Não estou aqui acusando ou recriminando, estou apenas
considerando o que escuto e vejo por aí usando e abusando dos conceitos “avivado,
avivamento e despertamento” e comparando com o que aprendo da Bíblia, da
Teologia e da Tradição Viva da Igreja de Cristo sobre a terra e no caminhar da
história. Uma Igreja avivada, de maneira geral, é uma igreja que experimenta
uma profunda convicção de pecado. Que experimenta e condói-se por seus pecados,
por sua indiferença espiritual, por seu desinteresse “nas coisas espirituais” é
uma igreja que se acusa diante de Deus em lágrimas por ter esfriado o seu amor
por ter-se acostumado ao formalismo da religião. Onde há o verdadeiro avivamento num primeiro
momento há mais pranto, choro, gemido, humilhação, boca no pó e confissão
amarga de pecados do que qualquer outra coisa. Não há alegria fácil,
descomprometida, aleatória e induzida no avivamento. É uma alegria que nasce da
cruz, do calvário, do aspergir do sangue precioso de Cristo levando-nos após o
quebrantamento e sentir, experimentar e considerar atentamente o perdão de Deus
em Cristo. Uma Igreja avivada é uma igreja que valoriza, exalta, dá a maior
atenção ao preço do perdão, às exigências que nascem desta condição de
reconciliado e perdoado: uma vida de santificação. Não há que se falar de
avivamento onde não há compromisso com Cristo, de quem recebemos
vida e graça. Avivamento e santidade, em certo sentido, são termos intercambiáveis.
No avivamento a igreja e o crente são levados a extasiar-se com a beleza da
santidade de Deus, a considerar, contemplar, gozar e amar as excelências de
Cristo. O crente e a igreja tomam consciência do Espírito Santo habitando e
operando dando um santo comando às faculdades humanas inclinando-as para o
deleite, interesse e apropriação dos bens espirituais, das verdades do
Evangelho e da justiça do reino. Onde o avivamento está em ação o cristão e
a igreja busca crescer no conhecimento objetivo de Deus e de seu plano de
salvação. No avivamento a igreja privilegia o estudo das Sagradas Escrituras,
tem apreço pelas doutrinas da Graça, aplica-se em estudar Teologia e deseja que
lhe seja ministrada sermões expositivos, doutrinários, morais e práticos em
detrimento a mensagens que só fazem massagear o já doentio e inflamado ego humano.
Uma igreja avivada terá uma adoração vibrante e contagiante. Uma
adoração emotiva, porém uma adoração racional que nos leve a cantar as
Escrituras e a gostar de composições cujas letras descrevem as maravilhas do
caráter de Deus, as perfeições de Cristo e seus ofícios, a missão e a natureza
do Espírito Santo e não exalte simplesmente os desejos, carências e vaidades
humanas. Esta adoração, numa igreja avivada, constrange e envia o
cristão em Missão e sustenta o seu compromisso com a Evangelização. No
avivamento nasce ou revive uma consciência de urgência quanto ao estado dos
homens e mulheres do mundo, de nossa cidade, bairro, rua e família, alheios à
vida de Deus e, consequentemente, debaixo de sua Ira. No avivamento temos
pressa, tomamos consciência que o tempo urge e de que “Jesus está às portas”,
de que os campos branquejam e que devemos nos apressar para a colheita. Aliás,
semeadura e colheita são coisas concomitantes e sérias em dias de avivamento.
Não podemos produzir esta intervenção maravilhosa de Deus no curso de nossa
história. Avivamento não é uma obra da Igreja, de um ministério ou pastor. O
Avivamento é uma missão pessoal e intransferível do Espírito Santo. Mas,
podemos pedir, podemos desejar, podemos nos humilhar, podemos como que preparar
os caminhos e podemos depois colher os frutos. Em 2015 não desistamos,
vamos buscar, vamos pedir, vamos desejar que nossas almas sejam avivadas e
nossa igreja experimente um tempo forte de graças e maravilhas.
Rev. Luiz Fernando Dos
Santos
É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira
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