É preciso guardar a Língua
“Nenhuma palavra torpe saia da boca de
vocês, mas apenas a que for útil para edificar os outros, conforme a
necessidade, para que conceda graça aos que a ouvem” (Efésios 4.29).
O
verbete ‘língua’ ocorre 147 vezes em toda a Bíblia. 112 vezes no Antigo
Testamento e 35 no Novo. O verbete diz respeito a idioma, órgão responsável
pela fala e pelo paladar e também possui conotação moral. É exatamente esta
conotação moral o objeto do meu interesse nesta pastoral. Assim como devemos guardar o
nosso coração, devemos com igual zelo guardar a nossa língua. É
justamente ela que na maioria das vezes revela inclusive o que está em nosso
coração: “pois a boca fala do que está
cheio o coração” (Mt 12.34). A língua é um dos dramas da humanidade em
todos os aspectos. Mesmo as guerras dificilmente tem início com soldados e
armas. Geralmente, alguém em algum lugar fala, discursa, diz algo desmedido,
inapropriado, cruel e irresponsavelmente. As tensões vividas por famílias, nos
relacionamentos sociais e na igreja, invariavelmente aumentam e saem do
controle pelo ‘mau uso’ da língua. Quantos relacionamentos amorosos,
quantas amizades, quantos ministérios , quantas igrejas sucumbem sob o poder
devastador da língua, das palavras malditas e dos comentários impiedosos.
Precisamos aprender a disciplina e a arte de guardar, tomar conta, vigiar e
subjugar a língua, pois: “Meus irmãos,
não sejam muitos de vocês mestres, pois vocês sabem que nós, os que ensinamos,
seremos julgados com maior rigor. Todos tropeçamos de muitas maneiras. Se
alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de
dominar todo o seu corpo. Quando colocamos freios na boca dos cavalos para que
eles nos obedeçam, podemos controlar o animal todo. Tomem também como exemplo
os navios; embora sejam tão grandes e impelidos por fortes ventos, são
dirigidos por um leme muito pequeno, conforme a vontade do piloto. Semelhantemente, a língua é um pequeno
órgão do corpo, mas se vangloria de grandes coisas. Vejam como um grande bosque é incendiado por uma
simples fagulha. Assim também, a língua é um fogo; é um mundo de iniquidade. Colocada entre os membros do nosso corpo, contamina a pessoa por inteiro, incendeia todo o curso de
sua vida, sendo ela mesma incendiada pelo inferno. Toda espécie de animais,
aves, répteis e criaturas do mar doma-se e é domada pela espécie humana; a língua, porém, ninguém consegue domar. É
um mal incontrolável, cheio de veneno mortífero. Com a língua bendizemos ao
Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. Da
mesma boca procedem bênção e maldição. Meus irmãos, não pode ser assim! Acaso
pode sair água doce e água amarga da mesma fonte?”(Tiago 3.1-11). É, o
apóstolo Tiago tem razão, “meus irmãos,
não pode ser assim!”, algo precisa ser feito, aliás, precisamos fazer algo
para acabar com este mal. Penso que há algumas coisas que podemos colocar em
prática:1. “O falar amável é
árvore de vida, mas o falar enganoso esmaga o espírito” (Pv 15.4). Seja
intencionalmente sincero quando abrir a boca. Escolha palavras amáveis. Não
bajule nem deprecie. Seja amorosamente verdadeiro. 2. “Senhor, livra-me dos lábios mentirosos e da língua traiçoeira!”(Sl
120.2), lute com Deus em oração. Seja específico, peça a Deus que intervenha em
sua vida e te dê tal livramento. O esforço humano por si só é inútil. Temos um
problema moral com a língua e a solução só virá com o auxílio da Graça. 3.
“meus lábios não falarão maldade, e minha
língua não proferirá nada que seja falso” (Jó 27:4), seja resoluto.
Decida-se, comprometa-se com a verdade, com a sinceridade, a justiça e a
bondade. Comprometa-se com o padrão moral de Deus apreendido nas Escrituras. 4.
“Minha língua proclamará a tua justiça e
o teu louvor o dia inteiro” (Sl 35.28), habitue-se ao louvor. Dê “trabalho”, ocupação à sua língua. Acostume-se a
cantar, louvar, engrandecer a Deus e assim você treinará a sua língua na
bendição. Claro, Deus ama a sinceridade do coração. A Língua apenas faz jorrar
o que contém as fontes do nosso coração. Mas, muito de nossa vida tem a ver com
hábitos adquiridos, então, acostume-se a bendizer! 5. “O seu falar seja sempre agradável e temperado com sal, para que saibam
como responder a cada um” (Cl
4.6), tempere a sua língua com o sal das Escrituras. O sal é um componente
importante da Aliança. Era requerido e prescrito nos sacrifícios do Antigo
Testamento: “Tempere com sal todas as
suas ofertas de cereal. Não exclua de suas ofertas de cereal o sal da aliança
do seu Deus; acrescente sal a todas as suas ofertas” (Lv 2.13). O
simbolismo do sal nas Escrituras é enorme, dentre eles está o seu poder de ser
um conservante, um agente que impede a putrefação. Tempere a sua Língua com o
sal da Palavra de Deus cujo coração deve ser sempre abastecido. Não permita que
a sua língua comunique a podridão e espalhe a putrefação. Além disso, o sal
retém a água, condição e símbolo da vida. Que as sua palavras comuniquem vida,
graça. Que sua língua seja instrumento de bênção e bendição: “Quem é cuidadoso no que fala evita muito
sofrimento”(Pr 21.23).
Rev. Luiz Fernando
É Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em Itapira
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