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terça-feira, 10 de setembro de 2013

MENSAGEM PASTORAL


O mérito de nada merecer
“Que darei ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?” (Sl 116.12,13).

A vida cristã supõe a crença em paradoxos. Não obstante a clareza das Escrituras, sua simplicidade e a naturalidade com que ela nos comunica os conhecimentos essenciais sobre Deus, a criação, o homem, o pecado, a redenção e etc., a fé cristã repousa tranquila e confortavelmente sobre paradoxos inexplicáveis, verdades que escapam por completo à lógica humana, verdades que só se harmonizam na mente santa e sapientíssima de Deus. E por que só se harmonizam lá? Pelo fato de que Deus não só é infinitamente mais sábio e inteligente que os homens. E sim porque sua sabedoria e sua inteligência são de outra natureza: divina, santa, indefectível, essencial, transcendental, puríssima, inerente ao seu ser, não adquirida, mas produzida nele mesmo. Deus não conhece a partir da experiência. Assim, quando vamos às Escrituras somos apresentados a um Deus que salva graciosamente, mas que espera uma resposta do homem. Vemos um Deus que oferta o Evangelho, que não o impõe, mas que determina que todos creiam. Que convida o pecador à conversão, sem forçar-lhe à vontade, mas que exige arrependimento. Que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade, conquanto salve apenas os que quer e quantos quer. Por isso mesmo o grande mérito do cristão é não possuir mérito algum. Será salvo por uma eleição graciosa sem base em justiça pessoal, sem que haja crédito junto a Deus. Entretanto se a entrada no Reino não é uma meritocracia lá existem níveis de felicidade, são os galardões distribuídos por Deus àqueles que em Cristo, durante o curso desta vida, uma vez salvos, progrediram na vida cristã não sem esforço, sem sacrifícios. Nossos méritos pessoais não são suficientes para colocar-nos no Reino, entretanto, não são desprezados por Deus uma vez que fomos alcançados pelo Evangelho. Deus escolheu-nos para as boas obras: “Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais antes para nós as praticarmos”( Ef 2.10). Ele deseja que nos empenhemos na prática destas boas obras: “Fiel é esta palavra, e quero que você afirme categoricamente essas coisas, para que os que creem em Deus se empenhem na prática de boas obras. Tais coisas são excelentes e úteis aos homens” (Tt 3.8), e que por elas supramos as deficiências dos outros: “Quanto aos nossos, que aprendam a dedicar-se à prática de boas obras, a fim de que supram as necessidades diárias e não sejam improdutivos” (Tt 3.14). Se nossas boas obras não nos creditam para a vida eterna, contudo elas não são neutras. Elas levam outros a reconhecerem a glória de Deus Pai: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5. 16). Dão a evidência de que fomos de fato, escolhidos por Deus: “Vocês não me escolheram, mas eu os escolhi para irem e darem fruto, fruto que permaneça, a fim de que o Pai lhes conceda o que pedirem em meu nome” (Jo 15.16) e evidenciam a genuinidade de nossa fé: “Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta. Mas alguém dirá: ‘Você tem fé; eu tenho obras’. Mostre-me a sua fé sem obras, e eu lhe mostrarei a minha fé pelas obras” (Tg 2.17,18). Desde logo percebemos que a nossa obrigação em andar em boas obras não é uma condição para sermos salvos, antes, a sua evidência. As boas obras são o resultado da salvação e não sua exigência. Contudo as boas obras constituem um meio de graça eficiente e à disposição do cristão para crescer em santificação, amor, fraternidade, humanidade. As boas obras são parte de nossa adoração, é como glorificamos a Deus em nossa vida concreta, em nossos relacionamentos. Por isso quando praticarmos o bem repitamos com o Evangelho: “Assim também vocês, quando tiverem feito tudo o que lhes for ordenado, devem dizer: ‘Somos servos inúteis’; apenas cumprimos o nosso dever”     (Lc 17.10) e ainda:  “quem se gloriar, glorie-se no Senhor, pois não é aprovado quem a si mesmo se recomenda, mas aquele a quem o Senhor recomenda” (2 Co 10.17). No mês dedicado ao aniversário do Instituto Samaritano de Proteção Social seria bom que individualmente e como igreja nos interrogássemos: como tem sido a nossa efetiva produção de boas obras? Você precisa mais do Samaritano do que ele precisa de você. Mas, sua fruição em boas obras lá nos abençoaria a todos. Pense nisso, ore por isso.

Reverendo Luiz Fernando
Pastor da IPCI

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