Nossa Herança
Presbiteriana
“Portanto,
vocês já não são estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e
membros da família de Deus” (Efésios 2.19).
A Igreja Presbiteriana é uma Igreja histórica, com
profundas raízes em acontecimentos registrados, comprovados, atestados e até
passíveis de releituras e reinterpretações, mas históricos! Ela não nasceu ou
surgiu do sonho ou visão de algum líder ou homem carismático. É fruto sim do
trabalho do Espírito Santo unido à Palavra de Deus “redescoberta” no século
XVI. Deus serviu-se de instrumentos humanos,
institucionais e culturais para promover e estabelecer uma nova ordem no mundo,
inclusive tendo a reforma da Igreja como uma das “molas mestras” desta nova
ordem. E, a afirmação disso é Bíblica: “Ele
muda as épocas e as estações; destrona reis e os estabelece. Dá sabedoria aos
sábios e conhecimento aos que sabem discernir” (Dn 2.21), Deus é o Senhor
soberano da história, conduz, provê os meios e preside cada acontecimento.
Biblicamente falando as raízes da Igreja Presbiteriana como povo autoconsciente
de sua eleição se fundamenta nas promessas de Deus em nas Escrituras: "Farei de você um grande povo, e o
abençoarei. Tornarei famoso o seu nome, e você será uma bênção. Abençoarei os
que o abençoarem, e amaldiçoarei os que o amaldiçoarem; e por meio de você
todos os povos da terra serão abençoados" (Gn 12.2-3). Como povo
comprado e pactuado no sangue de Cristo, ela se identifica com o pacto da
última Ceia: “Tomando o pão, deu graças,
partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Isto é o meu corpo dado em favor de
vocês; façam isto em memória de mim. Da mesma forma, depois da ceia, tomou o
cálice, dizendo: Este cálice é a nova
aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês” (Lc 22.19-20).
De lá pra cá, nos consideramos dentro de um processo histórico de “continuidade
e descontinuidade”. Ou seja, somos herdeiros dos primeiros mártires que regaram
o solo fértil do Evangelho com a fidelidade de seu sangue: “O sangue dos mártires é semente de novos
cristãos”, afirmaria mais tarde
Tertuliano, teólogo da Igreja Antiga. Nos sentimos devedores aos santos
pastores que reunidos em Concílios na antiguidade cristã se esforçaram com as
armas da palavra e da erudição para precisarem a nossa fé em termos inequívocos
e refutando as heresias. Agradecemos a Deus pelos doutores da Idade média que
sensíveis aos sinais do tempo elaboraram as
suas “Summas” de Teologia e Filosofia a fim de que o patrimônio dos pais
não se perdessem. Contudo, a pecaminosidade humana, a ambição desmedida, uma
espécie de ‘entre safra’ de grandes luminares do cristianismo, a entrada
massiva de povos não convertidos, levou a Igreja a um estado lastimável. Deus, fiel à sua amada noiva, a Igreja,
levantou homens e os conduziu ao retorno daquele cristianismo mais bíblico,
fervoroso, descomplicado, reverente e com as marcas dos santos em vida e não
daqueles proclamados depois de sua partida. Foi assim, que nas asas da
Renascença e sob o vento do Espírito Santo, a partir de 31 de outubro de 1517
se inicia a etapa da história onde surgiria as raízes mais próximas da Igreja
Presbiteriana. Com Martinho Lutero, mas sobretudo com João Calvino em Genebra e
os Puritanos na Inglaterra e nos nascentes Estados Unidos da América, na baía
de Massachussets, o presbiterianismo, como uma das formas da ala Reformada e
Protestante da Igreja se firmou e evoluiu. Todavia, o presbiterianismo,
sobretudo o de influência Puritana a que é mais próxima à igreja Presbiteriana
do Brasil e da Central de Itapira, não é
apenas uma religião não católica romana e evangélica. O Presbiterianismo é uma
cosmovisão, isto é, um sistema de valores com os quais entendemos o mundo e a
nossa participação nele. Os presbiterianos, desde ás suas origens entendem
que seu serviço a Deus passa necessariamente pelo trabalho honesto com
retribuitivas sociais, ou hipotecas sociais, isto é, todo dom ou talento traz
consigo um ônus social. As vocações dadas por Deus aos homens, negócios,
educação, medicina, agricultura e etc. são na verdade, meios para construir e
abençoar a vida em sociedade. Os presbiterianos entendem também, que depois do
Ministério Pastoral, isto é, a exposição, explicação e aplicação competente das
Escrituras, a política é a mais necessária ocupação dos homens. A Política, segundo a tradição puritana
presbiteriana, é um meio de estender o reinado de Deus. Não se trata de
defender interesses denominacionais ou privilegiar impérios ministeriais,
distorções diabólicas dos mandatos cultural e social ainda antes da Queda.
Mas o meio para defender a justiça, a equidade, a punição do mal, o afastamento
dos corruptos e a devolução do extraviado. Para nós presbiterianos, a cidadania
nos céus nos constrange a viver com interesse e responsabilidade a nossa
cidadania terrena. Ser Presbiteriano é enxergar o mundo com os óculos de Deus!
Rev. Luiz
Fernando - Ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil em
Itapira
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