A Missão dos Pais
“Como um pai tem compaixão de
seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem” (Salmos 103.13).
Estamos no mês dedicado às missões na Igreja
Presbiteriana do Brasil. O mês de agosto foi escolhido para homenagear a
chegada ao Brasil do primeiro Presbiteriano missionário, o americano Rev.
Ashbel Green Simonton em 12 de agosto de 1859. Sempre falamos em Missões em
termos teológicos, missiológicos, pastorais e etc. Mas, precisamos entender as
Missões também em termos de mordomia, ou seja, da administração dos dons de
Deus em nossas vidas, bem como da vocação específica a que fomos chamados. Um
desses dons e uma dessas vocações é a paternidade. Ser pai é uma missão
essencial, insubstituível, imprescindível para a sociedade em geral e para a
Igreja e o Reino em particular. Alguns psicólogos dizem que a origem de muitas
decepções que os homens têm em relação a Deus vem de suas experiências
traumáticas com o seu pai humano. Pode ser, mas essa não é toda a verdade e nem
sei se é verdade de alguma forma. Na verdade, a experiência com a paternidade
humana não dever ser projetada para caracterizar como Deus cuida, ama, protege,
educa e disciplina seus filhos. O contrário que é verdadeiro, os pais humanos é
que devem projetar e aplicar em sua missão o padrão paterno de Deus. Qualquer
atitude de um homem para com o seu filho que não expresse o caráter santo,
justo, bondoso e amoroso de Deus Pai é apenas um arremedo, uma caricatura da
paternidade. A paternidade e tudo que a envolve tem sua origem em Deus,
a autoridade, por exemplo, é delegada por Ele e só faz sentido se exercida em
seu nome e sob os ditames de sua Lei, de sua vontade, e de seus propósitos
amorosos. Um pai autoritário que não se abre ao diálogo, que não
reconhece a singularidade e a individualidade do filho, que não tolera as limitações
e que só faz exigências não faz jus á paternidade divina. Nas Escrituras
encontramos um Deus que,
conquanto não abra mão de sua autoridade e não permita ser contrariado em sua Lei e Vontade, o faz
sempre movido por amor e visando o bem de seus filhos. A Bíblia apresenta um
Deus misericordioso, lento na ira, cheio de compaixão que conhece a nossa
fragilidade: “Contudo, Senhor, tu és o
nosso Pai. Nós somos o barro; tu és o oleiro. Todos nós somos obra das tuas
mãos” (Is 64.8). Um pai que não proteja, cuide, se interesse, e invista no
pleno desenvolvimento e formação do caráter do seu filho não está exercendo a sua
missão nos moldes do Deus que a Bíblia revela como Pai. As Escrituras
testemunham um Deus Protetor: “Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza,
auxílio sempre presente na adversidade” (Sl 46.1); Cuidador: “Lancem sobre ele
toda a sua ansiedade, porque ele tem cuidado de vocês” (1 Pe 5.7); Se interessa e investe: “Andarei entre vocês e serei o seu Deus, e
vocês serão o meu povo” (Lv 26.12) e ainda: “Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua
repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem
aceita como filho". Suportem as dificuldades, recebendo-as como
disciplina; Deus os trata como filhos. Pois, qual o filho que não é
disciplinado por seu pai? Se vocês não são disciplinados, e a disciplina é para
todos os filhos, então vocês não são filhos legítimos, mas sim ilegítimos. Além
disso, tínhamos pais humanos que nos disciplinavam, e nós os respeitávamos.
Quanto mais devemos submeter-nos ao Pai dos espíritos, para assim vivermos!
Nossos pais nos disciplinavam por curto período, segundo lhes parecia melhor;
mas Deus nos disciplina para o nosso bem, para que participemos da sua
santidade. Nenhuma disciplina parece ser motivo de alegria no momento, mas sim
de tristeza. Mais tarde, porém, produz fruto de justiça e paz para aqueles que
por ela foram exercitados” (Hb 12.5-11). Há mais uma característica da
missão do pai que eu gostaria de compartilhar aqui. A missão de ser exemplo,
padrão. Não bastam os códigos, os discursos, “os sermões”. Os pais exercem melhor a sua
missão e fazem mais justiça à paternidade recebida de Deus, quando se esforçam
para serem eles mesmos os melhores exemplos de humanidade, cidadania, ética,
piedade e santidade. Deus não apenas estabeleceu leis e ordenanças, Ele
mesmo é nosso exemplo e padrão. Seu filho Jesus é a tradução humana deste
padrão. Deixe que seu Filho (a) veja em você pai a imagem refletida do Pai
Celeste mais por seus gestos e comportamentos do que por palavras. Feliz Missão
e Feliz dia dos pais.
Rev. Luiz Fernando
É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira
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