Si Vis Pacem Para Bellum
“A
paz esteja convosco!” (Jo 20.19).
A expressão latina do título
talvez cunhada por Publius Favious Vegetius Renatus, quer dizer algo mais ou
menos assim: “Se queres a paz, faça a
guerra” ou, “a paz pela força.”
Esta sentença parece ter convencido os homens desde sempre. Pois, a história da
humanidade é uma história repleta de guerras: guerras púnicas, dos Cem Anos, 1ª
e 2ª Mundiais, Guerra Fria, dos Seis
Dias, do Golfo, da Bósnia, de Moçambique, de Angola, das Malvinas e agora da
Síria, apenas para citar as mais frescas em nosso inconsciente coletivo. Isto
sem mencionar os conflitos sem fim do norte da África e até bem pouco tempo
entre Irlandeses protestantes e católicos, quem com cerca de 40, anos não se
acostumou a ouvir nos noticiários os atentados do IRA? E sempre que estas
tensões bélicas atingem níveis mais sérios, com envolvimento de potências
militares antagônicas, fica difícil não perguntar: O que realmente está em
jogo? Em nome de quem ou de quê realmente estão indo à guerra? São causas nobres
como a democracia ou humanitárias? Existe mesmo um inimigo número um da
humanidade de quem todos nós devemos nos precaver? De fato, do posto que ocupo
como um simples pastor e ministro da Palavra em uma Igreja local escondida numa
cidade do interior do Estado de São Paulo, seguramente eu não sou a pessoa mais
indicada e qualificada para responder a estas questões. Mas, uma coisa eu sei. Sei onde
nascem as guerras, as contendas, os conflitos, o genocídio e toda horrenda
realidade da guerra: Nasce no coração depravado e degenerado do homem.
As guerras não começam
porque um soldado decidiu ir à guerra por conta própria. As guerras não começam
com o primeiro tiro, ou primeiro envio de míssil E quando acontece de um louco
ou um bando de celerados cometerem um ato tresloucado vitimando inocentes logo
o incidente é tratado por vias diplomáticas e a busca por justiça se limita
sobre os culpados pelo episódio sem maiores consequências. Entretanto,
as guerras são gestadas lentamente no caldo de cultura da arrogância, da
cobiça, do amor desmedido pelo dinheiro e pelo poder, na desobediência as Leis
de Deus, no uso infame e político da força da religião, como facilmente
acontece com o islã, por exemplo. O fato de alguém aderir ao islamismo
não faz dele um terrorista, um homem bomba em potencial. Nem mesmo o islã prega
tal coisa. Mas, facilmente pode-se esconder e manipular a religião para fins
muito mais perigosos do que se imaginam. As cruzadas da idade média, ou a
inquisição, quer católica quer protestante, neste caso contra as "bruxas”,
por vezes se mostrou tão irracional como a Al Qaeda.
As Sagradas Escrituras fazem o mais perfeito diagnóstico sobre a origem
das guerras e a causa da sua perpetuidade entre nós, não obstante o
avanço das sociedades, as conquistas tecnológicas e a multissecular experiência
humana: “Pois do coração saem os maus
pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos,
os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt 15.19). É das coisas entulhadas em
seu coração que o homem perpetra as suas ações: “O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e
o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca
fala do que está cheio o coração" (Lc 6.45). É do desiquilíbrio
estrutural do coração que o homem projeta seus atos de maior barbárie: “De onde vêm as guerras e contendas
que há entre vocês? Não vêm das paixões que guerreiam dentro de vocês?” (Tg
4.1). Sendo assim, o quê como cristãos podemos e devemos fazer em relação a
toda onda de violência que parece varrer o globo terrestre, desde a herança da
primavera Árabe, a expectativa de intervenção militar americana na já trágica
guerra síria e os nem sempre pacíficos protestos no Brasil? 1.
Assumir a guerra como parte de nossas inquietações. A Igreja não é uma redoma
de vidro que nos separa das vicissitudes da humanidade. Não podemos nos deixar
manipular, mas ficar alienados não é menos ruim. 2. Interceder, orar fervorosamente
por tempos de paz (1Tm 2.1,2). 3. Anunciar o Evangelho do Príncipe da Paz a
todo homem e ao homem todo. 4. Testemunhar que a paz só é
possível com ações que promovam a justiça, a solidariedade e a equidade. 5.
Empenhar-nos por causas e organizações que promovam a tolerância, o respeito a
diversidade e o diálogo respeitoso com os opositores de nossas convicções. 6.
Empenharmos
deliberadamente na guerra. Fazer guerra ao nosso coração, à nossa
ganância, à depravação do nosso coração pessoal. Para isso o único caminho é o
da cruz. Nela toda ação violenta encontra termo e perde o seu sentido. Crucifiquemos
nosso coração e a paz correrá como um rio.
Rev. Luiz Fernando- Pastor da IPCI
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